A defesa de Edilaine Claro, ex-esposa do ex-prefeito de Matupá, Valtinho Miotto (MDB), 63 anos, acusou o ex-gestor de violência patrimonial e psicológica. Com isso, afirmou que vai recorrer do despacho do desembargador Dirceu dos Santos, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), que acolheu um recurso do político que obriga Edilaine a sair da casa em que morava com o ex-marido. A informação foi dada em entrevista coletiva realizada na sexta-feira (19).
No recurso que será encaminhado ao TJ nesta semana, o advogado Marcus Macedo, que atua em defesa da ex-primeira-dama de Matupá, informou que apresentará provas que comprovam as agressões sofridas por Edilaine.
Na coletiva, a ex-primeira dama reforçou que vivia uma vida de privações, sendo impedida de conversar em eventos públicos com qualquer desafeto do ex-marido, que também é suplente de deputado estadual. Ela revelou ainda frustrações por não poder contribuir na pasta de Assistência Social durante o período em que o marido comandou Matupá. Nesse sentido, ela comentou que se sentia como uma estátua impotente.
"Na rua, minhas filhas e eu tínhamos medo de conversar com determinadas pessoas que não eram do partido dele ou que ele tinha brigado. Tínhamos medo, porque quando chegávamos em casa, ele brigava", declarou Edilaine.
Segundo ela, Valtinho Miotto mantinha a conduta mais agressiva por conta da política. "O Valter respira política. Ele é capaz de afastar a própria família porque acha que tudo vai prejudicá-lo na política. As pessoas da sociedade, as mais sensíveis, percebiam que éramos como estátuas. Que fica calada, sem falar, sem responder nada", acrescentou.
Durante a coletiva, Edilaine foi perguntada se Miotto usava seu poder aquisitivo para oprimir, momento em que respondeu que sim, lembrando que o político sempre a fazia sentir que ela não era ninguém e que precisava dele.
"Ele sempre dizia que eu não era ninguém, que eu não tinha profissão, que eu não tinha dinheiro e que eu não era nada. Ele me colocava o mais baixo possível, para que eu não tomasse nenhuma atitude de separação. Na verdade, eu realmente não tinha uma profissão. Fiquei dependente dele. Fui aguentando porque minhas filhas tinham que estudar e talvez elas tivessem as oportunidades que eu não tive", pontuou.
Questionada se, além da violência psicológica e patrimonial, ela sofreu alguma agressão física, Edilaine engasgou a voz e se limitou a dizer: "eu não vou falar sobre isso, mas houve várias coisas".
Separação
Segundo Edilaine, o estopim para o fim do casamento aconteceu no período em que Valter perdeu a eleição e ficou mais agressivo dentro de casa. Ela relata também que quando soube da morte de seu pai, o então marido não deu nenhum abraço.
"Perdi meu pai há pouco tempo e ele não teve a capacidade de ser meu companheiro, de dar os pêsames. E, aproximadamente 10 dias depois, ele começou com agressividade, querendo que eu saísse de casa. Eu estava sofrendo com o luto e ainda estava sendo expulsa da minha própria casa", disse.
Desocupar a casa
Um dos pontos que Valter Miotto alega para que a ex-esposa deixe a casa é que Edilaine não mora mais no Estado. Ela, no entanto, frisou que sempre morou em Mato Grosso, mas que as filhas estudavam em outro estado e por decisão dele "não deixaria de acompanhar minhas filhas".
"A minha residência é aqui. Isso era um acordo que tínhamos para as meninas estudarem fora. Foi uma decisão dele, ele dizia que aqui é o colégio eleitoral dele e poderia ter alguma coisa. Mas era um sofrimento para mim. Tinha que ficar indo e vindo. Muitas vezes, quando eu ia e ele também estava presente. A casa foi construída por nós. Não é uma pessoa que o conheceu há seis meses ou um ano. É uma vida. São 18 anos. Ele diz que são menos, mas são quase 20 anos, se considerarmos o período de namoro e a gravidez. Ele está desconsiderando isso. Não acho justo que eu não tenha direito à minha própria casa. Eu fui companheira dele, como não tenho direito a nada? Não é justo, e é muito triste o que ele está fazendo", acrescentou.
Recurso ao TJ
A defesa conseguiu medidas protetivas favoráveis a Edilaine no ano passado. No entanto, Miotto conseguiu, no TJ, a decisão que obriga Edilaine a deixar a residência. Os advogados dela contestam e acusam Valtinho de violência patrimonial.
