Polícia Segunda-Feira, 30 de Setembro de 2024, 10h:06 | Atualizado:

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INFILTRADOS

PC revela que "associação do CV" foi criada para eleger candidato do PT em MT

Município repassava R$ 120 mil por mês a entidade

Da Redação

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Infiltrados

 

A investigação da Delegacia Especializada de Roubos e Furtos de Rondonópolis que culminou na Operação Infiltrados, deflagrada no dia 27 de setembro, apontou indícios que uma associação foi criada com o objetivo de promover uma organização criminosa junto aos bairros da região da Vila Operária, onde o grupo comanda o tráfico de drogas. O advogado e candidato a vereador por Rondonópolis, Ary Campos (PT), é um dos alvos da ação.

A Associação dos Familiares e Amigos de Recuperandos de Rondonópolis (Afar) foi alvo de mandado de busca e apreensão, sequestro de bens e bloqueio de valores e sua presidente, Luíza Vieira da Costa, de 29 anos, presa. A decisão do Núcleo de Inquéritos Policiais de Cuiabá determinou ainda a suspensão das atividades e o repasse de valores que a entidade vinha recebendo da Prefeitura de Rondonópolis.

Um termo de colaboração estabelecido em abril deste ano entre o órgão público e a Afar, a prefeitura se comprometeu a repassar o montante de R$ 120 mil anuais para as atividades da associação, que foi declarada de utilidade pública conforme a Lei 13.161/2023, aprovada pela Câmara Municipal no ano passado. A Derf de Rondonópolis apurou indícios de que a associação foi utilizada para a lavagem de dinheiro e realização de eventos e assistencialismo em benefício da facção criminosa e ainda a promoção de um candidato a vereador no pleito eleitoral deste ano.

Informações levantadas ao longo das investigações apontaram que o domínio do tráfico de entorpecentes se estendia a outras atividades como a realização de bingos, rifas e torneios de futebol para angariar dinheiro que seria, em tese, revertido nas ações assistencialistas, como a distribuição de cestas básicas, recurso adotado pela organização criminosa para se aproximar das comunidades,  especialmente de jovens e crianças, visando difundir a ideologia do crime e da violência sob auxílio social aparentemente inofensivos. A associação promovia a entrega de cestas básicas, brinquedos e doces em datas comemorativas, como também patrocinava torneios de futebol, com o objetivo de desenvolver empatia junto à comunidade local, buscando dessa forma mais adeptos à facção, trazendo maior efetividade em suas ações criminosas.

A Afar era presidida por Luíza Vieira da Costa, cujos irmãos foram identificados como líderes do tráfico de entorpecentes na região da Vila Operária, que abrange 21 bairros de Rondonópolis. Os dois irmãos e uma irmã dela, todos alvos da Operação Infiltrados e foragidos até o momento, foram também investigados e alvos de outra operação, a Reditus, de 2018.

Uso político

infiltrados-arycampos

 

Durante a investigação que embasou a Operação Infiltrados, a equipe da Derf reuniu informações que apontaram o uso da associação para angariar apoio popular para elegerem candidatos a cargos políticos. Um grupo em aplicativo de mensagens foi criado com esse intuito, com a obrigatoriedade dos integrantes em permanecer, sendo vedada a saída e com determinações das atividades que deveriam ser realizadas, além do compartilhamento de frases e símbolos em alusão à organização criminosa.

Em abril de 2024, a Afar assinou com a Prefeitura de Rondonópolis um termo de colaboração para repasse mensal de R$ 10 mil mensais (120 mil/ano). A estratégia era a inserção do advogado da associação, Aary Campos, vulgo “Capitão”, como candidato à Câmara de Vereadores do município.

A associação acordou entre seus membros o total apoio à candidatura do advogado ao pleito eleitoral de 2024. A partir de então, o advogado passou a liderar as atividades da Afar com a organização de eventos que supostamente auxiliariam na reabilitação de egressos do Sistema Penitenciário.

As atividades incluíam trabalhos voluntários para arrecadação e distribuição de alimentos a pessoas de baixa renda e assim obter credibilidade, além de eventos esportivos, realização de bingos, entre outras atividades, preferencialmente nas regiões periféricas de Rondonópolis. Entre 2021 e 2024, em prisões realizadas de suspeitos ligados à facção criminosa e em investigações feitas pela Derf, foram apreendidos diversos materiais, como cartelas de jogos e bingos, anúncios de eventos esportivos e cestas básicas que apontaram a Afar como um "braço" da organização criminosa.

Em junho de 2022, foram apreendidas no bairro Cidade Natal, diversas cartelas de bingo da Afar e cestas básicas. Em agosto do mesmo ano, a Polícia Civil apreendeu cartelas de bingo do 6º Torneio e Show de Prêmios Beneficente da Afar.

