TRE vê "selvageria" e mantém prisão de apoiador de prefeito por ameaça a juíza em MT

 

O juiz substituto da 43ª Zona Eleitoral de Sorriso (420 Km de Cuiabá), Anderson Candiotto, decretou a prisão preventiva de Adriano Aparecido Fabrício, apoiador do prefeito eleito da cidade nas eleições de 2024, Alei Fernandes (União). Fabrício usou sua caminhonete para “fechar” o veículo de uma juíza que estava recolhendo as bandeiras do então candidato a prefeito, na última sexta-feira (4), e também a teria chamado de “bruxa”.

A prisão preventiva foi decretada no último domingo (6). Fabrício já tinha se entregado à Polícia Judiciária Civil (PJC) no sábado (5), após a repercussão do caso pela divulgação das imagens de uma câmera de monitoramento que registrou a ação do apoiador de Alei Fernandes.

Num vídeo publicado em suas redes sociais, Fabrício já havia adiantado que se entregaria à PJC. Ele justificou sua ação dizendo que “não conhecia a juíza eleitoral” e que a magistrada, que também é juíza de direito, não estava “identificada” em seus trajes ou no veículo utilizado.

Os argumentos não foram aceitos pelo juiz eleitoral substituto, que falou em “repercussão nacional” do incidente, qualificando o ato de Fabrício como “selvageria”. “Diante da gravidade do caso em concreto e sua repercussão nacional decide o autuado perpetuar sua conduta ilícita através do uso da força violenta, avançando com seu veículo de grande porte em avenida de movimento na cidade, na frente de todos, contra aquele que o corrige, invadindo a pista contrária, fechando e obstruindo o escape da vítima, então, salta do seu veículo, em comportamento violento e intimidatório e numa espécie de selvageria que lhe afiança a pecha de pessoa ‘perigosa’”, analisou Anderson Candiotto.

Na decisão, o juiz eleitoral também apontou que Fabrício supostamente agiu por “misoginia” (ódio contra mulheres). “Não podendo passar despercebido que a violência se deu inclusive, por questão de gênero, por ser a vítima mulher, cuja força e porte físico jamais se sobreporia a força e porte físico do agressor. A conduta do autuado mostra um claro e típico caso de misoginia, onde ser mulher é estar em condição de inferioridade”, ponderou.

Conforme o boletim de ocorrência do caso, a juíza relatou que seu assessor lhe informou da existência de “bandeirinhas” de Alei Fernandes que estariam irregulares na rotatória do bairro Recanto dos Pássaros, em Sorriso, na última sexta-feira. A magistrada foi pessoalmente até o local - aparentemente, num carro particular, sem identificação -, e retirou as bandeiras, guardando-as no veículo.

Neste momento, Adriano Fabrício chegou com a sua caminhonete, e “fechou” o carro da magistrada no acesso a rotatória, impedindo o trânsito. Um vídeo de monitoramento mostra Adriano Fabrício descendo de sua caminhonete, indo em direção ao veículo da juíza, abrindo a porta do automóvel e discutindo com a magistrada.

Pouco tempo depois ele volta para a caminhonete, e deixa o local. No boletim de ocorrência, a magistrada contou que foi intimidada e chamada de "bruxa" pelo apoiador do candidato Alei Fernandes - que venceu a eleição em Sorriso com 51,33% dos votos.