Vídeo mostra ação policial que terminou com morte de idoso em Cuiabá

 

Um vídeo gravado por um homem durante ação de policiais civis que culminou com a morte do pecuarista João Antônio Pinto, de 86 anos, em 23 de fevereiro deste ano, revelou detalhes da abordagem. Na gravação, o homem, que seria desafeto dele, afirma que João Pinto era perigoso e estava sendo emboscado após supostamente intimidar com uma pistola pessoas na região do Contorno Leste, no Bairro Jardim Imperial, em Cuiabá, nas proximidade da propriedade do idoso. 

João Pinto foi morto a tiros pelo servidor, Jeovanio Vidal Griebel, que foi afastado das funções de investigador da Polícia Civil. Griebel alega que o idoso reagiu à abordagem dos policiais que diligenciavam no local após receberem denúncias desfavoráveis a João.

No vídeo, o nome de Jeovanio é citado pelo narrador no momento em que o servidor fez o disparo. Após a morte do pecuarista, Jeovanio registrou na tarde daquele dia um boletim omitindo informações sobre o fato.

Conforme apurado, Jeovanio é cunhado de Elmar Soares Inacio, apontado como um suposto grileiro que teria invadido e tido algumas discussões com o pecuarista, devido a uma cerca erguida na propriedade de João Pinto. "Estamos aqui dentro da fazenda dele. Na verdade, a pessoa não pode chegar intimidando ninguém assim por conta  própria. Sem ter reação de lado algum. Aqui é o acampamento do seu João Pinto, onde ficam os pistoleiros dele. Ele quis nos abordar, tentando nos intimidar com a pistola lá no terreno. Tamos entrando na área dele. Os guachébas dele estão sendo revistados e aqui tá o pessoal da Polícia Civil. Jeovanio já fez um disparo, está tentando revidar com o pessoal. A polícia está atirando. Vamos ver o que vai acontecer. Ele está sendo emboscado. Ele enfrentou a polícia, a polícia estava chegando. Ele vai ser abordado nesse momento. Seu João Pinto confrontando a polícia. Isso é para vocês verem o homem que quer ser titularizado o dono dessa área. É um homem perigoso", narrava o homem. 

A Corregedoria determinou ainda o afastamento do servidor das atividades operacionais, devendo o policial atuar apenas em atividades estritamente administrativas, além do recolhimento da arma de fogo e a proibição de utilização de viatura, até a completa apuração dos fatos nas esferas administrativa e criminal. Todas as condutas relacionadas aos fatos estão sendo apuradas, inclusive os motivos que levaram o investigador e uma equipe policial até o local onde ocorreu a morte.

O inquérito policial instaurado na Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) para apuração criminal está em estágio avançado e prossegue para a fase final, aguardando apenas laudos periciais requisitados à Politec-MT, que apontarão se houve a prática de um crime ou se o homicídio foi em razão de legítima defesa. A Corregedoria-Geral acompanha as diligências desde o registro da ocorrência e todas as demais fases da investigação criminal, que possuem ampla capacidade de coleta de provas, as quais são necessárias para compor e instruir a fase disciplinar.

Um laudo da Politec apontou que o policial civil Jeovanio Vidal Griebel estava a pelo menos 12 metros de distância de João Antônio Pinto quando o matou. Também foi apontado que a vítima estava fora do hangar em que seu corpo foi encontrado.

Segundo o documento, o disparo atingiu o idoso na altura do ombro direito e saiu na região escapular esquerda. Os peritos também descartaram qualquer possibilidade de luta corporal anterior ao crime. Também foi encontrado um estojo de munição deflagrada, equivalente a uma arma de calibre 9mm Luger.