Novacki é apontado como “ministeriável” de Bolsonaro

 

Um estudo sobre cenário político, realizado pela consultoria Arko Advice logo após a vitória de Jair Bolsonaro (PSL) no domingo (28), e divulgado nesta terça-feira (30), relaciona Eumar Novacki, coronel da Polícia Militar de Mato Grosso, como um dos “ministeriáveis” na corrida para assumir o Ministério da Agricultura.

Novacki é o atual secretário executivo da pasta e considerado braço direito do ministro Blairo Maggi.

No estudo, seu nome está relacionado junto a outros três: Nabhan Garcia, produtor rural e amigo de Bolsonaro; Tereza Cristina, deputada federal pelo DEM e presidente da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA); e Luis Carlos Heinze, deputado federal pelo PP.

Segundo apurou o MidiaNews, Novacki, apesar de ser considerado pela Arko como “conselheiro de Bolsonaro no setor agrícola”, corre por fora pela indicação a ministro.

O favorito é Nabhan Garcia, considerado um dos principais articuladores do presidente eleito no segmento.

Mesmo assim, Garcia sofre resistência da bancada ruralista, por ser considerado extremamente radical – ele defende, por exemplo, a saída do Brasil do Acordo de Paris e o fim do diálogo com o MST.

O principal obstáculo de Garcia, portanto, é na esfera política, mas caso consiga contornar a pressão contrária, sobretudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e da Frente Parlamentar da Agricultura, muito provavelmente será o indicado.

Já Tereza Cristina e Heinze foram justamente indicados pela FPA. Eles estão sintonizados com a política adotada pelo ministro Blairo Maggi e são contrários à fusão da Agricultura com o Meio Ambiente, anunciada por Bolsonaro.

No estudo, a Arko descreve Tereza, natural de Campo Grande (MS), como experiente e responsável por liderar a maior parte dos projetos prioritários do agronegócio no Congresso, como mudanças no processo de licenciamento ambiental e a Lei dos Agrotóxicos.

Heinze é considerado, pelo estudo, como defensor das bandeiras do agronegócio, com foco em questões como frete, Lei do Seguro Agrícola, refinanciamento de dívidas e mudanças no Código Florestal.

Alerta sobre fusão e permanência de Maggi  

A Arko Advise afirma que Eumar Novacki, presidente dos conselhos de administração da Conab e Embrapa, alerta que a provável fusão entre os ministérios da Agricultura e Meio Ambiente pode ser mal interpretada pelos mercados internacionais.

Ele não se posicionou contra a ideia, mas afirmou, em entrevistas recentes à imprensa, que o mercado global poderá interpretar a fusão como retrocesso em relação à proteção ambiental, e prejudicar os planos do Brasil de ampliar para 10% sua participação no comércio mundial – hoje, essa fatia é de 7%.

Por outro lado, Novacki afirma que a fusão poderá reduzir a burocracia e acabar com a “indústria da multa” do setor.

Outro ponto considerado favorável ao coronel da PM é a experiência adquirida no ministério e seu “perfil técnico”. O próprio presidente eleito já anunciou que priorizará escolhas técnicas para a formação de sua equipe.

Desde que assumiu a pasta, em 2016, a gestão Maggi realizou várias reestruturações e adequações em rotinas, até então burocráticas e obsoletas, que deram dinamicidade e ampliaram as exportações, por exemplo. Novacki esteve à frente de todas essas mudanças e construiu bom relacionamento e trânsito no Congresso.

Em síntese, na disputa pelo comando da Agricultura, pode-se dizer que Novacki só emplacará caso o setor ruralista vença a queda de braço com o núcleo político de Bolsonaro e vete Nabhan Garcia, mas também tenha que indicar uma terceira via, ou seja, alguém além de Tereza Cristina e Heinze.

O atual ministro Blairo Maggi (PP), que possui bom relacionamento com Bolsonaro, é defendido pela maioria do segmento, que quer sua permanência no cargo. Maggi, no entanto, já sinalizou que dificilmente aceitaria diante do anúncio da fusão da pasta com o Meio Ambiente.