Há exatos 30 anos Dante de Oliveira, ex-governador do Estado, teve na data de 25 de abril negada pela Câmara dos Deputados emenda de sua autoria para restabelecimento das eleições diretas para presidente da República. No mesmo período, Dante conquistava um passo mais longo: a reação de líderes políticos que em nome de um ideal somaram forças, mesmo em campos adversários, assegurando uma mobilização de massa que resultou na plena redemocratização do país.

Dante se transformou no maior ícone desse cená-rio histórico, um símbolo nacional da luta contra o regime ditatorial, com reconhecimento capaz de atravessar as barreiras das adversidades partidárias e de nichos políticos. É o que se verifica na leitura de representantes de partidos no Estado, ao avaliar a importância do feito do estadista mato-grossense para a nação.

Ex-primeira dama de Mato Grosso, Thelma de Oliveira define o momento como “único”, ressaltando a grandeza do movimento à época que levou as ruas milhões de brasileiros “sem violência e pelo direito de escolha do representante da sociedade”. Também observou que esse mesmo reconhecimento pela sociedade nem sempre é verificado em Poderes Constituídos. “Sinto que nos Poderes não há um desenvolvimento pleno desse reconhecimento. Se nota que não há envolvimento de parte dos governantes”.

Ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos (PSDB), destacou que “as novas gerações não podem avaliar com a mesma propriedade a liberdade, porque não viveram no regime da ditadura”, em menção ao sentimento popular sobre o movimento Diretas Já. “A gente precisa olhar o passado e aprender”.

Acrescentou que “Dante Martins de Oliveira foi sem dúvida um ícone que abriu o caminho para a conquista da eleição direta à presidência e para a redemocratização do país”. O ex-gestor frisou ainda que “é preciso ter orgulho de um mato-grossense ilustre que deu uma contribuição extraordinária, no maior movimento de massa do país”.

LEGADO

Há cerca de dois anos, o então governador em exercício, vice-governador Chico Daltro (PSD), assinou em solenidade na Assembleia Legislativa, decreto que instituiu comissão para criação do Memorial Dante Martins de Oliveira. Em sua decisão, estava inserida a bagagem de militância política com o tucano, refletida em parceria na gestão pública do Estado. “A trajetória e os trabalhos de Dante de Oliveira que marcaram o processo mais profundo de mudança do país, com a redemocratização, deixa assinalado na história um legado que jamais será esquecido. Sempre é preciso reconhecer, com ações que reforçam esse significado para nós mato-grossenses”, disse Chico Daltro ao se reportar à sanção governamental, de outubro de 2013, à Lei de autoria de Valdizete Nogueira (deputado estadual em 2012), que denomina de Rodovia Pantaneira Governador Dante Martins de Oliveira a Rodovia MT-040.

O autor da referida Lei frisou os trabalhos realizados no Estado, por meio de audiências públicas, que culminaram na legislação. “É uma homenagem a Dante por toda a sua contribuição ao Estado e para o país, que ajuda a manter viva a história desse importante representante do Estado”, disse Valdizete.

O senador Jayme Campos (DEM) disse que “esse é um momento muito importante porque lembra a redemocratização do país para cada um dos brasileiros. Vive-se um novo momento, como um país democrático e com imprensa livre, graças a ação iniciada por Dante de Oliveira”. Presidente estadual do PR, deputado federal Wellington Fagundes, reiterou a necessidade de serem feitas ações constantes para a preservação da memória de símbolos da história política do país, como Dante, um dos mais brilhantes filhos da terra”.3