Durante a sessão plenária desta terça-feira (28), a vereadora Michelly Alencar (União Brasil) usou a tribuna para expressar sua indignação com o crescimento alarmante de casos de feminicídio em Mato Grosso. Em um discurso contundente, ela destacou que o enfrentamento à violência contra a mulher exige, além da punição, ações efetivas de prevenção e políticas públicas voltadas à saúde mental, tanto para potenciais agressores quanto para vítimas em situação de vulnerabilidade.
“Não podemos continuar assistindo a esses crimes se multiplicarem, dobrando as estatísticas, enquanto permanecemos de braços cruzados. O caso recente da jovem Gabrieli, brutalmente assassinada por seu companheiro — um policial, alguém que deveria proteger a sociedade — é revoltante e inaceitável”, afirmou a parlamentar.
Segundo a vereadora, a discussão sobre saúde mental deve estar no centro das estratégias de combate à violência de gênero. “É urgente reforçarmos as políticas de saúde mental, ampliar a prevenção e garantir que esses agressores sejam parados antes que façam novas vítimas. A punição é necessária, mas a prevenção é fundamental. Basta de feminicídio!”, completou.
Michelly Alencar já é conhecida por liderar ações voltadas à saúde e ao bem-estar das mulheres, como o projeto “Mulheres em Ação”, e reforçou seu compromisso em propor e apoiar iniciativas que tratem a violência de gênero como uma questão social e de saúde pública.
Retrato do feminicídio em Mato Grosso
De acordo com relatório da Polícia Civil de Mato Grosso, 83% das vítimas de feminicídio no estado foram mortas em seu próprio ambiente doméstico. O diagnóstico aponta que, em 2023, 47 mulheres foram assassinadas, sendo que 41 delas eram mães, com idades entre 18 e 39 anos.
Além disso, nove dessas mulheres foram mortas na frente dos filhos, evidenciando o impacto devastador da violência também sobre as crianças. Os casos ocorreram em 28 cidades do estado, sendo setembro o mês mais violento, com oito crimes registrados.
Um dos casos mais brutais foi o assassinato de Leidiane Ferro da Silva, de 43 anos, morta com diversos golpes de faca pelo companheiro enquanto servia o jantar, em abril de 2024, na cidade de Peixoto de Azevedo. A cena foi presenciada pelo filho e pela enteada da vítima, que buscaram ajuda, mas Leidiane não resistiu.
Cuiabá em alerta
A capital do estado também apresenta dados preocupantes. Em 2024, Cuiabá já registrou 4 feminicídios, sendo uma das cidades com maior número de ocorrências em Mato Grosso.
Na Região Integrada de Segurança Pública da capital, houve um aumento de 267% nos assassinatos de mulheres, saltando de 2 casos em 2023 para 7 em 2024.
Entre os crimes registrados:
83% ocorreram dentro do lar da vítima
Apenas 17% das vítimas haviam denunciado os agressores previamente
Somente uma das vítimas tinha medida protetiva em vigor.
Com 47 feminicídios registrados em 2025 até agora, Mato Grosso lidera o ranking nacional com a maior taxa proporcional de feminicídios: 1,23 por 100 mil habitantes.