Dois policiais civis foram intimados pelo juiz Moacir Rogério Tortato, da 3ª Vara Criminal da Comarca da Cuiabá, a prestar depoimento sobre o esquema de tráfico que supostamente era acobertado pelo delegado da Polícia Civil, João Bosco Ribeiro Barros, e teria a participação da mulher do delegado que trabalhava como investigadora de polícia e de outros quatro policiais civis. A audiência com as testemunhas arroladas pelo Ministério Público Estadual (MPE) foi marcada para o dia 5 de dezembro, às 14h, no Fórum de Cuiabá. O casal negou, por várias vezes, qualquer tipo de envolvimento com traficantes.
Além dos policiais, o juiz deve ouvir, a pedido do MPE, um homem que trabalhava como pintor da casa de um acusado de chefiar a quadrilha de tráfico de drogas. O traficante foi preso cerca de dois meses depois da Operação 'Abadom', deflagrada pela Polícia Civil para desarticular a organização criminosa. Durante a operação, a polícia prendeu João Bosco, a mulher dele Gláucia Cristina de Moura Alt, e outros quatro policiais civis foram detidos. Também foram presas outras pessoas suspeitas de terem sido beneficiadas com o esquema.
Um dos acusados de integrar a quadrilha foi assassinado a tiros na última quinta-feira (13), no Bairro Morada do Ouro, em Cuiabá. O suspeito do crime ainda não foi identificado pela polícia. A vítima de 35 anos negociava a compra de um caminhão quando dois homens desceram de uma caminhonete e atiraram contra ela.
A acusação é de que João Bosco e outros policiais recebiam vantagem indevida mediante extorsão para dar 'proteção' a uma quadrilha de traficantes que atuava em Várzea Grande, região metropolitana da capital. Além de tentar evitar que os criminosos fossem descobertos e presos, os réus ainda negociavam a soltura dos traficantes, como concluiu a Polícia Civil após investigações.
Bosco e Gláucia ficaram cerca de uma semana presos e conseguiram a liberdade, após a operação. Depois que o processo foi transferido da Comarca de Várzea Grande para a Vara do Crime Organizado em Cuiabá, as prisões preventivas dos dois foram decretadas novamente. Ele então ficou foragido por quase três meses e se entregou à polícia em setembro do ano passado. Menos de um mês depois disso, a Justiça determinou que os policiais respondessem a ação em liberdade.
O casal trabalhava na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ambos foram afastados das funções na Polícia Civil, mas continuam a receber os salários.