A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) adiou para a próxima quinta-feira (3) o habeas corpus que pede anulação dos grampos de parte da “Operação Ararath”. A solicitação foi feita pelo empresário Mário Mansur Bumlai Junior, alvo da segunda fase da operação.
O habeas corpus impetrado pelo empresário chegou a ser colocado na pauta desta terça-feira. Contudo, por decisão do relator, ministro Reynaldo Soares da Fonseca, foi adiado diante da pauta estar cheia
O pedido do empresário tramita no STJ desde dezembro de 2013, dias após a 2ª fase da operação. Ele já teve liminar negada pelo ministro Marco AUérlio Belizze, que considerou que a ação deveria passar por uma análise mais aprofundada pelo colegiado da Quinta Turma.
Desde então, ele passou pela do ministro Gilson Dipp, pelos desembargadores convocados Walter de Almeida Guilherme, de São Paulo, e Leopoldo de Arruda Raposo, do Rio de Janeiro. Agora, o processo foi distribuído por prevenção para relatoria do ministro Reynaldo Soares da Fonseca, o mesmo que determinou a soltura da ex-primeira-dama Roseli Barbosa e outros dois réus na “Operação Ouro de Tolo”.
As gravações telefônicas que Mansur tenta anular basearam cumprimentos de mandados e oferecimento de denúncia contra o ex-juiz federal Julier Sebastião da Silva. Além deles, o bacharel em Direito, Tiago de Souza Dorileo, e o empresário Rodolfo Aurélio Borges de Campos, ex-diretor da empresa Encomind Engenharia, Comércio e Indústria Ltda, são flagrados em conversas num clima amistoso e cheio de códigos nas falas.
Por exemplo, Mansur se refere a Julier como "Big" e teria buscado o magistrado após viagens no aeroporto internacional de Várzea Grande. Numa das conversas mais intrigantes, empresário imobiliário confirma estar chegando na residência do magistrado em companhia de Tiago e Rodolfo.
Quando estava na residência de Julier, o ex-diretor da Encomind recebe uma ligação provavelmente de sua esposa citando que a filha dele Maria Luisa, que seria advogada, tinha um processo em tramite na 1ª Vara Federal e que precisava falar como magistrado para agilizar a situação. Rodolfo encerra a conversa com a esposa e passa a falar com a filha.
Em tom irônico, o empresário afirma textualmente que estaria fazendo "lobby" durante o jantar na casa do magistrado. "Lobby, tô fazendo lobby aqui", declarou, após ter sido questionado pela esposa se estava na casa do "moço".
Mais adianta, a filha pede para o pai interceder para que o juiz desse "uma puxada na liminar", cujo processo estaria concluso desde outubro de 2011. A mulher afirma que queria conversar para agilizar apreciação do processo.
AMIGOS DE INFÂNCIA
Em seus argumentos para anular a investigação contra si e ganhar o habeas corpus, Mário Mansur cita que a "Operação Ararth" teve início com investigaões sobre as empresas do delator Gércio Marcelino Mendonça Júnior, "Júnior Mendonça". "Durante as investigações, a autoridade policial encontrou vínculos da mencionada empresa com o tráfico de drogas, bem assim com a exploração de máquinas caça-niqueis, revelando associação criminosa de alta complexidade", diz a petição do empresário, que acrescenta que um "magistrado incopetente autorizou as escutas e que se investigava desde o início era a suposta participação de magistrado federal em suposto favorecimento aos interesses".
Mário Mansur ainda garante que os grampos da PF não apontam nenhum ilícito de sua parte. "A única conclusão lógica que se chega é que Mario Mansur figura como investigado apenas por ter participado de reuniões e almoços com seu amigo de infância Julier Sebastião", assinala.
JO?O CARLOS
Terça-Feira, 01 de Setembro de 2015, 17h03