O governador Mauro Mendes (DEM) cancelou a inauguração da delegacia da mulher em Lucas do Rio Verde, programada para acontecer nesta sexta-feira (6). O motivo seria evitar desgaste político por causa do vice-governador Otaviano Pivetta, ex-prefeito da Lucas, e que é acusado de ter agredido a esposa no dia 7 de julho deste ano.
Conforme o apurou, a inauguração já estava prevista há semanas. Porém, quando o caso Pivetta tornou-se público na semana passada e a repercussão nacional bastante forte, a equipe de Mauro Mendes o orientou a cancelar a inauguração. Não se sabe quando será a nova data da inauguração. Também não foi confirmado se Otaviano Pivetta estaria presente, já que sempre participa dos eventos em seu município.
O adiamento tem objetivo de evitar questionamentos sobre o caso e até uma manifestação pública, já que o silêncio sobre o assunto ainda reina no Palácio Paiaguás e no meio político mato-grossense. Mauro Mendes chegou a comentar o assunto na segunda-feira (2), onde minimizou o episódio alegando que seria caso superado. "Já conversei com ele, a própria esposa dele já se explicou nas redes sociais dizendo que foi um desentendimento, ela se exaltou na hora, já se arrependeu e se retratou em relação a isso. Pra mim, vale a palavra dele a dela", disse durante reunião com lideranças do Democratas (DEM).
Porém, em entrevista ao jornal A Gazeta de quarta-feira (4), Viviane Cristina Kawamoto, afirmou que teria provas de outros tipos de agressão sofrida por ela e que apresentaria à justiça. Ela também afirmou que foi pressionada a gravar um vídeo para desmentir o caso. A gravação teria ocorrido no Palácio Paiaguás, sede do governo do Estado. Viviane também afirmou que ofereceram por duas vezes, dinheiro para que ela assumisse a culpa sozinha do ocorrido.
De acordo com o laudo do Corpo de Bombeiros, assinado pelo 3º sargento do Corpo de Bombeiros, Adriano Ribeiro da Silva, Viviane Kawamoto estava consciente, orientada e com sinais vitais normais. Relatou dores na região da cabeça, lábios, braços e pernas. “Na avaliação secundária foram observadas escoriações e edemas na região do crânio, braços, no dedo anelar esquerdo, coxa esquerda, lábios e na região distal anterior da coxa esquerda”, diz o documento.
No dia 7 de julho deste ano em Itapema, Viviane chamou a Polícia Militar de Santa Catarin, e relatou aos militares que o vice-governador que havia lhe agredido e batido algumas vezes com sua cabeça no sofá. “Que a mesma mostrou aos policiais marcas de vermelhidão em seu rosto, pernas e braço gerado pelas agressões”, diz trecho do documento.
Ainda de acordo com o relato, Otaviano afirmou que sua esposa mordeu sua mão, mas que em nenhum momento a agrediu. “Que por o ‘masculino’ ser vice-governador da ativa no estado de Mato Grosso, a guarnição fez contato com o oficial do dia na qual orientou a guarnição a deslocar com o casal até delegacia de polícia onde o mesmo compareceria para acompanhar o fato, haja vista se tratar de ocorrência de violência doméstica”, diz outro trecho do documento.
Um laudo do Corpo de Bombeiros realizou um exame de corpo de delito em Viviane a pedido do delegado Rafael Chiara, que atendeu o caso. O exame foi solicitado porque Viviane se recusou a realizar o exame no Instituto Médico Legal (IML) em Balneário Camboriú, cidade localizada a 12 quilômetros de distância. Pivetta e Viviane chegaram à delegacia por volta das 19h. O vice-governador de Mato Grosso foi detido e precisou pagar fiança de seis salários mínimos para deixar a delegacia. Ele foi indiciado por crime de lesão corporal leve e o inquérito se encontra no Fórum Criminal de Itapema.