O senador Wellington Fagundes (PL-MT), relator da Comissão Temporária da Covid-19, voltou a defender junto ao ministro Paulo Guedes, da Economia, a revisão dos valores dos programas de auxílio à população mais vulnerável. Inclusive, do auxílio emergencial, hoje na faixa média de apenas R$ 200,00. Fagundes se mostrou preocupado com o que chamou de “grave aumento” da pobreza e da desigualdade social no Brasil.
“A pandemia escancarou para o País o grande número de invisíveis. Esses não apareciam nas estatísticas oficiais e precisam de muito auxílio para superar o desafio de vencer a pobreza e se tornarem pessoas produtivas que contribuam para o País” – disse o parlamentar mato-grossense.
Guedes confirmou a extensão do auxílio emergencial, que terminaria em 31 de julho, pelo menos até outubro, quando, segundo ele, a vacinação em massa permitirá a aceleração do crescimento da economia e a queda do desemprego.
— Quem dirige o auxílio emergencial não é a economia, não é sequer a política. É a pandemia. Se a pandemia continuar fora de controle em novembro, vamos ter que renovar de novo o auxílio emergencial [além de outubro], mas não é a expectativa no momento.
Esta não é a primeira vez que Fagundes cobra do ministro Paulo Guedes o aumento dos valores dos programas sociais. Em março, em reunião da CT da Covid-19, ele e demais senadores pediram que o valor de R$ 600,00 fosse mantido na nova rodada do auxílio. O Governo, no entanto, reduziu o valor alegando questões fiscais. Para o senador, a pobreza precisa ser combatida para não se transformar numa pandemia semelhante à do coronavírus.
Na nova reunião com o ministro, o relator da Comissão Temporária do Senado destacou a necessidade de uma melhor distribuição de renda. “Sabemos que isso não é um problema do Brasil, não, porque a concentração de renda na pandemia também está sendo mundial” – assinalou. Também pediu uma definição mais clara dos instrumentos de ajuda, tendo como base os Centros de Referência de Assistência Social, os CRAS. Segundo o senador, “há muita gente que recebe e que não precisa, e muitos que precisam recebem muito pouco”.
Guedes explicou que quando desenhou o auxílio emergencial com R$ 200,00 partiu da pressa de não saber quanto tempo vai durar a pandemia, mas se durar um ano, dois anos, será possível garantir esse valor menor. “Tenho fôlego para chegar lá" - salientou. Isso não seria possível com R$ 600,00. “
“Nosso auxílio emergencial começou com R$ 600,00 depois baixou para R$ 300,00 e, em vez de 68 milhões de pessoas, hoje nós estamos com 40 milhões de pessoas, mas estamos, cada vez, focalizando mais. É por isso que estamos gastando menos dinheiro e com as pessoas que realmente precisam” – frisou o ministro.
Vacinas e Investimentos
Guedes elogiou a iniciativa de Wellington Fagundes, autor do projeto de lei que permite ao Governo autorizar estruturas industriais destinadas à fabricação de produtos de uso veterinário sejam utilizadas na produção de vacinas contra a covid-19. Segundo o ministro, o uso dessas plantas industriais representa “um tributo à nossa capacidade instalada de vacinação animal”.
Segundo ele, o parque industrial brasileiro instalado e sua capacidade de atacar os problemas de saúde animal, mas também agora a saúde humana, é que o Brasil realmente está produzindo a sua vacina, 100% nacional. O ministro da Economia assegurou que não vai faltar recursos para pesquisas, a cargo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Infraestrutura
Durante a reunião da CT, Wellington se mostrou também preocupado com os investimentos em infraestrutura. Presidente da Frente Parlamentar de Infraestrutura, Wellington Fagundes ressaltou que o Ministério dos Transportes e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes Terrestres (DNIT) dispõe de apenas R$ 6 bilhões para manter as estradas em condições de tráfego.
Guedes afirmou que o presidente Jair Bolsonaro cobrou a alocação de recursos para esse fim. Segundo Guedes, o presidente disse que especificou um valor (que ele preferiu não revelar) para ser destinado para investir na na conservação das rodovias sob pena de degradação das estradas brasileiras. “Nós vamos arrumar o dinheiro” – garantiu.