Relator do inquérito da "Operação Ararath" que tramita no Supremo Tribunal Federal, o ministro Dias Toffoli sugeriu ontem o desmembramento das investigações que apura um esquema bilionário de lavagem de dinheiro, fraudes e crimes financeiros em Mato Grosso. A decisão sigilosa com a proposta já foi encaminhada ao procurador geral da República, Rodrigo Janot, que emitará parecer se aceita ou não a sugestão do ministro do STF.
Às véspera do início do recesso forense, que se inicia nesta quinta-feira, a decisão de Dias Toffoli foi por "ofício", ou seja, sem pedido formal por parte de nenhum dos 10 investigados no inquérito que está em suas mãos. Um fato interessante é que noutras oportunidades, Toffoli e outros ministros do STF, haviam negado a divisão do inquérito nos anos de 2014 e até mesmo 2015.
As decisões anteriores fizeram com que toda investigação permanecesse na corte suprema devido ao suposto envolvimento do senador Blairo Maggi (PR) conforme acusações feitas pelo empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, o "Júnior Mendonça". Após ser alvo da primeira fase da "Operação Ararath" em novembro de 2013, o empresário entregou todo esquema baseado em empréstimos milionários através de seu "banco pirata".
Com o provável desmembramento da "Operação Ararath", o único investigado que continuará nas mãos de Dias Toffoli é somente o senador Blairo Maggi. Aliás, o senador anunciou que pretende trocar o PR pelo PMDB para disputar novamente o mesmo mandato, em 2018, ou até mesmo compor uma chapa como candidato a vice-presidente na chapa do ex-presidente Lula.
Já os outros 10 que estão no inquérito 3842 terão que ser encaminhados conforme sua prerrogativa de foro ou não. Por exemplo, as investigações contra o ex-governador Silval Barbosa (PMDB), ex-secretário Éder Moraes Dias, ex-deputado estadual José Riva (PSD), ex-conselheiros Humberto Bosaipo e Alencar Soares Filho ficarão na Justiça Federal, em Cuiabá.
Já o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), será investigado no Tribunal Regional Federal e o promotor Marcos Regenold Fernandes no Tribunal de Justiça. No Superior Tribunal de Justiça, ficarão as investigações contra o conselheiro Sérgio Ricardo de Almeida e o desembargador afastado, Evandro Stábile.
Além dos 10 investigados, a "Operação Ararath" tem outros alvos. Além de sete denúncias penais em primeira instância na Justiça Federal, outras 100 pessoas físicas e jurídicas são investigadas em dezenas de inquéritos comandados por uma força tarefa do Ministério Pùblico Federal.