A decisão judicial que autorizou a deflagração da Operação Ragnatela, deflagrada na manhã desta quarta-feira (5), determinou o sequestro de R$ 5 milhões de cada um dos alvos, além de bens como chácaras, apartamentos e automóveis de luxo, como uma Range Rover Evoque e um Chevrolet Camaro, de integrantes da organização criminosa ligada ao Comando Vermelho. O grupo era suspeito de lavar dinheiro da facção criminosa com a realização de shows e eventos.
O bloqueio e apreensão atingiu também o vereador de Cuiabá, Paulo Henrique (MDB), que teria recebido propina do grupo. A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO-MT) deflagrou a Operação Ragnatela para cumprir mandados de prisão preventiva, busca e apreensão, sequestro de bens, bloqueio de contas bancárias e afastamento de cargos públicos, para desarticular um núcleo de facção criminosa responsável pela lavagem de dinheiro em casas noturnas.
A investigação da Ficco-MT identificou que criminosos teriam adquirido a casa noturna Dallas, em Cuiabá, pelo valor de R$ 800 mil, pagos em espécie, com o lucro auferido por meio de atividades ilícitas. A partir de então, o grupo passou a realizar shows de MCs nacionalmente conhecidos, custeado pela facção criminosa em conjunto com um grupo de promotores de eventos.
Segundo os investigadores, o líder do grupo seria Joadir Alves Gonçalves, o “Jogador”, que recebia dinheiro de Joanilson de Lima Oliveira, o “Japão”, e João Lennon Arruda de Souza, após o recolhimento da venda de drogas operacionalizadas pelo Comando Vermelho. Esses recursos eram repassados para Willian Aparecido da Costa Pereira, o “Gordão”, que encaminhava os valores para os promotores de eventos Rodrigo de Souza Leal e Elzyo Jardel Xavier Pires.
O objetivo era custear parte dos shows realizados no Dallas Bar e em outras casas noturnas, tendo a investigação apontado ainda que o grupo recebia investimento de um grupo de promotores denominado G12 Eventos. Após a realização das apresentações, a contabilidade era efetivada e os lucros eram repassados por Rodrigo e Kamilla Beretta Bertoni, de forma proporcional, aos investidores: membros do G12 e integrantes do Comando Vermelho.
Para efetuar o repasse, eram utilizados depósitos fracionados, para evitar a identificação dos depositantes e a origem ilícita dos valores distribuídos. Também eram usadas empresas de fachada para ocultar as transações.
Entre elas, estavam a Dom Carmindo Lava Jato e Conveniência, W A da Costa Pereira (Expresso Lava Car e/ou Complexo Beira Rio), Restaurante e Peixaria Mangueira Ltda, Dallas Bar Eireli e Strick Pub Bistrô e Restaurante Ltda. No total, a organização criminosa teria movimentado um total de R$ 77 milhões.
A maior parte destes valores teria partido do servidor da Câmara Municipal de Cuiabá, Rodrigo de Souza Leal, coordenador de cerimonial da Casa, que também é publicitário e produtor de eventos. Ele transacionou R$ 27 milhões, entre os anos de 2018 e 2022.
Ele é proprietário do “Strick Pub”, uma das casas noturnas utilizadas pelo grupo para lavar dinheiro. O estabelecimento movimentou aproximadamente R$ 17 milhões.
O Dallas Bar, outra casa de shows utilizada pelo grupo, movimentou R$ 14 milhões, entre 2021 e 2022. Seu proprietário, Willian Aparecido da Costa Pereira, também teria transacionado mais de R$ 2 milhões em suas contas bancárias, entre 2018 e 2022.
Ele também é dono do Expresso Lava Car e Complexo Beira-Rio, que movimentou R$ 10 milhões, no mesmo período. Na decisão em que autorizou a deflagração da operação, o juiz João Francisco Campos de Almeida, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo), determinou o sequestro de bens e do montante de até R$ 5 milhões, além da suspensão das atividades das empresas Dallas Bar Eireli, Dom Carmindo Lava Jato, Strick Pub Bistrô e Restaurante Ltda., W A da Costa Peireira e Clube CT Mangueiras Ltda, além dos suspeitos Kamilla Beretta Bertoni, Rodrigo de Souza Leal, Willian Aparecido da Costa Pereira e Ariani Lima Rodrigues de Oliveira.
O bloqueio de bens atingiu o líder da organização criminosa, Joadir Alves Gonçalves, que teve apreendido um Toyota Corolla Cross, um Chevrolet Camaro, uma Chevrolet S-10 e uma BMW X1, além de duas chácaras e o Clube CT Mangueiras. Joanilson de Lima Oliveira teve apreendido um Toyota Corolla Cross, além de duas residências, enquanto Willian Aparecido da Costa Pereira foi alvo da apreensão de um Chevrolet Cobalt e um Chevrolet Onix. Rodrigo de Souza Leal teve apreendido uma Chevrolet S-10 e dois apartamentos, enquanto Elzyo Jardel Xavier Pires teve a medida contra um Volkswagen Passat e um apartamento. Kamilla Beretta Bertoni teve sequestrado um Chevrolet Onix e um apartamento.
O vereador de Cuiabá, Paulo Henrique, teve seu Jeep Compass também retido, por determinação judicial. Stheffany Xavier de Melo Silva foi alvo de apreensão de uma Range Rover Evoque e um Jeep Compass.
BENS BLOQUEADOS
JOADIR ALVES GONÇALVES
TOYOTA/CCROSS XRE - 2021/2022
CHEV CAMARO 2SS CONV - 2014/2015
CHEVROLET/S10 LTZ DD2 - 2013/2013
BMW/X1 S20I ACTIVEFLEX - 2019/2019
Chácara Mimoso, Zona Rural do Município de Santo Antônio do Leverger/MT
Chácara RECANTO DA FAZENDA, MT-361, Zona Rural do município de Santo Antônio do Leverger
Clube CT Mangueiras
JOANILSON DE LIMA OLIVEIRA
TOYOTA/CCROSS XRE - 2021/2022
Imóvel no Condomínio Residence Iguatemi
Apartamento no Condomínio Parque Chapada Mantiqueira
WILLIAN APARECIDO DA COSTA PEREIRA
CHEVROLET/COBALT - 2019/2020
RODRIGO DE SOUZA LEAL
CHEVROLET/S10 - 2021/2022
Apartamento no Condomínio Cittá Dei Fiori
Apartamento no condomínio Parque Chapada Dos Campos
ELZYO JARDEL XAVIER PIRES
I/VW PASSAT – 2012/2013
Apartamento no Condomínio Parque Chapada Mantiqueira
KAMILLA BERETTA BERTONI
CHEV/ONIX – 2023/2024 – BRANCA
Apartamento no Condominio Chapada Riveira
PAULO HENRIQUE DE FIGUEIREDO
JEEP/COMPASS SPORT– 2021/2021
STHEFFANY XAVIER DE MELO SILVA
I/LR EVOQUE P250FF SE RD – 2020/2021
JEEP/COMPASS LONGITUDE – 2018/2018