No ano de 2023, durante a Operação Fumacê, da Delegacia de Alto Araguaia, contra integrantes de organização criminosa envolvida com tráfico de drogas, tortura, homicídio foi apreendido material da campanha do advogado, que naquele ano disputou o cargo eletivo de deputado federal. No ano passado, a mesma associação foi alvo de uma investigação da Gerência de Combate ao Crime Organizado da Polícia Civil, com o cumprimento de mandado de busca e apreensão durante a Operação Armadillo, que apurou o envolvimento de diversas pessoas na escavação de um túnel para a fuga de líderes criminosos da Penitenciária Central do Estado.

RESISTÊNCIA

Durante as buscas na associação, a presidente Luíza Vieira da Costa, no momento da abordagem, tentou quebrar seu celular, que estava apreendido, tomando o aparelho das mãos de uma investigadora, que conseguiu retomar o celular e imobilizar a investigada. A prática de quebrar o celular é uma determinação da organização criminosa a membros que possuem funções de chefia ou, a fim de proteger os dados de outros membros.

Em maio deste ano, durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em uma residência no Jardim Brasília, usada para armazenar entorpecentes que abasteciam o bairro e arredores, policiais da Derf apreenderam cartelas de bingo da Afar, camiseta do time Futebol Clube Unidos da Região Sul e cestas básicas, que são distribuídas através da associação. Investigações anteriores já apontavam o time de futebol como sendo da organização criminosa.

O dinheiro dos bingos é proveniente da venda de drogas em toda a região sul de Mato Grosso, sendo recorrente a apreensão de cartelas em pontos de tráfico. Os valores decorrentes da venda de drogas ingressam com aparência lícita no caixa da Afar, que faz a compra das cestas básicas.

Um dos investigados foi identificado como o responsável em recolher valores da “camisa” dos integrantes da organização criminosa e também sobre o resultado das venda de cartelas de bingo da Afar. A aquisição das cartelas é obrigatória aos integrantes da organização criminosa e os inadimplentes são punidos com a realização de trabalhos sociais.

Além da compra dos bingos, a investigação constatou que os integrantes do grupo criminoso são obrigados ainda a impor a familiares e simpatizantes a adesivagem de veículos com slogans do número do advogado candidato e a participarem de reuniões de campanha e de grupos no aplicativo WhatsApp, criados para angariar votos para o candidato a vereador.

NOTA DA PREFEITURA DE RONDONÓPOLIS

A Prefeitura de Rondonópolis informa que o município tem atualmente convênios com cerca de 50 entidades da sociedade civil que prestam assistência social e comunitária nas mais diversas áreas da saúde, assistência, cultura, esporte e educação. Estas organizações realizam um trabalho importante à sociedade civil, complementando ações em parcerias com o poder público.

Na área da assistência social, em especial, são 28 entidades parceiras que realizam este trabalho, como a Apae, Louis Braille, Caritas, Lar Cristão e Lar dos Idosos. No final do ano de 2023 a entidade Afar foi reconhecida como de utilidade pública pela Câmara Municipal e, após pedido da entidade e definição dos serviços que seriam ofertados, o município realizou um Termo de Fomento de R$ 10 mil à Associação, em parcela única, tendo como objetivo atender com produtos de higiene pessoal as 115 reeducandas da Cadeia Feminina. O recurso foi utilizado conforme o plano de trabalho e tem as comprovações das despesas.

O segundo termo foi realizado no ano de 2024 e teve como objetivo promover a qualificação ao trabalho e a realização de atividades com crianças e adolescentes pela entidade, através de uma lei autorizativa, no valor de 120 mil reais anual, divididos em 12 parcelas de 10 mil reais. A entidade recebeu as três primeiras parcelas (30 mil reais) e ainda não finalizou a prestação de contas deste repasse. Desta forma, o município não fez mais repasses à entidade, aguardando a comprovação das despesas executadas.

Qualquer ilação diferente do exposto é fruto de tentativa de grupos políticos que buscam tirar proveito eleitoral de um quadro eminentemente policial, já que a prefeitura não tem nenhuma responsabilidade pelos membros das diretorias das entidades com as quais celebra convênios.





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Comentários (4)

  • Salvador de Oliveira Silva

    Segunda-Feira, 30 de Setembro de 2024, 12h13
  • Todos que tem um pouco de conhecimento sabe que a candidatos da direita que tem ligação com o crime organizado, exemplo Pablo Marçal, nem vou citar a familicia conhecida no Rio de Janeiro.
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  • Cuiabano

    Segunda-Feira, 30 de Setembro de 2024, 12h13
  • Novidades quero Novidades
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  • Galileu

    Segunda-Feira, 30 de Setembro de 2024, 10h34
  • Será que tem pessoas que ainda duvida disso?
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  • carlos

    Segunda-Feira, 30 de Setembro de 2024, 10h15
  • A gente, desculpa mas isso não é novidade vindo do PT né? já conhecemos esse partido e sabemos do plano deles.
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