Dois passaportes em nome do servidor Mauro Ferreira Filho foram encontrados em sua casa durante operação da Polícia Civil que investiga um rombo milionário no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). Com salário de R$ 36 mil e carreira de 25 anos no setor financeiro do Judiciário, Mauro está foragido desde a deflagração da Operação Sepulcro Caiado.
Ele é apontado como o braço técnico do esquema de fraudes em depósitos judiciais e tem relação próxima com o empresário João Gustavo Ricci Volpato, preso como líder do grupo. Concursado desde 2000 como técnico judiciário de nível médio, Mauro estava lotado na Divisão de Execução Financeira do TJMT — setor responsável por alimentar e controlar os dados da conta única judicial.
Era dele a atribuição de vincular valores supostamente pagos a processos de execução, atividade que, segundo as investigações, foi manipulada para permitir saques indevidos com base em guias forjadas. A Polícia Civil cumpriu mandado de busca e apreensão na residência de Mauro, localizada no condomínio Florais dos Lagos, área nobre de Cuiabá.
Ele não estava no local no momento da operação, e a filha, que atendeu os policiais, afirmou desconhecer seu paradeiro. No interior da casa, os agentes apreenderam uma série de itens de alto valor, como 24 relógios de diversas marcas, joias, três notebooks, pendrive, tablet, dois passaportes em nome do servidor e um cofre fechado, encontrado no quarto de visitas.
Viúvo e com 54 anos, Mauro é conhecido por frequentar rodas sociais da elite cuiabana, e mantinha vínculos próximos com João Volpato, e amigos em comum. O empresário preso preventivamente e apontado como autor das ações judiciais falsas que viabilizaram os desvios.
Enquanto Volpato articulava os processos fictícios, Mauro era quem operava por dentro do TJ, validando informações inexistentes nas planilhas de controle interno da conta única. Em alguns casos, os valores constavam como quitados antes mesmo da data registrada nos comprovantes, ou com códigos bancários inválidos.
A própria decisão que determinou a prisão do servidor destaca que o “modus operandi” só era possível por meio de inserção deliberada de dados falsos por alguém com acesso privilegiado ao sistema. A operação apura um desvio estimado em mais de R$ 21 milhões, envolvendo ao menos 17 processos judiciais. Além de Mauro e Volpato, também são investigados advogados, empresários e outros servidores públicos. O nome do servidor já consta no banco nacional de mandados de prisão.
ana
Segunda-Feira, 04 de Agosto de 2025, 17h09De olho
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