A troca de comando da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, segundo o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), se deu por uma questão absolutamente normal dentro de uma administração pública, uma "reoxigenação" da gestão que inclui outras mudanças a serem oficializadas em breve. A saída de Ozenira Félix, que comandava a pasta desde outubro de 2020, também foi uma maneira que Pinheiro disse ter encontrado para poupá-la de "injustiças e acusações infundadas" que vinha sendo submetida.

Para comandar a Secretaria de Saúde, o prefeito nomeou na última terça-feira (15), o administrador Célio Rodrigues da Silva, diretor da Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP). A troca foi realizada em meio ao avanço dos trabalhos da CPI dos Medicamentos, instaurada pela Câmara de Cuiabá e da Operação Overpriced, que segue investigando compra em excesso de medicamentos e preços superfaturados, feitas em meados de junho e julho de 2020 quando Luiz Antônio Pôssas de Carvalho era o secretário de Saúde.

Ocorre que reflexos dessa investigação respingam em Ozenira Félix que levou adiante ações de governo e manteve em vigor contratos firmados por Pôssas e que são contestados por vereadores da oposição, pelo Ministério Público Estadual (MPE) e investigados pela Delegacia Delegacia Especializada de Combate à Corrupção em Mato Grosso (Deccor) no bojo da Operação Overpriced.

Nesse contexto, o prefeito foi questionado por jornalistas na manhã desta quinta-feira (17) se ele substituiu a então secretária Ozenira Félix por medo que ela viesse a ser alvo de alguma operação. Pinheiro garantiu que não, explicando que a troca já estava prevista, que deveria ter ocorrido há algum tempo e foi oficializada agora para poupar a gestora de “injustiças” que vinha sofrendo.

“Em hipótese alguma”, respondeu Emanuel que continuou: “Ela sabia já, na nossa conversa, no meu polo, já era pra ter acontecido há uns 60 dias, ela sabia disso. Todos sabiam. A reoxigenação na gestão é pra valer, já falei que vou anunciar mais dois ou três até o final de mês, vou estar remanejando secretários. Aqueles que já cumpriram a missão poderão cumprir outras missões, mas vou fazer isso na gestão e a Ozenira sabia”, garantiu Emanuel Pinheiro.

Conforme o emedebista, Ozenira Félix já deveria ter deixado o comando da Saúde há algum tempo. “Eu estava vendo muita injustiça com a secretária Ozenira, que é uma grande técnica, uma grande secretária, uma pessoa da minha confiança pessoal, séria, correta, competente. Entendi que ela estava sendo vítima de muita injustiça e não tinha como perdurar mais. Ela já estava segurando até eu poder construir um modelo que quero para os próximos anos na saúde do Município”, comentou o Emanuel.

Ozenira Félix é uma servidora de carreira com perfil técnico e exercia o cargo de secretária de Governo antes de assumir a Saúde de forma interina em 1º de outubro de 2020 quando Luiz Pôssas de Carvalho foi exonerado da função ao ser alvo da 1ª fase da Operação Overpriced, deflagrada de forma conjunta entre a Polícia Civil por meio da Deccor e o Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) para investigar suspeita de superfaturamento de até 400% na compra de medicamentos para tratar pacientes infectados por Covid-19.