Ao contrário do governador Mauro Mendes (DEM), que se esquiva de comentar sobre as articulações para a disputa eleitoral de 2022, o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), fala abertamente do assunto. Em entrevista na última quinta-feira (17), ele comentou sobre o racha dentro do partido e a postura do senador Wellington Fagundes (PL), que é seu aliado, mas está se aproximando de Mendes, fazendo elogios à gestão do democrata e sinalizando que deverá apoiar sua reeleição.

Essa aproximação de Fagundes com Mendes, mostrando que o confronto de 2018, - quando foram adversários na disputa pelo comando Palácio Paiaguás -, ficou no passado, é mais um fator que sugere possíveis dificuldades a serem enfrentadas por Emanuel na busca por aliados, caso decida, de fato, viabilizar sua candidatura ao Governo do Estado.

Pinheiro avalia como uma “estratégia errada” de Fagundes, que deverá buscar a reeleição ao Senado. “É normal, isso é da articulação política. Na minha opinião, acho que se o Wellington estiver fazendo isso realmente, ele está cavando a sepultura dele. Mas cada um define seu destino”, comentou Emanuel Pinheiro ao participar de cerimônia de inauguração do Sistema Sul de Abastecimento de Água (ETA SUL).

 Pinheiro acredita que o senador Wellington Fagundes não tem espaço no grupo de Mauro Mendes. “Mas essa é uma decisão dele, isso não muda em nada o nosso projeto de articulação que estamos fazendo de apresentar, de construir um novo modelo de gestão para Mato Grosso, humilde, democrático, de diálogo, que respeite o servidor público, que fortaleça o serviço público, que dialogue com o setor produtivo, que fomente o emprego, que respeite os produtores e tenha um grande canal, com humildade e sem arrogância com a sociedade em geral, tipo o que eu faço em Cuiabá”, disparou o emedebista reforçando as desavenças políticas que ele tem com o governador Mauro Mendes.

Emanuel argumentou que independente de quem vier a ser o cabeça de chapa do grupo que ele estiver, este é o modelo de gestão que defende. A partir deste final de semana Pinheiro pretende iniciar uma agenda de visitas pelo interior do Estado para ouvir as bases do partido, que segundo ele, não está disposto a apoiar a reeleição de Mauro Mendes, versão que não encontra respaldo em outros líderes do partido como os deputados federais Carlos Bezerra e Juarez Costa e também a deputada estadual Janaina Riva. Por causa dessas divergências, alguns emedebistas defendem que Emanuel Pinheiro deixe o PMDB e busque outro partido para se filiar.

ATRITOS POR CARGO

O MDB faz parte da base governista de Mauro Mendes na Assembleia Legislativa, mas um atrito recente do presidente estadual da sigla, Carlos Bezerra, exigindo cargos para aliados, fez vir à torna boatos de que o PMDB também poderá romper com Mendes.

Essa tese de rompimento é descartada por Janaina Riva, que durante conversa com jornalistas na última quarta-feira (16), revelou ter indicado um cargo comissionado de direção na Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), para atuar em Confresa (1.167 KM de Cuiabá). A “disputa pela vaga” teria sido o pano de fundo de uma “ameaça” de Carlos Bezerra, que falou em “romper” com Mauro Mendes.

Essa hipótese de rompimento com o governador agrada o prefeito Emanuel Pinheiro. “Se dependesse de mim não estava nem lá porque o MDB não está lá, o que está lá são alguns membros escolhidos pelo governador. Agora o MDB mesmo não se sente governo”, disparou Emanuel que afirma não haver motivos para o partido estar na base aliada do governo Mauro Mendes.

“Eu só queria que eles me dessem um motivo. Qual o motivo que o MDB sendo tratado como está sendo tratado, aquele tratamento de ontem do governador com o Bezerra é o tratamento que ele dispensa ao MDB”, observou Pinheiro afirmando que o partido precisa estar com a sociedade, com o povo, com os servidores e com o setor que produz gerando emprego e renda.

“Não temos que estar com esse governo que está definhando, um governo que não disse a que veio até agora. É isso que eu questiono dentro do partido. Respeito os colegas, vi a fala do deputado Juarez, não concordo, mas acho que esse embate interno vai ser mais um período que o MDB deve passar para poder ser fortalecer mais ainda”.