Às vésperas de completar 30 dias da morte do soldado Bombeiro Rodrigo Claro, 21, laudo histopatológico realizado por médicos peritos do Instituto de Medicina Legal (IML), não chega a conclusão sobre o que causou a forte hemorragia cerebral que levou à sua morte. Laudo será entregue nesta quarta-feira (14).
A informação é do secretário de Estado e Segurança Pública (SESP), Rogers Jarbas, que antecipou que o resultado em relação a causa da morte do jovem. O laudo no entanto descarta a existência de doença preexistente. Mas o resultado, segundo ele, não inviabiliza investigação da morte, tanto da Polícia Civil, sob responsabilidade da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), como pelo Inquérito Policial Militar, sob responsabilidade de um oficial do Corpo de Bombeiros. Ambos ainda não foram concluídos. "Alguns elementos serão considerados, mas os depoimentos serão fundamentais". Lembra que depoimentos de testemunhas sobre os fatos que ocorreram durante o treinamento, no qual o aluno passou mal, são de suma importância para a investigação.
Cinco dias antes da morte, logo que Rodrigo foi hospitalizado com quadro de hemorragia cerebral, após deixar o treinamento na Lagoa Trevisan, a família denunciou que Rodrigo foi vítima de tortura. Acusa a tenente Izadora Ledur de Souza de persegui-lo e afundar ele diversas vezes durante a travessia no lago, mantendo-o submerso, mesmo reclamando de dores de cabeça e vomitando.
O advogado Júlio César Lopes, contratado pela família de Rodrigo para acompanhar as investigações vê como positivo o resultado do exame. “Sempre dissemos que Rodrigo era um jovem saudável e que não tinha qualquer doença preexistente, fato confirmado agora com o laudo. Sabemos das deficiências técnicas para a realização deste tipo de exame”.
As declarações do secretário de que a investigação não se resume a um laudo, mas ao conjunto de provas obtidas durante o inquérito, são compartilhadas pela família. “Queremos a verdade do que ocorreu no dia em que Rodrigo passou mal. A investigação precisa reunir o maior número de provas e o Ministério Público e a Justiça, com base nas provas, se pronunciarão sobre os fatos”.
Após deixar o treinamento, Rodrigo passou a convulsionar, sofreu hemorragia cerebral e foi submetido a uma cirurgia de emergência, na noite do dia 10 de novembro. Ficou hospitalizado em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de hospital privado e morreu no dia 15 de novembro.
Segundo a mãe de Rodrigo Jane Patrícia Lima Claro, 37, ela não quer que a morte do filho mais velho seja em vão. Lembra que em cursos anteriores da corporação, violência, humilhações e torturas aos alunos ocorriam durante os treinamentos. Mas muitos não tiveram coragem de vir a público denunciar por medo das perseguições que sofreriam. Quando houve denúncia foi arquivada por falta de provas. “Por isso eu denunciei direto na imprensa. Não presto continência a ninguém e se me perguntar se tenho medo, respondo, tenho medo sim. Pois eu imagino depois de tudo que foram capazes de fazer com meu filho, sei muito bem o tipo de gente que estou lidando e denunciando. Uma coisa deixo bem clara, eu não generalizo a situação, sei que nessa instituição Corpo de Bombeiro Militar de Mato Grosso, a maioria dos homens e mulheres que ali estão são pessoas honradas e decentes, que não compactuam com nada dessa sujeira toda”, desabafa.
A família e uma amiga de Rodrigo fizeram um vídeo em homenagem a ele, com várias fotos que mostram vários momentos de sua vida. Em companhia dos pais, irmãos, amigos e namorada.
Jos?
Domingo, 18 de Dezembro de 2016, 22h21