O presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), deputado Max Russi (PSB), afirmou que não enxerga perspectiva de melhora para o equilíbrio fiscal do Brasil. Em entrevista ao podcast da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), ele disse que a situação é crítica porque não há interesse tanto do governo Federal quanto do Congresso Nacional, principalmente no corte de despesas.
“Para ser bem sincero, hoje, não tem como você ver uma luz no fim do túnel. É preocupante. A dívida brasileira aumentando de forma astronômica, os juros altos inviabilizando o setor produtivo, inviabilizando investimentos, a indústria, o comércio de uma maneira geral”, declarou.
Russi Na avaliação do parlamentar, não há sinalização de interesse por parte dos poderes em adotar medidas concretas. “Se você falar: 'Mas o que você vê de solução?' Eu confesso que não vejo, por parte do governo Federal, mas também do Congresso, sinalização nesse sentido”, completou.
As declarações de Russi acontecem em meio a mais um pacote de medidas tributárias apresentado pelo governo federal na tentativa de conter o rombo fiscal. O déficit público para 2025 ainda é estimado em R$ 31 bilhões, conforme dados do Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do 2º Bimestre.
Com isso, o governo anunciou um conjunto de propostas que tenta compensar, no orçamento deste ano e dos próximos, a frustração de receitas com o recuo no aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que enfrentou forte resistência do sistema financeiro e de parlamentares.
Entre as novas medidas estão o aumento da tributação sobre apostas eletrônicas (bets), fintechs, criptoativos e títulos incentivados como a Letra de crédito do agronegócio (LCA), além de mudanças no Imposto de Renda sobre investimentos e na tributação dos juros sobre capital próprio.
Mesmo com a tentativa do governo de ampliar a arrecadação, o Congresso Nacional tem reagido. Na última segunda-feira (16), a Câmara dos Deputados aprovou, por 346 votos a 97, a urgência para a tramitação do Projeto de Decreto Legislativo (PDL 314/25), que pode suspender os efeitos do recente decreto presidencial que alterou as regras do IOF.
Segundo Max Russi, a ausência de uma articulação clara e eficaz entre os poderes agrava a instabilidade fiscal e gera incertezas ao mercado. "Vi uma fala do Hugo Motta, que eu gostei bastante. Ele disse: 'aqui ninguém perder nada, todos os setores não aceitam ajustar'. O governo não aceita ajustar, o deputado não aceita, outro setor não aceita. Ou seja, ele disse 'vamos ter que chegar no fim do túnel, inviabilizar tudo, para depois pensar em alguma coisa", finalizou.
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