"Quando a dona Edilaine veio até nós, já cientes do patrimônio bilionário do casal, ela nos disse o seguinte: eu quero apenas paz. Eu quero apenas ter onde morar, uma vida tranquila. E tudo isso está sendo negado a ela. Vemos notas na imprensa que a acusam de chantagem e extorsão, mas ela não quer nada disso. Ela só quer o que é seu por direito. No início da semana, ela vai desocupar a casa, pois senão o suplente virá com reforço policial para retirá-la de lá. Vamos recorrer dessa decisão e apresentar várias provas no processo, incluindo provas técnicas e áudios das violências sofridas. Existem provas materiais disso. Será tudo apresentado ao desembargador Dirceu nesta semana, e esperamos que a justiça seja feita", declarou o advogado, Marcus Macedo.
NOTA DE VALTINHO MIOTTO
COMUNICADO À IMPRENSA
O ex-prefeito e suplente de deputado estadual Valter Miotto Ferreira vem por meio de sua assessoria jurídica, informar que, lamenta profundamente a propagação de inverdades pela sua ex-esposa perante a imprensa, que acaba por expor a sua família de forma indevida.
A respeito das declarações tornadas públicas por sua ex-esposa, estas destoam da verdade, ocorreram após a ex-esposa, ter tido uma decisão judicial desfavorável aos seu interesses, ressalta também quanto a desocupação do imóvel noticiado pela impressa, que esse conforme já reconhecido pelo poder judiciário, não era a residência de sua ex-esposa, vez que esta estava residindo no Rio Grande do Sul com suas filhas em imóvel também custeado por ele, desde modo o poder judiciário diante das provas apresentadas, bem como a comprovação de que o imóvel foi adquirido antes da convivência do casal, reestabeleceu a posse desta residência a senhor Valter Miotto.
Quanto as medidas protetivas tanto alardeadas pela impressa que foram decretadas pelo juiz do caso, salientamos que conforme este mesmo abordou em sua decisão “no atual estágio do feito, para a aplicação da medida protetiva não se pode exigir certeza de que os fatos realmente se deram como alegado”, deste modo estas medidas foram declaradas com base em uma narrativa unilateral, dos fatos.
Salientamos que acreditamos que a verdade será reestabelecida no curso do processo judicial, conforme já vem ocorrendo.
NOTA EDILAINE CLARO
NOTA À IMPRENSA
Buscando reestabelecer a verdade, a defesa de Edilaine Claro, vem a público manifestar-se acerca da nota pública divulgada pelo ex-prefeito e suplente de deputado estadual Valter Miotto Ferreira.
O primeiro ponto que deve ser esclarecido, é a afirmação MENTIROSA de que estão separados há 03 anos, valendo frisar que a informação é desmentida pela defesa de Valter Miotto no processo, pois afirmou ao juízo que a data do fim do relacionamento foi em 09/10/2023.
Em seguida, afirmou que os pedidos de Edilaine foram rechaçados, mais uma MENTIRA, pois todos os pedidos inerentes a medida protetiva foram deferidos, sendo que o único pedido que foi atendido, e após reformado pelo TJMT, foi o de permanecer na segurança de seu Lar, residência esta construída durante a união do casal, estando hoje Edilaine, hospedada na casa de amigos, pois não possui um lar.
A defesa de Edilaine irá apresentar recurso desta decisão, e ir até última instância buscando que seja permitido que ela, mãe, mulher, vítima de violência doméstica, tenha o direito de morar em seu lar.
Edilaine veio a público, como figura pública, para encorajar mulheres que passam por situações semelhantes como a dela, e assim como ela sofrem caladas, e dizer a todas que é possível dizer BASTA!
Mato Grosso ostenta índices alarmantes de violência contra a mulher, e Edilaine espera poder inspirar outras mulheres vítimas de violência a dizer chega!
Aos que criticam a vítima, só nos resta pedir-lhes mais empatia, e orar para que nunca passem pelo que Edilaine passou em sua vida.
Fabricia Nogueira Alves Demborguski - Advogada
Marcus Augusto Giraldi Macedo - Advogado
Angela
Domingo, 21 de Janeiro de 2024, 05h29Marcos
Sábado, 20 de Janeiro de 2024, 20h43Cuiaba
Sábado, 20 de Janeiro de 2024, 20h03ocuiabano
Sábado, 20 de Janeiro de 2024, 19h13