Foto: Gilberto Leite

O delegado titular da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Gustavo Belão, responsável pelo caso do sequestro do pecuarista Edson Joel de Almeida Meira, também conhecido como "Edinho Meira", de 57 anos e pai do prefeito de Jangada, Rogério Meira (PSD), informou que a vítima, que estava dopada, conseguiu fugir de uma casa abandonada em uma região de mata no município de Nossa Senhora do Livramento. Ele ameaçou um dos bandidos, que estava desarmado, com uma garrafa de vidro quebrada.

O crime está sendo tratado, a princípio, como extorsão mediante sequestro. Apesar de o delegado não confirmar, há rumores nos bastidores de que o sequestro foi motivado pelo interesse dos sequestradores nos valores provenientes de uma emenda de R$ 51 milhões destinada ao Executivo de Jangada através do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD).

Nesta segunda-feira (23), em entrevista coletiva, Belão deu alguns detalhes sobre o caso. Segundo o delegado, a vítima informou que, inicialmente, os bandidos estavam exigindo quantias de R$ 1 mil e depois aumentaram o valor para R$ 70 mil.

Ainda conforme o titular, no depoimento, Edinho disse que não conhecia os sequestradores ou se o sequestro tinha alguma relação com alguma rixa existente. Vale ressaltar que em 2020, Edinho Meira foi preso juntamente com seu irmão, Paulo Vilela Meira, também conhecido como "Nho", durante a Operação "Mahyas", que desarticulou uma quadrilha de roubo de gado. "A gente vai apurar essas informações. A princípio, a vítima não alega isso (a questão do dinheiro da prefeitura). Os familiares também não. Mas se tiver a gente vai conseguir identificar se essa era uma facilidade dos criminosos em obter esse valor em espécie”, informou Belão.  

Após ser resgatado, Edinho foi levado para a sede da GCCO, em Cuiabá, onde prestou depoimento. A Polícia Civil continua investigando o caso para identificar todos os envolvidos no crime.

Até o momento, três pessoas, sendo dois homens e uma mulher, foram presas em flagrante pela Polícia Civil nas cidades de Nova Marilândia e Nova Olímpia por envolvimento no roubo e sequestro da vítima. Os dois homens presos em Nova Marilândia foram responsáveis pela extorsão contra a vítima, enquanto a mulher presa em Nova Olímpia, com apoio da Polícia Militar, recebeu R$ 1 mil enviado por familiares da vítima, via PIX. Outra quantia de R$ 1 mil também foi enviada para contra de um dos criminosos. 

DETALHES

Segundo Belão, o crime teve início com um roubo na fazenda da vítima, quando oito criminosos renderam o caseiro e outras pessoas no local, por volta das 1h de domingo. Eles permaneceram na fazenda até às 6h da manhã, quando a vítima chegou e foi abordada, iniciando o sequestro.

Edinho foi levado para um cativeiro juntamente com seu veículo, que foi posteriormente abandonado. “Ele (Edinho) informa que ali no cativeiro, havia dois criminosos. Um armado e outro desarmado. Em determinado momento, acabou a água do local. Era uma casa abandonada, que não tinha rede. Esse criminoso armado foi em busca de água. Foi aí que ele identificou uma oportunidade de tentar fugir. Ele alega que tinha uma garrafa de vidro. Ele quebrou essa garrafa de vidro, conseguiu se desamarrar e partiu para cima desse segundo criminoso que estava lá desarmado. Ele (a vítima) tem um porte físico avantajado. E o criminoso ficou com medo e saiu correndo pela mata. A vítima está muito machucada. Muitas lesões no pé por conta da fuga... Ele andou cerca de 7 km pelo matagal. Ele disse que tomou um líquido e ficou meio grogue, disse que outras pessoas (reféns), também tomaram esse líquido”, emendou Gustavo, ressaltando que diligências no cativeiro  serão realizadas nesta segunda-feira, ocasião em que todos os passos das vítimas serão refeitos.