Um grampo realizado pelo Gaeco (Grupo de Ação e Combate ao Crime Organizado) durante as investigações das operações "Ouro de Tolo" e "Arqueiro" mostra a ex-primeira-dama Roseli Barbosa agendando uma reunião com o empresário Paulo Lemes, delator de um esquema de desvio de dinheiro na Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas). À época, Roseli era a titular da pasta.
Na gravação, divulgada nesta terça-feira pelo site Midianews, uma secretária da Setas comunica ao empresário que a ex-primeira-dama gostaria de se reunir com o empresário. “Paulo, a Roseli quer falar contigo”, disse.
Após questionamento do empresário, a assessora de Roseli confirma o horário. “As 6h30, pode ser”, propôs. O empresário concordou com o horário.
Não se sabe se o encontro ocorreu efetivamente. O áudio ainda contrapõe as declarações da ex-primeira-dama, de que teria conversado com o empresário por, no máximo, duas vezes e sempre na presença de outras pessoas. A assessoria da ex-secretária ainda contestou o conteúdo da delação de Lemes. “O conteúdo da delação premiada de Paulo Cesar Lemes é inverídico, merecendo ser recebido com reservas, já que o delator possui direto interesse em incriminar pessoas e obter os benefícios processuais prometidos”, diz trecho da nota.
Investigado inicialmente como operador do esquema de desvio de recursos da Setas, Lemes apontou Roseli como líder do esquema. Segundo a delação, ela ficava com 40% dos lucros dos convênios entre a Setas e institutos de “fachada” gerenciados por ele. O empresário “abocanhava” 36% do esquema, enquanto os 24% restantes eram divididos entre o ex-assessor da secretaria, Rodrigo de Marchi, e o empresário Nilson da Costa e Farias.
Outro citado na delação, o ex-chefe de gabinete do ex-governador Silval Barbosa (PMDB), Sìlvio Cézar Correa de Araújo, teria usado R$ 418 mil desviados para quitar uma dívida com empresário. O recurso é referente a um empréstimo feito para bancar a campanha do ex-vereador Lúdio Cabral (PT) a prefeitura de Cuiabá em 2012.
Roseli, Rodrigo, Nilson e Sílvio foram presos pelo Gaeco no último dia 19 de agosto na "Operação Ouro de Tolo". Contudo, eles foram beneficiados com habeas corpus uma semana depois. Roseli, Sílvio e Nilson conquistaram a liberdade por meio de decisão do ministro do STJ, Reynaldo Soares da Fonseca, enquanto Rodrigo foi beneficiado com liminar do desembargador Orlando Perri, do Tribunal de Justiça de Mato Grosso.
Lelo
Terça-Feira, 01 de Setembro de 2015, 19h39