Familiares e amigos de Rhautter Wander Nascimento Silva, o “Gago”, 27 anos, vítima de assassinato na noite do último sábado, no bairro Pascoal Ramos, realizarão um ato público cobrando providências da polícia para que esclareça o crime. “Gago” foi morto quando dirigia um Uno branco próximo a avenida principal do bairro Pascoal Ramos.

O ato público em memória de Rhautter acontecerá no próximo sábado (5), às 16h, no Bailão do Gaucho, no bairro Jardim Industriário I. 

Além disso, o ato cobrará retratação da imprensa que chegou a informar, conforme declarações de policiais, que Rhauter seria ex-presidiário. Familiares afirmaram que, durante o momento de dor, sofreram ainda mais com as informações denegrindo a imagem de “Gago”.

A única passagem que ele tem é por desacato e ainda não possui nenhuma condenação sobre o caso. "Gago" seria uma pessoa de bom convívio social e muito querido pelas pessoas que ainda estão consternadas com a tragédia.

Segue abaixo a nota da família:

A ação da imprensa matogrossense na divulgação de informações sobre crimes violentos ocorridos em nosso estado vem sido marcado pela prática do sensacionalismo e do pré-julgamento dos fatos. 

Noticiários que se debruçam sobre as tragédias humanas no intuito apenas e tão somente de expor de modo animoso as fragilidades dos indivíduos num contexto social marcado pela desigualdade e pela violação de direitos, sem contribuir em nada para o debate construtivo em torno da violência. 

Um expressivo exemplo a ser citado diz respeito ao assassinato, na noite do último dia 26 de abril de 2014, do jovem Rhautter Wander Nascimento Silva de 27 anos no bairro Pascoal Ramos em Cuiabá. O jovem cidadão, trabalhador formal, gozando de todos os direitos, livre de antecedentes criminais, com residência fixa, pai de dois filhos, conhecido e estimado na comunidade que vivia, foi tratado por alguns veículos da mídia como sendo um ex-presidiário alvejado com um tiro letal enquanto dirigia em uma das avenidas de pouco tráfego do citado bairro. 

Em uma sociedade onde é culturalmente aceitável a privação de direitos a “bandidos” da classe podre, prevalecendo para estes a máxima do “bandido bom é o bandido morto” o assassinato do Rhautter, mais conhecido pelos amigos como Gago, foi apenas mais um (ou menos um) a ser comemorada pelos âncoras e redatores dos telejornais sensacionalistas e pela sociedade matogrossense mal informada e manipulada por este tipo de jornalismo. 

Aos familiares e amigos que sofrem pela intempestiva perda, pela ausência de testemunhas que tragam luz sobre os fatos, pela falta de informações por partes das instituições de investigação e pela forma leviana (quem sabe até intencional?) com que o caso é tratado pela imprensa nos restam apenas externalizarmos nossa indignação requerendo uma retratação por parte dos veículos de comunicação que divulgaram tal informação distorcida e caluniosa, visando principalmente à condução das investigações em bases sólidas, reais e concretas. 

Utilizando ainda do direito de livre manifestação e com intuito de cobrar das autoridades e instituições competentes a investigação e apuração concreta dos fatos em torno do assassinato de Rhautter Wander Nascimento Silva, objetivando única e tão somente a justiça, convocamos um ato público em memória do nosso ente e amigo Gago, a ser realizado: 

Local: Bailão do Gaúcho, bairro Jardim Industriário I

Data: 03/05/2014

Horário: 16:00 h