O soldado da Polícia Militar Júlio Pereira de Morais é apontado pela Polícia Civil como o agressor do motorista de ônibus Gesiel Marçal Dantas, 32, espancado na madrugada de domingo (23) quando seguia para o trabalho. A vítima está internada no Pronto-Socorro de Cuiabá (PS), onde passou por uma cirurgia para retirada do baço e o quadro de saúde inspira cuidados.
Gesiel estava de moto e foi abordado pela PM na avenida Tenente Coronel Duarte, próximo à Praça Bispo Dom José, quando entrou na contramão para encurtar o caminho percorrido. Ele seguia para a empresa em que trabalha para assumir o plantão e estava uniformizado. O relatório da Polícia Civil descreve que além de chutes, o soldado usou o capacete para golpear o motorista algemado.
Na Central de Flagrantes, ele foi colocado na cela enquanto a PM registrava boletim de ocorrência relatando direção perigosa. Os outros presos chamaram a Polícia Civil porque o rapaz passava mal. Ele não conseguia ficar em pé e não parava de vomitar. Diante da situação, a Polícia Civil encaminhou a vítima para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Morada do Ouro, que apontou o estado de saúde como grave e fez o encaminhamento para o PS.
O relatório destaca ainda que o soldado Júlio chegou à Central de Flagrantes primeiro pilotando a moto de Gesiel e comentou que estava conduzindo um “suicida”, que dirigia na contramão.
Na sequência, o motorista chegou na viatura. No hospital, ele relatou à Polícia Civil que o outro policial militar que estava na viatura pedia para que Júlio parasse com as agressões, mas o soldado não atendia o comando.
O pai do motorista, pastor Pedro Abadio Dantas, 56, classifica a ação policial como uma “malvadeza” cometida contra o filho que estava seguindo para o trabalho. Relata que nunca imaginou passar por uma situação como essa, embora casos de agressão envolvendo maus policiais não sejam uma raridade. “É um sofrimento para toda família”.
Dantas comenta que busca apoio para remover o filho do PS, pois ele está mal acomodado, ocupando uma vaga no corredor. “Ele passou pela cirurgia e está se recuperando, mas ainda tem muitas reações”.
A intenção da família é conseguir uma espécie de alta para que Gesiel possa ser acompanhado em uma unidade de saúde mais estruturada e com melhores condições. “Os próprios médicos nos orientaram a buscar um hospital com mais recursos”.
Embora já tenha passado pela cirurgia para retirada do baço, que era o órgão mais comprometido pelas agressões, não está descartada a possibilidade de ferimento em outros órgãos. “Temos que esperar até amanhã para fazer um novo exame”.
A PM afirma que já abriu procedimento para apurar a conduta dos policiais que estavam na viatura.
jose antonio da costa
Quinta-Feira, 27 de Março de 2014, 09h40