Presidente do PSDB em Mato Grosso, o deputado estadual Carlos Avallone acredita que a polarização entre esquerda e direita pode ser uma oportunidade para que o partido tucano se reconstrua e ganhe força nas eleições municipais de 2024. A sigla vem se esfacelando no Estado desde 2018, quando o então governador Pedro Taques disputou a reeleição e foi derrotado, entrando para a história da política mato-grossense como o primeiro governador a perder uma reeleição. 

Em entrevista nesta segunda-feira (15), ao Jornal de Meio Dia, da TV Vila Real, o parlamentar frisou que a legenda não apoiou Jair Bolsonaro (PL) em 2018 e muito menos Lula (PT) em 2022. Para ele, o PSDB irá ser uma espécie de "terceira via" para as eleições municipais ainda polarizadas principalmente em Cuiabá, que já conta com os nomes de Abílio Júnior (PL), Fábio Garcia ou Eduardo Botelho (União) e Lúdio Cabral ou Rosaneide (PT), todos apontados como pré-candidatos. 

“Estou surpreso positivamente com a procura que está havendo no PSDB por causa da polarização direita-esquerda, um desgaste muito grande, agressividade muito grande, sendo necessária mudanças na legislação por causa da postura. As pessoas estão procurando um caminho mais equilibrado e o PSDB tem essa posição. Não estávamos com o governo anterior (Bolsonaro) e não estamos com o atual (Lula)”, explicou o legislador. 

O deputado disse ainda que a Cuiabá passa por uma polarização que não envolve ideologia política, mas sim, “desavenças pessoais” entre o governador Mauro Mendes (União) e o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB). “Nesse momento, essa situação polarizada favorece partidos como o PSBD para mostrar que existe outro caminho”, acredita Avalone.

Para explicar o definhamento da legenda no Estado, que ocorre desde 2018 com a derrota de Pedro Taques, o deputado relembrou a fala de um dos maiores políticos de Mato Grosso e fundador do partido, o ex-governador Dante de Oliveira (falecido em 6 de julho de 2006), que dizia: “partido que não tem candidatura majoritária se definha e acaba”.  “Talvez um do problemas do PSDB foi na última eleição (2022), onde não lançamos nenhuma candidatura e isso é ruim. Por esta polarização acabamos por não ter essa candidatura”, acrescentou.

No entanto, em 2024 isso não irá ocorrer, na avaliação de Carlos Avalone. Sem citar nomes, o tucano antecipou que o PSDB pretende lançar candidatura própria não só na Capital como em várias cidades do Estado. “Eu já tenho 39 candidatos a prefeito, 25 candidatos a vice-prefeito 103 municípios com candidatos a vereador”, destacou. 

DERROCADA – Considerado um dos maiores partidos em Mato Grosso, o PSDB se apequenou nas últimas eleições, principalmente após Pedro Taques não se reeleger para governador em 2018 e Nilson Leitão que era deputado federal, ser derrotado na disputa ao Senado. Após a derrota nas urnas, Taques se desfiliou da sigla tucana. 

Em 2022, além de não lançar candidatura própria, o "ninho" perdeu um importante tucano: o deputado estadual e ex-prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, que deixou o partido e se filiou ao PSD após 20 anos. A legenda não elegeu nenhum senador ou deputado federal nas duas últimas eleições e possui somente Carlos Avallone como representante na Assembleia Legislativa.

Na Câmara Municipal de Cuiabá conta apenas com Ricardo Saad, que está no lugar de Renivaldo Nascimento, reeleito em 2020 e atualmente secretário municipal de Meio Ambiente. O PSDB chegou a contar com quatro cadeiras em 2016, uma perda de 75%.