Por unanimidade, a Câmara de Vereadores de Campo Novo do Parecis cassou o mandato do vereador Jorge Itamar Rodrigues (PSC) por quebra de decoro parlamentar, nesta segunda-feira (4). Ele é acusado de extorquir o suplente Deilson Lopes Beiral (PSC), o "Gringo", na quantia de R$10 mil, para financiar a campanha da esposa como conselheira tutelar.

Com isso, Itamar ficará inelegível pelo prazo de 8 anos. Beiral deve ser empossado ainda nesta semana.

O relatório da Comissão Processante nº 001/2023 apresentado durante a sessão desta segunda ainda trouxe denúncias graves contra Itamar, como a acusação de proferir palavras de ódio contra o vereador Willian Freitas (PP). Itamar teria afirmado que iria degolá-lo e que estaria com uma arma, acompanhada de dois carregadores, para atingir o parlamentar.

O relatório apresentou também um terceiro fato relacionado a outras ameaças feitas contra o ex-secretário de saúde, Dalmo Thomazzi. Segundo as informações, Itamar Rodrigues afirmava que, caso aparecessem mais memes (publicações nas redes sociais), Dalmo e Willian sofreriam as consequências, já que ele estaria com uma pistola e dois carregadores em seu veículo, além de uma "peixeira" para atentar contra a vida de ambos.

Itamar não compareceu à sessão que cassou seu mandato, alegando estar com sintomas de ansiedade. Conforme o Legislativo, o vereador teria evitado receber a notificação via WhatsApp e também pessoalmente. 

Durante os trabalhos da Comissão, o vereador Itamar solicitou a prorrogação do prazo de 5 dias para se defender, mas não deu qualquer justificativa para a ampliação do prazo. A solicitação foi atendida pela comissão e o parlamentar apresentou sua defesa preliminar, mas não conseguiu refutar as acusações investigadas pela comissão. Em 6 de novembro, ele apresentou sua defesa, focando a maior parte do tempo em questionar quem divulgou na internet o vídeo que embasou a denúncia. Itamar negou ter feito ligações para extorquir o suplente e afirmou que os valores entregues seriam para cumprir obrigações de pagamento de um contrato de honorários advocatícios firmado com um advogado. Além disso, negou ter proferido palavras de ódio contra o vereador Willian e o ex-secretario Dalmo.

No decorrer dos trabalhos, a comissão convocou todas as testemunhas arroladas pelo denunciado e outras pessoas que poderiam colaborar com o processo. No entanto, o vereador não compareceu à audiência marcada para 13 de novembro de 2023, apresentando um atestado médico emitido por um cardiologista, com início em 10 de novembro de 2023 e término em 25 de novembro de 2023. Após isso, a comissão abriu um novo prazo de 2 dias corridos para Itamar prestar depoimento. No entanto, em 24 de novembro de 2023, ele protocolou uma impugnação ao relatório preliminar. 

Depois da publicação do edital 003, o vereador protocolou um documento pedindo para ser ouvido. Outro edital foi publicado, marcando uma nova data para a audiência em 27 de novembro de 2023, às 8 horas, mas novamente ele não compareceu e apresentou um novo atestado médico para ficar em repouso por três dias, entre 26 e 28 de novembro. Esse documento foi emitido por um médico de pronto atendimento em Cuiabá. Em 30 de novembro ele apresentou novo atestado de 10 dias.

Durante os trabalhos, a comissão ouviu a testemunha Luiz Antônio Giroldo Filho. Ele afirmou ter sido procurado pelo vereador Jorge Itamar Rodrigues, que confessou ter recebido R$ 10 mil para financiar as despesas da campanha de sua esposa como conselheira tutelar.

Ameaça pesada em áudio

Em outubro deste ano,  o suplente Deilson Lopes  Beiral denunciou o titular de sua vaga por extorsão.  Em áudio vazado nas redes sociais, o parlamentar revelou que o correligionário cedeu a cadeira em troca de R$ 10 mil. Gringo assumiu temporariamente a vaga de Jorge Itamar Rodrigues eleito com 396 votos em 2020. Ele se afastou para apoiar a campanha da esposa, Hildelânia Maria Melo Teles Rodrigues, que foi eleita Conselheira Tutelar. Contudo, conforme a denúncia de Deilson Lopes, Itamar só teria se afastado após exigir um pagamento de R$ 10 mil para ceder a vaga. 

Na época, ao FOLHAMAX, Deilson Lopes, informou temia pela sua vida, pois o vereador Itamar teria um "passado sombrio" e por isso registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil.