A busca e apreensão no apartamento do governador de Mato Grosso só foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, José Antônio Dias Toffoli, porque o empresário Gércio Marcelino Mendonça, o “Júnior Mendonça”, revelou a existência de um caderno com anotações de empréstimos contraídos pelo chefe do Executivo e que seriam anotados nas folhas. Silval foi alvo na manhã de ontem na quinta fase da “Operação Ararath”, que desde novembro investiga um esquema de lavagem de dinheiro através de postos de gasolina e factorings.
Na delação premiada feita a Polícia Federal e Ministério Público Federal, o empresário detalha que pagou em 2010 uma série de contas na campanha do governador a reeleição. Somente para o instituto de pesquisa Ibope, foram repassados R$ 300 mil através do ex-secretário de Fazenda, Casa Civil e Copa, Éder Moraes, preso na operação.
“Júnior Mendonça” ainda revelou que em setembro de 2010 foi ao apartamento acompanhado do ex-secretário de Fazenda e atual diretor administrativo e financeiro do MT-PAR, Edmilson José dos Santos, quando o próprio governador lhe solicitou R$ 7 milhões emprestados. O empresário só emprestou R$ 4 milhões através de cheques fracionados, espécie e pagamento de contas de campanha cobrando juros de 3% ao mês.
O CADERNO
Somente no dia 24 de abril de 2014, após ser reeleito, o governador recebeu “Júnior Mendonça” para acertar a dívida contraída. Durante o encontro, Silval Barbosa, segundo o empresário, o governador “folheou, diante dos seus olhos, um caderno espiral de tamanho universitário para conferir a dívida”.
Para dar caminho a PF, “Júnior Mendonça” acrescenta que “ouviu dizer” que o governador mantém também seu apartamento no Jardim das Américas um caderno com supostas anotações. Ao usar as declarações, o procurador da República, Rodrigo Janot a busca servirá para “elucidar a cadeia de contatos e relacionamentos que possibilitaram a contratação dos empréstimos”.
Em sua decisão, Dias Toffoli só autorizou a varredura na residência do governador e não no gabinete. O ministro considera a medida necessária para “constituir prova material e auxiliar na demonstração dos crimes sob investigação”.
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