Três servidores da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, dois empresários e quatro pessoas utilizadas como "laranjas" estão entre os alvos da Operação Iterum, deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (4). A ação policial visa desmantelar uma quadrilha investigada pelo desvio de recursos públicos federais destinados à Saúde de Cuiabá, causando prejuízo estimado de R$ 13 milhões aos cofres públicos.

Um dos servidores investigados já estava afastado em decorrência da intervenção decretada na Pasta em março deste ano pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), ocasião em que um gabinete com servidores designados pelo Governo do Estado assumiu o comando da Secretaria Municipal de Saúde com previsão de término em 31 de dezembro deste ano. Os outros ainda não foram afastados.

Na ação, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão em residências e empresas, incluindo um condomínio de luxo, em Cuiabá. Casas de luxo e um prédio também receberam as visitas dos agentes da Polícia Federal e servidores da Controladoria Geral da União (CGU). 

Uma advogada que atua numa empresa de tecnologia também foi alvo da operação. De acordo com a PF, durante as investigações, foram encontradas inconsistências graves na execução de um contrato de serviços de tecnologia firmado pela prefeitura no período de 2017 a 2022 com uma empresa de informática. Tal período corresponde à gestão atual do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB). 

As análises realizadas com o apoio do órgão de controle não encontraram evidências da prestação efetiva dos serviços contratados, nem de sua correlação com os respectivos pagamentos. Os investigados podem sofrer penas de até 30 anos de reclusão devido aos crimes imputados a eles.

O modus operandi desse esquema consistia na contratação de serviços amplos de assessoria na área de informática, incluindo desenvolvimento e manutenção de softwares, sem o fornecimento de equipamentos. No entanto, segundo as investigações, esses serviços simplesmente não eram prestados. Os relatórios dos fiscais dos contratos não continham informações consistentes sobre a execução dos serviços contratados.