O ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, que enfrenta júri popular nesta quinta-feira (10) em Cuiabá acusado pelo Ministério Público do Estado (MPE) de ter mandado matar Rivelino Brunini e Fauze Rachid Jaudy, negou em depoimento que tenha encomendado os dois assassinatos. Além do duplo homicídio, Arcanjo é julgado ainda pela tentativa de assassinato de Gisleno Fernandes, que estava com Brunini e Jaudy quando eles foram mortos.
Os crimes ocorreram no dia 6 de junho de 2002. "Isso é um absurdo. Eu conhecia Rivelino, não tem porquê, quase toda semana estava com ele", disse Arcanjo ao ser interrogado pela juíza Mônica Catarina Perri, presidente do Tribunal do Júri.
O réu, que já foi considerado o chefe do crime organizado no estado, negou qualquer envolvimento com os assassinatos. O julgamento é realizado no Fórum de Cuiabá e teve início na manhã desta quinta-feira.
Sete testemunhas foram ouvidas e uma teve o depoimento dado à Justiça Federal lido a pedido do MP. Arcanjo começou a depor por volta das 19h30.
O réu negou que os jogos de azar precisassem de autorizacao dele para entrar em Mato Grosso, como disseram testemunhas durante o julgamento. Disse que foi convidado várias vezes a entrar no ramo de caca-níqueis e recusou todas as propostas - inclusive as de Rivelino Brunini.
O réu também negou que tenha sido chamado pelo apelido de "Papai do Ceu" por pessoas da contravenção e por Rivelino, que não tinha dívidas com ele, alegou. O ex-chefe do crime organizado declarou ainda que o coronel da PM, Frederico Lepesteur (morto em 2007, vítima de câncer), era amigo dele e tinha empresa de cobrança, mas que não lhe prestou serviço.
Arcanjo não soube explicar porque as máquinas tinham selo de colibri, mas disse que, quando soube disso mandou o sargento da Polícia Militar, José Jesus de Freitas (assassinado numa emboscada em 2002), tomar providências a respeito. E reafirmou que não tinha interesse nesse ramo, negando que o colibri fosse uma marca dele.
JOGO DO BICHO
"Jogo do bicho não é crime, é contravenção", declarou Arcanjo em juízo. Ele disse que mais ou menos 4 mil pessoas chegaram a trabalhar para ele em todo o estado e, segundo o réu, a maioria fazia isso para complementar a renda.
Ele admitiu que distribuiu cesta básica para funcionários e policiais, assim como foi paraninfo de diversas turmas do curso de direito. Arcanjo disse durante o julgamento que muitos fatos ocorridos no estado são atribuídos a ele por conta da própria má reputação, como o sequestro do primo do governador Dante de Oliveira, ocorrido em 1998.
O réu declarou que jamais respondeu pelos crimes de sequestro, extorsão e cárcere privado. "A culpa é do Arcanjo", declarou no júri. E acrescentou que, por muito tempo, semanalmente os mais diversos crimes em Mato Grosso eram atribuídos a ele quando não havia outro suspeito.
BATE BOCA
Arcanjo disse em depoimento que as factorings dele representavam de 80% a 90% de seu faturamento. E, ao ser questionado pela defesa sobre o por quê de não ter fechado o jogo do bicho, respondeu que não o fez porque tinha compromisso com os 4 mil funcionários.
Nesse instante, o promotor Vinícius Gahyva se irritou e disse que agora o réu vai ser promovido 'de Arcanjo para santo'. "É muita hipocrisia social", declarou o promotor.
Depois disso, ele e o advogado de defesa, Paulo Fabrinny, bateram boca brevemente e o promotor disse que é por isso que Mato Grosso chegou ao ponto em que chegou, no que o advogado respondeu que o próprio secretário de Segurança Pública é promotor de Justiça (Mauro Zaque). Em seguida, a defesa enfatizou as ações de filantropia de Arcanjo no estado.
Em julho, o tribunal do júri condenou o ex-pistoleiro Célio Alves de Souza e Júlio Bachs Mayada por terem arquitetado e executado os assassinatos de Rivelino Brunini e Fauze Rachid Jaudy. Célio Alves foi condenado a 46 anos e 10 meses de prisão e Mayada recebeu sentença de 41 anos de prisão. Inicialmente, o júri de Arcanjo estava marcado para ocorrer com os dos outros réus, mas foi adiado depois que o processo foi desmembrado.
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