Domingo, 25 de Março de 2018, 15h:05 | Atualizado:
FRAUDE NOS ÓCULOS
Convênio de R$ 3,5 milhões foi firmado apenas para Estado pagar divida do ano anterior; não houve fornecimento de produto
O Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), por meio do conselheiro substituto Luiz Carlos Pereira, notificou a ONG Razão Social, que em 2011 recebeu R$ 3,5 milhões do Governo de Mato Grosso por meio de um convênio para realizar exames oftalmológicos e fornecimento de óculos, a pagar uma multa de R$ 1.383.323,53 por irregularidades na prestação do serviço. A ONG já tinha sido condenada em 2014, mas sucessivos recursos adiaram o pagamento.
Em 2018, quando o Poder Público tentou localizar a ONG para cumprir a decisão, constatou que ela tinha mudado de endereço. O “sumiço” da ONG obrigou o TCE-MT a notifica-la “via edital” - circunstância onde não é possível localizar uma das partes para convoca-la a fazer parte do processo, ou cumprir uma decisão, publicando o despacho na imprensa oficial ou particular.
A corte de contas estipulou que o pagamento deve ser realizado até o dia 6 de abril de 2018. A determinação é da última quarta-feira (21).
“Sendo assim, notifico, via edital, o Instituto Organização Razão Social [...] O valor foi atualizado pelo índice de inflação oficial (IPCA) até o dia 21/02/2018, totalizando o valor de R$ 1.383.323,53 vencível em 06/04/2018, devendo ainda ser corrigido monetariamente na data do efetivo recolhimento”, diz trecho da determinação.
O TCE-MT afirma que o dinheiro será recolhido para o Fundo de Reaparelhamento e Modernização do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso e alertou a ONG que, em caso de não pagamento, ações judiciais poderão ser propostas pelo órgão. “A multa deverá ser recolhida ao Fundo de Reaparelhamento e Modernização do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso [...] Caso os débitos não sejam quitados, os autos serão encaminhados ao órgão competente para a propositura de execução judicial”, informou o TCE-MT.
De acordo com informações do processo, a Organização Razão Social firmou um convênio com o Governo do Estado em 2011, sob a gestão Silval Barbosa (sem partido), para fornecer atendimento oftalmológico à população de Mato Grosso. Contudo, irregularidades na prestação do serviço, como a falta de plano de trabalho para descrição das atividades, além dos bens ou serviços a serem adquiridos, comprometeram sua execução.
O Poder Público também não teria justificado a escolha da ONG – que na época se chamava IDEP. “Diante da não apresentação de minuta ou memorial descritivo justificando a escolha do IDEP que não há nos autos Plano de Trabalho com descrição completa do objeto a ser executado, dos bens ou serviços a serem adquiridos, informações essas suficientes para caracterizar de modo preciso sua viabilidade técnica, os custos, as fases e as etapas de execução”, relata o voto do Conselheiro Substituo Luiz Carlos Pereira, de agosto de 2014.
O TCE-MT também apontou para falta de licitação na contratação dos serviços, além da inexistência de fiscalização por parte da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT), como prevê a legislação.
DELAÇÃO DE SILVAL
O ex-governador Silval Barbosa delatou um esquema de cobrança de propina envolvendo o fornecimento de óculos para a população carente do Estado. Segundo ele, o Idep foi criado justamente para que o contrato com o Governo do Estado fosse fraudado.
Silval explicou que o esquema iniciou em 2010, ano em que substituiu Blairo Maggi a frente do Palácio Paiaguas. Ao Ministério Público Federal, Silval contou que a prestação de serviços excedeu em R$ 3,5 milhões. Os valores não foram inicialmente pagos, o que gerou cobrança por parte do proprietário da empresa.
Diante das cobranças, o ex-secretário Eder Moraes deu a “ideia” fraudulenta para pagar a dívida com a empresa. "Diante das cobranças, Eder Moraes deu a idéia de criar uma Oscip pelo próprio proprietário da empresa que prestou os serviços, chamada Idep, no ano de 2011, a fim de viabilizar os pagamentos que restaram do programa anterior do ano de 2010, pois restava uma dívida de R$ 3,5 milhões",diz a delação.
Ainda conforme Barbosa, o pagamento foi realizado sem a prestação dos serviços – fornecimento de óculos -, somente para regularizar o atrasado. “O pagamento foi realizado via Idep sem a correspondente prestação de serviço somente para regularizar o atrasado com a previsão das mesmas prestações de serviço, porém não prestados, foi simulado e assinado com o governo”, descreve.
É relatado também pelo ex-governador que o contrato simulado foi assinado pelo governo e pago pela Casa Civil.
Joanna
Segunda-Feira, 26 de Março de 2018, 09h38Marta
Segunda-Feira, 26 de Março de 2018, 08h47Aquino
Segunda-Feira, 26 de Março de 2018, 05h38J. Reis
Domingo, 25 de Março de 2018, 23h13AMANDA AFREDO
Domingo, 25 de Março de 2018, 22h17O CUIABANO
Domingo, 25 de Março de 2018, 21h08O CUIABANO
Domingo, 25 de Março de 2018, 21h06Galileu
Domingo, 25 de Março de 2018, 19h57analista social
Domingo, 25 de Março de 2018, 17h08Zeca
Domingo, 25 de Março de 2018, 16h26Pedro
Domingo, 25 de Março de 2018, 15h56