Opinião Quinta-Feira, 28 de Agosto de 2014, 08h:04 | Atualizado:

Quinta-Feira, 28 de Agosto de 2014, 08h:04 | Atualizado:

Roberto Boaventura

Olhar dos simplórios

 

Roberto Boaventura

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Em meu artigo anterior – “Brown para Dilma” – tratei de uma tendenciosa peça de propaganda do TSE, mais especificamente daquela em que Carlinhos Brown apresenta-se como brasileiro, mandando um beijo para todos nós. 

Analisando as referências discursivas contidas na referida peça, tudo devidamente contextualizado, afirmei que a figura de Brown, desde a Copa de Futebol 2014, por conta das inúteis caxirolas que criara, ficou colada à imagem de Dilma, na condição de governo federal, e do PT. 

Claro que essa propaganda pode até não ter o efeito desejado; e parece que não terá mesmo. Todavia, ela sequer deveria ter existido. Até onde acompanho, foi o primeiro deslize do TSE, hoje, presidido por um ex-assessor jurídico petista. 

Esse registro que aponto é grave para a democracia brasileira. Na essência, minha leitura pode e deve ser vista como uma denúncia pública contra o TSE, responsável pela veiculação da peça. 

Em resumo, foi o que eu disse; e disse na condição de cidadão que reúne credenciais acadêmicas suficientes para ler (também) uma propaganda. Logo, achei-me na obrigação de compartilhar com meus compatriotas esse risco. Calar-se diante desse episódio – por ora, isolado – pode abrir espaços para novas investidas. 

Em contrapartida, achei curiosa a interação dos (e)leitores de alguns veículos em que meu texto foi publicado. 

De um lado, um conjunto de (e)leitores em conformidade com minha leitura. De outro, aqueles que se opuseram à minha denúncia. 

E é aos oponentes que ora me dirijo. Tudo pelo debate! Como nele creio, insisto em mostrar a esses (e)leitores que minhas observações, infelizmente, estão corretas. Mais do que isso: ouso afirmar que, gostando ou não, são irrefutáveis. 

Como são irrefutáveis, e ao mesmo tempo desconfortáveis, alguns escudeiros do PT, tentando desqualificar minha leitura, insistem em me rotular como admirador do partido daquele candidato oriundo das alterosas. Não sou! 

Pior do que esse erro seria apenas me confundir com um peixe tolo que caíra nas malhas de alguma “rede”, aliás, quase bíblica, armada num cenário político desolador. 

Aos desinformados sobre minha postura política, informo que sempre pertenci àquele conjunto de eleitores que vê seus candidatos não alcançarem mais do que 1% dos votos. 

Detalhe: fui minoria quando também votei em candidatos do PT. Já fiz isso, confesso. Mas o tempo era outro. Hoje, as pessoas – muitas delas, as mesmas – também são outras. Compreenderam o que eu disse? O que eu disse é sério e doloroso. "Aos desinformados sobre minha postura política, informo que sempre pertenci àquele conjunto de eleitores que vê seus candidatos não alcançarem mais do que 1% dos votos."

Mas de todas as intervenções dos (e)leitores, destaquei uma que me parece emblemática, quando não há argumentos para o debate: 

“Nossa, quanto medo... A direitosa já se remói e se contorce desesperadamente. Afinal, tudo é válido para alfinetar o governo federal, seja até mesmo (por meio de) uma simples propaganda...” 

Do excerto acima, exponho dois destaques. 

Primeiro: mesmo não querendo desiludir ninguém, lembro que, hoje, o PT não é mais de esquerda. Ele é tão “direitoso” quanto os outros que defendem programas neoliberais. Logo, o PT e os dois melhores apontados nas pesquisas são do tipo trigêmeos; talvez não sejam univitelinos. Se isso fizer alguma diferença, parabéns! 

Segundo: a propaganda em pauta não é “uma simples propaganda” convocando eleitores ao voto. Ela até parece simples, mas simples é o olhar despreparado para enxergar complexidades disfarçadas de simplicidades. 

Em suma, respeitosamente, resgato um antigo slogan político de um amigo querido, e ainda petista: “abra o olho, companheiro”. 

ROBERTO BOAVENTURA DA SILVA SÁ é doutor em Jornalismo pela USP e professor de Literatura da UFMT.

 





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