O empresário Alessandro Nascimento, alvo da operação “Suserano”, é fã do candidato a prefeito de São Paulo (SP), Pablo Marçal (PRTB), e suspeito de fazer parte de um esquema de um esquema que causou prejuízos ao erário de R$ 10,2 milhões. Nascimento é alvo da operação “Suserano”, deflagrada pela Polícia Judiciária Civil (PJC) na última terça-feira (24).
As investigações da PJC contaram com o apoio da Controladoria-Geral do Estado (CGE). Conforme os autos, uma organização privada denominada “Instituto de Natureza e Turismo” (Pronatur) recebeu em 2024 pouco mais de R$ 28 milhões em emendas parlamentares impositivas direcionadas para a Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (Seaf).
Os recursos deveriam ser utilizados na aquisição de “kits” - pulverizadores, pás, carrinhos de mão, enxadas, facões, baldes etc -, para serem distribuídos a pequenos agricultores de Mato Grosso. Conforme as investigações, a Tupã Comércio e Representações, que teria como sócio oculto Alessandro Nascimento, seria a fornecedora de “todos os kits de ferramentas constantes nos termos de fomento firmados entre a Seaf e a Pronatur”.
Mesmo com a vultosa movimentação financeira, a PJC afirma que o empresário “não possui bens móveis ou imóveis” em seu nome, e que o dinheiro recebido pelo Pronatur “possui sempre como destinatário final a pessoa de Alessandro Nascimento”.
Diante das evidências de um sobrepreço no processo de aquisição dos “kits” de mais de R$ 10,2 milhões, os órgãos de controle voltaram seus olhos à Tupã, descobrindo que, inicialmente, a organização estava em nome de um sobrinho de Nascimento.
Substituindo um dos sobrinhos de Alessandro Nascimento, que saiu da “gestão” da Tupã no ano de 2022, entra em cena a figura de uma pessoa identificada como Euzenildo Ferreira da Silva. Colocado na administração da empresa, ele saiu da gestão em 2023 para a entrada de outro sobrinho de Nascimento - mas retornou no ano seguinte, em 2024.
“O ingresso na empresa, formalmente, por Euzenildo, se deu com a saída de Patrick Adrisan Alves Ormond Sobreira, sobrinho de Alessandro do Nascimento, em 10/02/2022. Euzenildo Ferreira retirou-se da sociedade em 12/09/2023, quando então assumiu Pablo Yago Geovane Alves Ormond Sobreira, outro sobrinho de Alessandro do Nascimento. Com a saída de Pablo Yago Geovane Alves Ormond Sobreira, em 25/03/2024 novamente Euzenildo assume a empresa Tupã Comércio”, diz trecho das investigações.
Quem é Euzenildo, chamado duas vezes para intervir numa “empresa familiar"? Conforme as investigações, ele seria um “chapeiro” e “trabalhador braçal”, que também não possui bens em seu nome.
“Quando da confecção da 2ª via de documento de identidade, em 08/04/2019, declarou a sua ocupação profissional como 'chapeiro', inferindo se tratar ao menos de trabalhador na produção de alimento, metalúrgica ou, como é conhecido na região, braçal de carga ou descarga”, diz trecho do processo.
Para os órgãos de controle, as mudanças na gestão da Tupã, o fato de que nem Alessandro ou Euzenildo terem bens registrados em seus nomes, além do negócio suspeito de sobrepreço de R$ 10,2 milhões, há a suspeita de ocultação de bens e uso de “laranjas” no negócio.
“Se vislumbrou que a empresa Tupã Comércio fosse de propriedade de outrem e que Euzenildo estaria sendo utilizado como ‘sócio laranja’, empreendendo-se, assim, novas consultas a fim de se verificar quem seria o ‘sócio oculto’”, dizem as investigações.
PABLO MARÇAL
As redes sociais de Alessandro Nascimento são “abarrotadas” de imagens de “livros” de coach - pessoas que costumam vender a fantasia da possibilidade de enriquecimento e “super acúmulo” de bens sem necessidade de abrir mão da ética, da honestidade e da lei.
Numa de suas citações postadas no Instagram, o empresário fala da “alegria de ser rico”. “Muitas pessoas não vencem financeiramente porque a dor de perder dinheiro supera a alegria de ser rico”, diz a citação na rede social de Alessandro Nascimento.
Diferente da agricultura familiar - que com trabalho duro, de sol a sol, vence as adversidades ambientais e falta de incentivos, mesmo prejudicados com a corrupção de empresários e políticos -, as redes sociais de Nascimento também ostentam uma vida de luxo. Diversas postagens de viagens ao exterior com sua família dão a dica do “estilo de vida” do empresário.
Evangélico, Nascimento também se mostra como uma pessoa “temente a Deus”, com uma citação bíblica e frases de efeito que evocam o cristianismo - uma delas, em especial, chama a atenção, onde o empresário também se descreve como “desfrutante do reino”.
Da mesma forma que seu “ídolo”, Nascimento inaugura sua própria ficha policial, tal e qual Pablo Marçal, que merece destaque nas redes sociais do empresário.
No ano de 2022, Marçal respondeu por tentativa de homicídio ao levar um grupo de pessoas em seu programa de “coaching motivacional” ao Pico dos Marins, em São Paulo. O local tinha acesso proibido em razão dos riscos, e as “vítimas” do “coach” tiveram que ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros.
Marçal também é investigado pela Polícia Civil de São Paulo pela morte de Bruno da Silva Teixeira, de 26 anos. Ex-funcionário de uma das empresas do “coach”, ele morreu de parada cardíaca em junho de 2023 durante uma maratona promovida pelo candidato com o lema “romper os limites”.
A “capivara” de Pablo Marçal continua, com condenações por golpes na internet com a utilização de vírus de computador, suspeita de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica nas eleições de 2022, as “ligações íntimas” que seu partido, o PRTB, possui com a facção criminosa PCC, e outras "polêmicas".
OPERAÇÃO SUSERANO
As investigações da PJC tiveram início a partir do relatório de auditoria da CGE, que apontou sobrepreço de até 80% do valor de mercado em termos de fomento que seriam usados para a compra de kits de agricultura familiar, no valor de R$ 28 milhões.
Conforme a decisão da Justiça, todos os envolvidos tiveram que entregar os passaportes e estão proibidos de manter contato entre si, com testemunhas e outros servidores da secretaria, além de não poderem acessar as dependências da Pasta. Empresas envolvidas foram proibidas de contratar com o Executivo Estadual.
Em julho deste ano, o Governo de Mato Grosso noticiou o suposto esquema à CGE, dando início às investigações pela Deccor. Na ocasião, o então secretário de Agricultura Familiar, Luluca Ribeiro, foi exonerado.
Também foram exonerados o secretário adjunto de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Rural, Clóvis Figueiredo Cardoso, o secretário adjunto de Administração Sistêmica, Talvany Neiverth, a chefe de gabinete Aline Emanuelle Rosendo e o assessor jurídico Ricardo Antônio de Lamonica Israfel Pereira.
Cuiabano
Quarta-Feira, 25 de Setembro de 2024, 17h35Lud
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