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Estado constroi quatro trincheiras para melhorar mobilidade na principal avenida de Cuiabá
Das 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014, 5 delas, incluindo Cuiabá, não irão entregar a tempo todas as obras de mobilidade urbana que fazem parte da Matriz de Responsabilidade. Das cidades com atrasos, 2 escolheram o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) como modal de transporte.
De acordo com os dados divulgados pelo portal Mobilize Brasil, mesmo nas cidades que ainda entregarão os projetos de mobilidade urbana, há menos de 120 dias para o Mundial só foram entregues as obras sem grandes mudanças.Junto com Cuiabá, Brasília (DF), Manaus (AM), São Paulo (SP) e Natal (RN) já excluíram da Matriz de Responsabilidades as obras que mudariam o trânsito e facilitariam os deslocamentos de moradores e turistas. Apenas nessas 5 cidades-sede foram investidos mais de R$ 6 bilhões em projetos que deveriam ser entregues até maio de 2014.
Destas, apenas no VLT em Cuiabá foram injetados R$ 1,4 bilhão.Em Cuiabá, conforme anunciado pelo governador Silval Barbosa (PMDB), o VLT será entregue em dezembro, 6 meses depois da Copa do Mundo. As inaugurações ligadas ao VLT, algumas delas ainda parciais, aconteceram em 3 viadutos e os trilhos por onde os vagões irão correr começaram a ser instalados na região do Aeroporto Internacional Marechal Rondon somente na última semana.
Por enquanto, o cenário é de vários tapumes em Cuiabá e Várzea Grande. Já foram entregues o viaduto da Sefaz e parte dos viadutos da MT-040 e da UFMT, que ainda não estão totalmente liberados.Inaugurada no início de dezembro, a ponte Engenheiro Orlando Monteiro da Silva, na avenida Mário Andreazza, faz parte da Matriz de Responsabilidades e enquanto outras obras ficam prontas, o principal meio de transporte para a Copa do Mundo, que deveria ser o VLT, ainda estará em fase de testes da primeira linha durante o Mundial.Nos outros estados, situações parecidas com o que acontecem na Capital também são encontradas.
Em Manaus, o escolhido foi o monotrilho, um sistema de transporte coletivo composto por trens que trafegam com pneus de borracha em vias elevadas e movidos à eletricidade. Esse sistema, que ligaria as zonas norte e leste ao Centro, foi licitado em 2011, mas por causa de irregularidades no edital e falhas nos projetos o governo do Estado solicitou a exclusão do projeto dos planos da Copa do Mundo.
Já em São Paulo, onde o mesmo modal foi escolhido, problemas na elaboração de estudos e projetos e mais tarde a mudança no estádio que irá receber os jogos deixou o Monotrilho Linha 17-Ouro do Metrô para depois da Copa e sem previsão para o término das obras.Em Natal, a obra excluída da Matriz de Responsabilidades foi a reestruturação da avenida Engenheiro Roberto Freire, que passaria a ter 5 faixas por sentido de circulação, mais túneis e passarelas para pedestres. Porém, o projeto foi excluído ainda em 2012, porque o governo admitiu que não haveria tempo suficiente.
Nas cidades onde o modal escolhido foi o VLT, os problemas começaram a surgir desde a licitação. Além de Cuiabá, Brasília também escolheu esse modal e enfrenta problemas apesar dos investimentos de mais de R$ 276 milhões.Na Capital do Brasil, o metrô de superfície iria ligar o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek à Asa Sul de Brasília. As obras começaram em 2009, foram suspensas em 2011 por licitação fraudulenta e não houve mais lançamento de uma nova concorrência, que poderá acontecer após o Mundial, como benefício para a cidade. Para tentar melhorar o trânsito, o governo do Distrito Federal realiza obras para a construção de pistas e viadutos, que terão custo aproximado de R$ 100 milhões.
A única sede que escolheu implantar o VLT que ainda pode entregar o modal a tempo para a Copa do Mundo é Fortaleza. Porém, na capital do Ceará, ainda não há uma data definida para a inauguração, apenas a promessa do governo de que as obras serão concluídas até o início de junho.
Um dos problemas enfrentados foi a desapropriação, que envolveu mais de 2 mil imóveis, porém o número de desapropriações era maior no início do projeto, que foi modificado por causa dos conflitos com algumas comunidades.Em Cuiabá, um dos pontos de resistência ocorreu na avenida Tenente Coronel Duarte (Prainha), onde comerciantes locatários se recusavam a sair dos imóveis que trabalhavam, em alguns casos a mais de 20 anos. Mesmo após o pagamento das indenizações, os comerciantes permanecem no local e apenas uma loja fechou as portas, enquanto os outros imóveis, que se estendem do Morro da Luz até parte da praça Bispo Dom José, continuam abertos normalmente.
Na Capital cearense o VLT terá 13 quilômetros e 10 estações, com o objetivo de melhorar o acesso do aeroporto ao centro da cidade, onde se concentram muitos hotéis. Esse sistema iria auxiliar os metrôs que fazem parte do transporte coletivo. Já em Mato Grosso, o projeto é de 22 quilômetros de extensão com 33 estações e 3 terminais de embarque, que serão alimentados pelos ônibus.
A assessoria de imprensa da Unidade Gestora do Projeto Copa (UGP Copa) do Amazonas informou que a obra foi suspensa por determinação da Justiça e que o governo pretende continuar a obra após o fim dos jogos. Já a assessoria de comunicação da Secretaria Especial da Copa em São Paulo (Secopa) afirma que a obra foi retirada da Matriz de Responsabilidade por causa da mudança dos jogos do Morumbi para a Arena Corinthians, onde já existe mobilidade urbana.A reportagem contatou a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado Extraordinária da Copa de 2014 do Distrito Federal (Secopa), mas nenhum dos assessores pode fornecer informações por causa de uma visita da Fifa a Brasília.
A responsável pela Secretaria de Estado de Infraestrutura indicada pela assessoria do governo do Rio Grande do Norte não atendeu às ligações.A assessoria da Secopa, em Mato Grosso, não se posicionou sobre os atrasos. O consórcio VLT Cuiabá/Várzea Grande afirmou, por meio de nota da assessoria de imprensa, que na lista de obras executadas pelo Consórcio, o governo de Mato Grosso entregou totalmente o viaduto da Sefaz, liberou o fluxo de veículos sobre o viaduto da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e parte do viaduto da MT-040. Nessas duas últimas, ainda estão sendo executadas as atividades relacionadas à rotatória, sob a estrutura.