Uma modelo de 22 anos acusa fotógrafo de assédio sexual durante sessão fotográfica, em Rondonópolis (250 km ao Sul de Cuiabá). O fato ocorreu há dois meses, mas veio à tona agora, após a vítima denunciar a violência que sofreu em seu Facebook com os dizeres: “Eu fui estuprada – meu corpo não é um convite”.
A Polícia Civil abriu inquérito contra o suspeito por tentativa de estupro. Alegando cuidados com possíveis questões judiciais, Graziely Lemes não informa o nome do fotógrafo, muito conhecido segundo ela e que já fez inúmeros trabalhos com debutantes, casamentos e “books”, na cidade. “Eu gostaria que o nome dele estivesse em todos os lugares, mas preciso ter cuidado porque, além de querer justiça e não querer que ele faça o mesmo com outras (modelos), preciso tomar alguns cuidados judiciais”, disse.
Ela afirma ainda que não recebeu o devido suporte das autoridades responsáveis a quem recorreu. Por telefone, Graziely contou que foi convidada para fazer um catálogo de lingerie para uma marca com o fotógrafo, com quem já havia trabalhado outras vezes.
As fotos foram feitas na casa de uma colega de ambos. Porém, os donos precisaram sair e, por isso, acabaram ficando sozinhos. “Não importa se havia uma ou mais pessoas. Estávamos trabalhando e ele tinha que respeitar”, desabafa.
A modelo relata que, ao final, o fotógrafo pediu para fazer outras fotos. Inicialmente, ela hesitou, mas acabou concordando devido à insistência e ao fato de já ter pousado para o mesmo outras vezes. “Feitas aproximadamente dez fotos como queria o fotógrafo, ele abandonou a câmera dizendo que não podia mais. Imediatamente me levantei do banco onde estava e fui me vestir, ele veio atrás de mim pedindo para que eu o beijasse, que imaginava como era minha postura na cama e como me achava atraente”, relata a jovem em sua página.
Graziely conta que ficou assustada e sequer conseguia olhar para o rapaz, que “já se masturbava”. Ele, então, teria dito “que queria muito realizar suas fantasias e que talvez, se não tivesse ficado sozinho comigo e me visto despida, seria diferente”. “Ora, então a culpa era minha por ter aceitado o trabalho? Por ter me despido na frente de uma pessoa que até então julgava como bom profissional?”.
Após se vestir e, ao passar pela porta da sala, a modelo afirma que o fotógrafo tentou segurá-la pela cintura. Depois do fato, o suspeito teria mandado uma carta a ela onde confessaria o crime e pedia desculpas. “Munida da carta e acompanhada por uma professora do meu curso, representei o B.O., todavia, o escrivão me perguntou diversas vezes se não havia envolvimento sexual prévio com o agressor (como se isso fosse relevante), se o meu marido me deixava fazer fotos sensuais numa boa e concluiu que, na verdade, ele não ia me estuprar não, que na verdade o cara só havia se aproveitado da situação e como eu não quis acabou dando naquilo, mas que aquilo era coisa de homem mesmo. Demorei muito pra conseguir elaborar tamanha violência tanto do estuprador quanto de quem deveria me amparar”.
A PC informou que, à época, Graziely foi ouvida e encaminhada para exame de corpo de delito e que não fez qualquer representação quanto à conduta do escrivão. Ainda conforme a PC, a oitiva do fotógrafo já estava marcada e, nos próximos dias, o inquérito deverá ser concluído e enviado ao Ministério Público.
Após a publicação no Facebook, a jovem recebeu mensagens de outras meninas que alegaram também terem sofrido abuso pelo mesmo indivíduo. Vale lembrar que, com a lei 12.015/2009, o estupro fica configurado não só com o ato sexual propriamente dito, ou seja, pela conjunção carnal, mas com a prática de atos libidinosos a fim satisfazer a lascívia de alguém (homem ou mulher).
Veja abaixo post de desabafo da modelo no Facebook:
EU FUI ESTUPRADA!
Há pouco mais de dois meses, fui convidada para fazer um catálogo de lingerie, por um fotógrafo com quem já havia trabalhado algumas vezes. Muitos sabem que venho, a passos lentos, tentando carreira de modelo, paralelamente à psicologia, nesta ocasião, as fotos seriam feitas na casa de uma colega em comum, minha e do fotógrafo citado. Quando cheguei à casa, os proprietários precisaram sair e ficamos sozinhos, ele e eu.
Tudo corria relativamente bem, não fosse o meu desconforto por estar sozinha com um cara que se desculpava por pedir que eu me posicionasse dessa ou daquela maneira, enfim.. ao final das fotos para o catálogo, o fotógrafo pediu para fazer algumas outras fotos, exitei um instante mas concordei em seguida devido sua insistência e ao fato de já ter pousado para o mesmo diversas vezes antes.
