Neurilan recua de disputa a Câmara

 

Neurilan Fraga, presidente da associação dos prefeitos (AMM) continuará naquela função até dezembro, quando vence seu mandato de dois anos. Seu projeto de candidatura a deputado federal pelo PSD saiu de seus planos, segundo ele. A desistência da disputa eleitoral é apenas mais um dente da complexa engrenagem política, que também chega ao cerne de instituições ditas apolíticas. 

A justificativa apresentada por Neurilan para a desistência, segundo ele, passa pelo corporativismo. Dezenas de prefeitos teriam pedido para que ele continue no cargo, por duas razões: seu trânsito em Brasília e o fortalecimento da AMM em sua luta pelo recebimento pontual das transferências constitucionais, principalmente no tocante ao repasse da Saúde Pública, que em alguns municípios estariam com até sete meses em atraso. 

Uma fonte ligada a Neurilan concorda com sua versão, mas acrescenta que o principal fundamento para a permanência dele seria o fato de a entidade continuar liderada por um executivo, ao invés de um prefeito, que nessa função não poderia polemizar com o governo estadual por temer retaliação. A mesma fonte observa que os vice-presidentes da AMM são prefeitos de pequenos municípios e que eles não se sentiriam à vontade para o enfrentamento, o que não acontece com Neurilan, que desde janeiro do ano passado não é mais prefeito. 

Um integrante do grupo de prefeitos que apoia Neurilan acredita que sua desistência é um dente da engrenagem que disputa o Palácio Paiaguás. Segundo ele, o presidente foi aconselhado por companheiros a continuar na função para evitar que a AMM “passe a rezar pela cartilha do deputado estadual Nininho (PSD)”, que tem forte ascendência sobre o primeiro vice-presidente Mauro Rosa, prefeito de Água Boa e também do PSD. “Se isso acontecesse (Mauro Rosa assumindo o cargo) nosso grupo seria sufocado pelo governador Pedro Taques, já que Nininho é deputado de sua base de apoio”, resumiu.