Após protagonizar um tumulto durante a sessão da Comissão de Legislação Participativa da Câmara nesta terça-feira (7) em um debate sobre a guerra na Faixa de Gaza, o deputado federal Abílio Brunini (PL), de Mato Grosso, voltou a causar confusão nos trabalhos legislativos, nesta quarta-feira (8).

Durante uma reunião na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) que discutia o Projeto de Lei Complementar (PLP 143/2020), que altera a Lei Complementar 173/2020, que trata das promoções e gratificações por tempo de serviço a servidores públicos na pandemia de Covid-19, Abílio tentou obstruir a discussão.

O bolsonarista interrompeu a fala da deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS), que acabou chamando o pré-candidato a prefeito de Cuiabá de "delinquente, extremista e da turma da quinta série". A discussão teve início quando Abílio pediu vista para analisar o projeto, cujo relator é o deputado Guilherme Boulos (PSOL/SP).

Contudo, o bolsonarista ficou incomodado com presidente da comissão, Paulo Guedes (PT/MG), por ele ter dado a palavra para Fernanda para que ela pudesse discutir o projeto. Segundo Abílio, o presidente não deveria ter aberto a discussão antes de conceder as vistas que ele havia solicitado.

"Eu quero quero vistas do projeto, presidente. Você não pode abrir a discussão antes da minha vistas", disse Abílio. Paulo Guedes respondeu: "A discussão já estava aberta. Mas antes de você pedir as vistas, eu já tinha dado a palavra para Fernanda. Depois eu te dou a palavra", rebateu.

Quando Fernanda teve a palavra, Abílio, que estava sentado atrás dela, fazia gestos negativos com as mãos, indicando que não era o momento de discutir porque ele havia pedido o tempo para análise. No entanto, Fernanda já estava com o microfone ligado e não poupou críticas à atitude de Brunini.

Durante seu pronunciamento, a deputada chamou Abilio de extremista e relembrou as controversas ações do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante a fase mais crítica da pandemia de Covid-19, destacando seu passeio de jet ski no Lago Paranoá, em Brasília, enquanto o número de mortos em decorrência da doença só aumentava. "É difícil debater com alguém da quinta série. Temos uma turma das trevas que se comporta como quinta série. A discussão desse projeto já estava em andamento, o deputado tem o direito de pedir vistas? Tem. Mas a discussão seguirá e o tempo será concedido porque a discussão já está em andamento. E não vou permitir, Abílio, que tu me interrompa. Tu gosta muito, como extremista que é, de ir às comissões e atrapalhar, ir a eventos públicos e atrapalhar. No entanto, quero deixar claro que você não vai impedir o andamento deste projeto. Agora, quero deixar registrado que tu está pedindo vista em um projeto que beneficia milhões de servidores públicos brasileiros, que aliás, Eduardo Bolsonaro, foram taxados pelo governo do teu pai, que também confiscou os direitos de servidores durante a pandemia, enquanto alguns políticos passeavam de jet ski. Vir aqui ver um negacionista propagando fake news e mentiras nessa comissão", começou Fernanda.

Enquanto a deputada falava, Abílio tentava interrompê-la, sendo advertido pelo presidente da comissão, que pedia que ele aguardasse a sua vez de falar. "Esse deliquente, que faz gestos de supremacia branca e ao mesmo tempo taxa os pobres, são responsáveis pelos quatro anos do governo deles. Mas eles sistematicamente atrapalham as comissões. Hoje poderíamos votar o relatório do deputado Boulos, para sinalizar para os servidores públicos brasileiros que seu tempo de contribuição não será roubado. Abílio adora gritar com mulheres, mas como ele já sabe, não nos intimidamos nem com a família Bolsonaro, quem dirá com ele", concluiu.

Segundo a Câmara Federal, o substitutivo permite que os entes federativos, desde que tenham disponibilidade orçamentária e financeira, com o objetivo de enfrentar os impactos econômicos e sociais da pandemia, possam conceder vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração de membros de Poder ou de órgão, servidores e empregados públicos e militares de forma retroativa e correspondente ao período entre 28 de maio de 2020 e 31 de dezembro de 2021. O projeto também permite criar ou majorar auxílios, vantagens, bônus, abonos, verbas de representação ou benefícios de qualquer natureza, inclusive os de cunho indenizatório; e contar de forma retroativa o período entre 28 de maio de 2020 e 31 de dezembro de 2021 como de período aquisitivo necessário para a concessão de anuênios, triênios, quinquênios, licenças-prêmio e demais mecanismos equivalentes que aumentem a despesa com pessoal em decorrência da aquisição de determinado tempo de serviço.

🚨 O deputado Abílio Brunini não perde a oportunidade tumultuar e mostrar suas tendências extremistas. Ele acaba de invadir o ato contra o genocídio na Palestina e pelo cessar-fogo.

A DPOL precisou retirar o parlamentar do plenário! pic.twitter.com/Ov3K0DTe6d

— Fernanda Melchionna (@fernandapsol) November 8, 2023