O presidente do DEM em Mato Grosso, deputado federal Júlio Campos, considerou na manhã de hoje um "tiro no pé" a possibilidade da candidatura do senador Pedro Taques (PDT), ao Governo do Estado, ter uma aliança com o PR nas eleições de 2014. Para ele, uma composição com os republicanos coloca em risco uma vitória do senador, considerado o favorito na disputa ao Governo.
"O doutor Pedro Taques tem uma eleição quase como certa e pode perder a eleição por um acordo mal costurado que a sociedade não vai entender. Um candidato que fala prega a ética, que é o novo, a população vai falar que isso é reborreia, que ele é igualzinho ou pior que os outros”, declarou o democrata em entrevista ao Programa FolhaMix (Rádio MIX FM).
Júlio Campos citou duas experiências que viveu para considerar que a aliança do PR com a oposição não será bem aceita pela população. Em 1998, quando tinha 53% das intenções de voto para o Governo do Estado, ele se uniu ao então senador Carlos Bezerra (PMDB), que tinha 15% nas pesquisas, mas acabou perdendo para o então governador Dante de Oliveira (PSDB), que tinha menos de 20%. Já em 2008, o atual deputado se uniu ao ex-deputado estadual Maksuês Leite para a disputa da prefeitura de Várzea Grande e acabou derrotado para o candidato a reeleição, Murilo Domingos (PR), que era o último nas pesquisas.
Na ocasião, Campos tinha cerca de 40% das intenções de fora e a população não entendeu a aliança. Porém, o deputado acredita que o senador Pedro Taques tem o mesmo posicionamento que a cúpula do DEM. "Ele (Taques) já falou que o candidato a senador do coração dele é Jayme Campos", disse.
Ele falou que os interessados na aliança são o próprio PR e o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), que vem articulando diretamente com os republicanos a composição. “Quem está com esse fogo todo chama-se Mauro Mendes. Considero-o um bom empresário, que ganha dinheiro muito rápido, e um bom gestor para Cuiabá. Mas, essas orientações dele vão arrebentar como uma bomba atômica”, assinalou.
FISIOLOGISMO
O parlamentar também não poupou os republicanos de críticas. Segundo ele, a legenda faz o jogo de interesses econômico-financeiro para firmar aliança com o grupo oposicionista. “O PR não quer perder o espaço que tem no faturamento público. Ele é Governo Federal, Governo do Estado e prefeitura de Cuiabá”, disparou.
Para Campos, o interesse do PR na composição não está apenas na imposição da candidatura do deputado federal Wellington Fagundes ao Senado. Ele destaca que o partido exige ainda um “chapão” para a Assembleia Legislativa, o que considera impossível de se atender, uma vez que a legenda possui sete deputados estaduais com potencial de votos. "É uma bancada de sete deputados que pode acabar em quatro, se não tiver escadinha", colocou.
Por conta destas exigências, Campos acredita que a aliança não será consolidada. “Existe esta questão da chapa e também o vírus da contaminação. O partido tem sete secretarias no Governo do Estado, e o principal defeito, que são as obras públicas, é comandada justamente pelo PR”, explicou.
Caso a aliança da oposição com o PR se consolide, o deputado federal avalia que a criação de uma terceira via é o caminho natural. Neste caso, o senador Jayme Campos (DEM), que é pré-candidato a reeleição na chapa de Campos, assumiria uma pré-candidatura ao Governo do Estado.
Ele já recebeu sinalização do PSD e do PTB de que receberia apoio de ambas as siglas. Além disso, outros partidos que estão na base governista e do próprio grupo que apoia Taques caminhariam com Jayme. “O nome do Jayme não é tão ruim. Agrega vários partidos que estão na base e levaria de quatro a seis partidos que estão com Pedro Taques”, afirmou.