A Academia Mato-grossense de Letras (AML) foi furtada pela 20ª vez, em menos de dois anos. O caso foi registrado na noite de terça-feira (23), quando os representantes da unidade denunciaram o sumiço dos canos de cobre dos aparelhos de ar-condicionado. O local fica no Centro Histórico de Cuiabá, na Casa de Barão de Melgaço.
Na avaliação do escritor e ex-presidente da Academia, Eduardo Mahon, o fato acontece devido a falta de segurança na região, mesmo com diversos boletins de ocorrência registrados. Da unidade, os criminosos já levaram placas, computadores, fios, painel de luz, canos de ar-condicionado. "Eu penso que não compensa que a Academia mantenha o local funcionando apesar do espaço já ter servido como casa de ex-governador e ser histórico, pois mesmo com viaturas da PM a coisa ficou insustentável. Falta atenção do Poder Público para um local como este", observou ao DIÁRIO.
No dia 15 de janeiro, os bandidos também entraram no local e levaram a placa de bronze. "Os números apresentados pela secretaria de Segurança na redução da criminalidade acredito que não bate com a atual realidade de Cuiabá. Veja, apenas em um lugar já são 20 vezes em menos de dois anos. Isso é um absurdo. A região central de Cuiabá tem muitos dependentes químicos, não tem amparo e no final das contas acontecem esses furtos para eles manterem o vício", finalizou.
A Casa Barão de Melgaço foi reinaugurada após reforma em maio do ano passado. As obras foram realizadas com recursos do PAC Cidades Histórias, do Governo Federal. O investimento foi da ordem de R$ 690 mil.
A unidade conta com um raro acervo de periódicos, além de arquivos institucionais e privados de famílias da região. São mais de oito mil títulos, além de um salão social que recebe, frequentemente, solenidades e eventos, consolidando-se como um importante espaço de cultura para a capital e todo o Estado. O casarão é tombado individualmente pelo Estado de Mato Grosso e está localizada na área de entorno do Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico de Cuiabá, tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).