O suplente de deputado estadual Henrique Lopes (PT), autor de um dos requerimentos de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Empréstimos Consignados, não gostou de ser acusado de "enterrar as investigações" na Assembleia Legislativa (ALMT). Ele foi citado, assim como demais membros do PT na Casa, pelo parlamentar Gilberto Cattani (PL), que também havia apresentado o pedido de apuração das denúncias de fraude nos financiamentos contraídos pelos servidores estaduais. Nenhum dos documentos recebeu assinaturas suficientes para a abertura da CPI, que exige ao menos 8 apoiadores.
Em entrevista ao GD, Henrique afirmou que o deputado mentiu publicamente e revelou que por diversas vezes o procurou tentando unificar os pedidos, mas sem sucesso. Além disso, disse que era interesse da ala de direita não seguir com a apuração.
“A Assembleia enterrou a CPI dele porque os deputados não querem assinar e lá são 24 deputados. O deputado falta com a verdade. Eu falei: 'Desafio o deputado Cattani a trazer requerimento dele aqui para que eu possa assinar'. Depois, eu o procurei pessoalmente na Assembleia, ele disse para mim que estava desistindo da CPI. Ele não que não queria mais tocar para frente. Tenho provas”, revelou o suplente, nesta quinta-feira (3).
De acordo com o sindicalista, os requerimentos possuíam materialidades distintas. Enquanto o do petista cobrava investigações quanto ao envolvimento e omissão do governo do Estado, o de Cattani investigaria somente contratos relacionados a Capital Consig, empresa detentora dos principais contratos consignados. Por isso, poderia perder objeto, diante da exclusão da Capital nos contratos consignatários.
“O nosso pedido de CPI tinha pelo menos 3 questionamentos que a gente achava que era necessário existir. Além da Capital Consig, era investigar agentes público aqui do governo do Estado, e também investigar a questão da MT desenvolve”, explicou.
Henrique pontuou que, ainda que ele e Lúdio assinassem o requerimento, faltaram assinaturas, já que Cattani teria assegurado 4 delas. Somando a dos petistas, passariam a 6, ainda insuficientes para abertura da CPI, que são 8.
“Com nosso apoio, o pedido ainda não chegaria a 8 assinaturas, ficaríamos em 6. Essa que é a grande realidade”, citou.
O parlamentar, por fim, ainda garante que se o bolsonarista o procurasse, independente de ideologia, assinaria o pedido, em prol do coletivo. Ele destacou que seu requerimento segue aberto, mas nas mãos de Valdir Barranco (PT), detentor do mandato.
“O requerimento que fizemos está com o deputado Barranco. É muito simples, é só ele lá e assinar. Se ele tem as 4 assinaturas, assina lá e a CPI prossegue para poder, inclusive, ajudar a própria Polícia Federal que já está no caso”, finalizou.
Sem CPI
Na quarta-feira (2), Cattani afirmou à imprensa que Lúdio e o suplente "enterraram" o requerimento de abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os empréstimos consignados aos servidores públicos do Estado. Cattani lembrou que há cerca de 4 semanas apresentou o documento, coincidindo com Henrique Lopes, que à época estava como deputado e também coletava assinaturas para abrir a investigação.
Em sua última semana como deputado, Henrique Lopes chegou a citar que havia conquistado a assinatura de 4 deputados: Janaina Riva (MDB), Júlio Campos (União Brasil), Lúdio Cabral e a dele.
O pedido de abertura de CPI surgiu diante das denúncias de fraude nos contratos dos empréstimos. Com a acusação de cobrança indevida, ausência de contratos vigentes e violação de cláusulas, as empresas consignatárias tornaram-se alvo de uma mesa técnica do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT), ventilando a possibilidade de uma CPI no Legislativo.
Atualmente, as denúncias são investigadas em mesa técnica do TCE, que nesta semana prorrogou para 31 de julho o prazo para que instituições financeiras enviem os contratos de empréstimos consignados à plataforma Fiscaliza Consignados. A ferramenta recebeu 91.618 mil documentos até às 23h59 desta segunda-feira (30). Há cerca de 300 mil contratos para serem enviados e os acordos que não forem inseridos podem se tornar inexistentes, bem como as dívidas.
A Polícia Federal também apura as possíveis fraudes e foram suspensos os descontos de consignados do servidores com todas as empresas de crédito conveniadas ao Estado.