A vereadora Edna Sampaio (PT) encaminhou ofício à Secretaria Municipal de Saúde pedindo informações sobre as medidas tomadas pela pasta para convocar e estimular os pacientes que faltam aos agendamentos para a vacinação contra a Covid-19.
No ofício, endereçado ao titular da pasta, Célio Rodrigues da Silva, ela questiona a prefeitura por abrir o cadastro a pessoas entre 18 a 49 anos sem comorbidades antes de ter atingido a totalidade dos pacientes dos grupos prioritários.
O documento, então, pede “informações sobre a nova lógica e embasamento científico utilizado para o desvirtuamento do plano inicial de vacinação, acarretando na inclusão de grupo com idade inferior sendo vacinado em detrimento de grupos de idade superior”.
A parlamentar aponta descumprimento aos planos nacional e municipal de vacinação. Durante a última sessão ordinária da qual participou, na Câmara, ela argumentou que a inclusão de novos grupos de maneira não planejada atrasa a meta de imunização.
“Abrimos cadastro para pacientes a partir de 18 anos. E as pessoas mais vulneráveis? E as faixas etárias acometidas por maior gravidade da doença? Essa vacinação sem orientação, sem estratégia vai conseguir reduzir as internações, as mortes, se os grupos prioritários não estão sendo atingidos? ”.
Ela argumentou que o modelo de descentralização adotado pela prefeitura conservou os polos de vacinação em locais inacessíveis para moradores dos bairros e que a imunização deveria ter sido descentralizada para os postos de saúde.
Também apontou a falta da busca ativa de pacientes e de estratégias de comunicação com a população sobre a eficácia das vacinas.
“É um absurdo que nós tenhamos agora apenas cerca de 12% da população imunizada com a primeira e a segunda doses e pouco mais de 30% com a primeira dose, o que significa que nossa campanha de vacinação está fracassada, porque não atingiu o objetivo de primeiro imunizar aqueles que tinham maior vulnerabilidade”, disse ela.
“Quem está se dando ao luxo de escolher a vacina não é, certamente, o povão que mora no bairro, que não tem acesso à internet, nem condições de gerar o QrCode e, que então, não está indo se vacinar. Nossa taxa de imunização é muito baixa, é preciso que a secretaria de saúde recomponha as estratégias de vacinação”, disse ela.
“Não dá para naturalizar o fato de vacinar pessoas que estão fora da faixa de prioridade, pois aí estamos legitimando o fura-fila; o fura-fila deixou de ser exceção e virou a regra”, afirmou.
Renda
A vereadora voltou a chamar a atenção para os impactos da pandemia sobre a renda e a responsabilidade dos poderes em discutir o tema.
Na semana passada, ela pediu vistas de um PL de autoria do executivo destinado à transferência de renda, que cria benefícios para idosos e jovens. Para a vereadora, essa política tem alcance limitado, pois é direcionada a grupos restritos e a produtos e serviços específicos, além de não considerar o critério de renda.
“Não podemos ignorar que a pandemia impôs uma pobreza a um grande número de famílias, seja pelo desemprego seja pelos arrimos de família que morreram por Covid”, disse ela.
“Nós, do legislativo, precisamos protagonizar um diálogo com o poder executivo para que tenhamos um projeto de transferência de renda para as pessoas que precisam, para os mais pobres", disse.