Polícia Segunda-Feira, 03 de Agosto de 2015, 08h:16 | Atualizado:

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Após seis meses, chacina do São Matheus segue sem pistas

 

RAFAEL COSTA
Da Redação

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Passados 18 meses, ainda seguem como um grande mistério dois crimes em Várzea Grande que chocaram a sociedade mato-grossense e expuseram a fragilidade da segurança pública no Estado. Trata-se do brutal assassinato do major aposentado da Polícia Militar, Claudemir Gasparetto, no dia 18 de fevereiro de 2014. Quatro dias depois, uma chacina que deixou, de início, cinco mortos e três feridos segue sem resposta. 

Conforme a assessoria de imprensa da Polícia Civil, ambos inquéritos ainda estão em andamento na DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa), sob a responsabilidade da delegada Silvia Pauluzi. As investigações estão em segredo de justiça para não atrapalhar o andamento como a colheita de provas e oitivas de testemunhas. 

O major Claudemir Gasparetto foi assassinado quando chegava em sua residência no bairro Planalto Ipiranga A princípio, diversas pessoas foram ouvidas, mas ainda assim as investigações não avançaram. Uma das hipóteses levantadas é que se tratou de um latrocínio (roubo seguido de morte), em que os bandidos tentaram roubar o carro da vítima e, ao ser reconhecido como policial, Gasparetto acabou morto. 

Após muitos depoimentos desencontrados, não foram encontrados indícios de um crime de pistolagem, como suspeitavam a princípio. Na versão de um adolescente ouvido pela delegada no início das investigações – que em alguns momentos perde a lucidez -, três dos supostos quatro autores do assassinato são do Bairro Novo Terceiro e já tinham a intenção de roubar o carro do major uma vez que sempre passavam pelo bairro e sabiam o horário dele sair e chegar em casa. 

O menor apontou também um rapaz conhecido como “Careca”, que teria participado da ação. O adolescente acrescentou que na tentativa de assalto, os bandidos reconheceram que o dono do carro era um policial e, por isso, atiraram. 

A Ecosport em que os ladrões estavam foi vista minutos antes, estacionada em um esquina próxima. Foi só o major ligar o carro e sair de ré até a calçada que o Ecosport se aproximou e fechou por trás impedindo que a vítima fugisse. Em seguida, três dos quatro ocupantes do carro desceram e foram atirando contra Gasparetto. Três dos quatro tiros foram fatais – somente o tiro no braço é que não provocaria o óbito. Foram usadas armas de calibre 9mm e ponto 40. 

Quatro dias após a morte do major da PM, houve uma chacina no Bairro São Matheus cujos autores são desconhecidos. Embora os indícios são de que seja um crime planejado e até mesmo cometido por um grupo de extermínio. Não houve prisões de suspeitos. Testemunhas que estavam no estabelecimento relataram que quatro homens armados chegaram ao bar em um veículo de cor cinza. Todos estavam encapuzados e armados e mandaram que as pessoas no bar colocassem a mão na parede. Após perguntar quem tinha passagem pela polícia, efetuaram os disparos. A princípio, houve cinco mortes e três feridos que não resistiram após serem levados às unidades médicas.

FAIXA DE GAZA

A reportagem esteve no local da chacina, no bairro São Matheus, em Várzea Grande, conhecido como “Faixa de Gaza” devido ao alto índice de violência. Na tarde de sexta-feira (31) o movimento era mínimo nas ruas. O bar que foi palco da chacina está desativado. Antes considerado ponto de encontro de assaltantes e traficantes da região para comemorar práticas criminosas bem sucedidas, não há um letreiro sequer informando alguma atividade. 

Dois moradores do bairro aceitaram falar com a reportagem desde que fosse preservado o anonimato. Um deles que mora próximo ao local do crime diz que considera a chacina muito suspeita. Isso porque não percebeu a preservação do local para perícia e ouve com frequência nos moradores de que as mortes seriam resultado de um acerto de contas. “Muito se fala que essas mortes seriam uma vingança pela morte do policial que aconteceu dias antes. Mas, ninguém sabe se foi a própria PM que veio até aqui. Estavam todos encapuzados e muitas balas desapareceram do local”, disse. 

Naquela ocasião, morreram no local Sebastião José Pinho, 23 anos, Douglas Campos Fernandes, conhecido como “Douglinhas”, 18 anos e Anderson José Leite da Silva de 19 anos. Já Gean de Assunção Pedroso e Gonçalo Vaz de Campos, 60 anos, que era dono de um lava jato na região, morreram logo após dar entrada no Pronto-Socorro de Várzea Grande. Foram internados em estado grave e morreram logo em seguida M.S.L.J. e G.M.A.P. 

Uma outra moradora informou que após a chacina a onda de criminalidade no bairro diminuiu. “Muito bandido ficou com medo e foi embora daqui. Quem não está morto agora está preso ou fugiu do bairro”. 

Em meio às incertezas, prevalece também o medo no bairro São Matheus. “É comum não circular quase ninguém à noite pelas ruas. Depois da chacina muita coisa mudou. As pessoas têm medo de que algo possa acontecer. Se comenta que tudo chegou ao fim porque seria uma resposta pela morte do policial, mas ninguém tem certeza”.





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