Feitas aproximadamente dez fotos como queria o fotógrafo, ele abandonou a câmera dizendo que não podia mais. Imediatamente me levantei do banco onde estava e fui me vestir, ele veio atrás de mim pedindo para que eu o beijasse, que imaginava como era minha postura na cama e como me achava atraente (machismo e racismo )..
Ok, me senti absolutamente desconfortável, já que não havia o menor clima, o menor indício de que poderia rolar algo entre nós, afinal, eu estava ali a trabalho. Neguei seu pedido e continuei o que estava fazendo, tentava me vestir enquanto ele se aproximava fazendo pedidos de natureza sexual, descrevendo desejos e quanto mais eu negava mais ele se aproximava sob a justificativa de que meu corpo expressava o oposto do que eu estava dizendo.
Eu já estava bastante assustada e, mesmo por isso, não olhava para ele, ainda bem, porque já se masturbando, sim, se masturbando, ele me disse: "nossa, você nem olha pra mim, você não quer mesmo né? ". (Oi?) Neste momento ele passou a se defender, dizia que era um bom profissional, afinal, havia conseguido fazer todas as fotos, mas que queria muito realizar suas fantasias e que talvez, se ele não tivesse ficado sozinho comigo, talvez se ele não tivesse me visto despida seria diferente. Ora, então a culpa era minha por ter aceitado o trabalho? Por ter me despido na frente de uma pessoa que até então julgava como bom profissional?
Já vestida e com a mochila nas costas fui ao banheiro da casa me desfazer de lixos produzidos durante a maquiagem, num estado de incredulidade no que estava acontecendo, ele parou na porta e me pedia desculpas ao mesmo tempo que reafirmava todas as suas vontades, ele suava e fedia num estado de total descontrole, ainda com a cabeça baixa pedi pra que ele saísse da minha frente algumas vezes, o que era absolutamente ignorado, quando ele fez menção de se aproximar, ergui os olhos e lhe disse que não significa não, pedi que ele saísse da minha frente imediatamente e, felizmente, ele saiu. Ao passar pela porta da sala, ele tentou me segurar pela cintura dizendo :"você já vai mesmo? " sem responder consegui sair da casa. O que mais me surpreendeu foi que minutos depois ele me mandou mensagens falando sobre como as fotos haviam ficado lindas e "desculpa qualquer coisa". Qualquer coisa?
No dia seguinte, ao ver que minha família havia feito publicações sobre estupro ele se deu conta de que muitas pessoas já sabiam e foi se confessar com um amigo meu, pedindo ajuda, alegando que eu não havia entendido o que aconteceu, que ele me respeitava e que me achava tão linda que não pôde se conter.
Felizmente, esse amigo é um homem sóbrio que situou o estuprador que, em seguida, me mandou uma carta onde confessa o crime e pede desculpas. Munida da carta e acompanhada por uma professora do meu curso, representei o B.O., todavia, o escrivão me perguntou diversas vezes se não havia envolvimento sexual prévio com o agressor (como se isso fosse relevante), se o meu marido me DEIXAVA fazer fotos sensuais numa boa e concluiu que na verdade, ele não ia me estuprar não, que na verdade o cara só havia se aproveitado da situação e como eu não quis acabou dando naquilo, mas que aquilo era coisa de homem mesmo.
Demorei muito pra conseguir elaborar tamanha violência. Tanto do estuprador, quanto de quem deveria me amparar. Depois de muito refletir sobre isso, decidi dar a minha cara a tapa. O meu corpo, nu ou não, não é público, não é um convite, tão pouco pode ser violado. Sei que juridicamente, como o estuprador é réu primário, tem residência fixa, ensino superior, trabalha e é cristão, nada vai acontecer, porém, cada mulher estuprada precisa saber que não está sozinha. Que há uma outra mulher ao seu lado.
Que ela não é culpada e que eu estarei na luta ao lado de cada uma. Nosso corpo é livre e nós precisamos ser respeitadas. E digo mais, meninas, pesquisem sobre seu fotógrafo, vc pode não só estar patrocinando um criminoso como também se tornar mais uma vítima.
Eles não passarão.
laila
Sexta-Feira, 31 de Julho de 2015, 22h12L?o
Sexta-Feira, 31 de Julho de 2015, 18h52Jos? Carlos
Sexta-Feira, 31 de Julho de 2015, 15h35Milla
Sexta-Feira, 31 de Julho de 2015, 14h42Negro Preto
Sexta-Feira, 31 de Julho de 2015, 13h11celina
Sexta-Feira, 31 de Julho de 2015, 11h58Jos? Carlos
Sexta-Feira, 31 de Julho de 2015, 11h47