Amigos leitores. Veja bem. Não é verdade tudo o que eu vou transcrever a partir deste ponto. Sentado ontem numa mesa de bar com Dito Bagre e Zé Bocaiúva, degustei a mais gelada versão de todo esse rolo das leis fantasmas de Júlio, que abriram um “creditozinho” de mais de R$ 360 milhões para a Prefeitura de Cuiabá gastar às vésperas do Natal de 2012, final do mandato de Chico.
Reza o papo que essa teria sido uma das primeiras ações dos novos caminhos que foram traçados para a Cuiabá. Depois que a POEIRA baixou, Mauro teria entendido que o começo da gestão seria duro, literalmente, e a vida de fiado não seria fácil para ninguém. Sem querer saber de andar com pires (ou copo) na mão, ele teria convidado para a mesma mesa as duas autoridades máximas da cidade.
Dito Bagre acha que Júlio, bom de copo, com a cabeça e a inteligência acima da média, foi quem deu o caminho para Mauro não começar o ano no vermelho. Tudo com aval do Chico. Aliás, é como disse Bocaiúva, isso tudo teria sido a chave de ouro do fechamento da gestão passada.
Eu, só observando a conversa, quase me deixei levar. Em pensamento, lembrei que até hoje Mauro não achou nada de irregular no trabalho do amigo. Que bom. Lembrei também que o sobrinho do amigo é secretário, ainda. Pediram a conta, dividiram por três e vida que segue.
Se tudo isso aconteceu mesmo é coisa séria. R$ 360 milhões? leis fantasmas, encaminhadas, aprovadas e sancionadas sem votação? Eu sou leigo, mas alterar suplementação afeta legalmente leis fundamentais como a LDO, LOA. Isso é gravíssimo. Em outros lugares já teriam trancado os cofres do Palácio Alencastro. Mas será o Benedito?
Em sua defesa, o feiticeiro diz que está tranquilissímo, que a denúncia é produzida, fabricada. Diz mais. Esta com a consciência limpa porque as contas de Chico foram devidamente aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE). Eu acredito que os conselheiros foram induzidos ao erro, afinal, quem imaginaria que um tema tão importante como esse sofreria esse tipo de intervenção obscura? Ninguém.
Pelo que eu li nas reportagens de Jardel Arruda (Olhar Direto) e Gláucio Nogueira (A Gazeta), o Gaeco não encontrou nada que comprove a passagem pelas comissões e a votação em plenário. Sabe-se que os projetos chegaram, mas ninguém, além de Júlio, os viu sendo aprovados. Nem mesmo as fatídicas notas taquigráficas registraram nada. Estranho em.
E eu, perdido nessas conjecturas da minha mente abobalhada, fiquei com uma dúvida na cabeça, mas nem percebi que Dito e Zé saíram a francesa. Olhei pra mesa e só vi a conta do boteco. R$ 360. Mas a pergunta ecoou.
Quem realmente foi beneficiado se tudo isso que eu ouvi for sério?, Chico, Júlio, Mauro? Mas acho que não. Se fosse sério, os morais não governamentais já teriam pedido uma investigação. É, acho que não. Passa cartão?
*Raoni Ricci é jornalista e cuiabano