Cidades

Quarta-Feira, 10 de Julho de 2024, 19h28

VALLEY

Desembargador elogia “aula” e professora que matou 2 vai a júri

Por unanimidade, magistrados anularam decisão de 1ª instância que absolvia a motorista

DIEGO FREDERICI

Da Redação

 

A Segunda Câmara Criminal do Tribunal de Justiça (TJMT), por unanimidade, anulou a absolvição da professora universitária Rafaela Screnci da Costa Ribeiro, que será julgada pelo júri popular pelo atropelamento e morte de duas pessoas em Cuiabá, no ano de 2018.

Na manhã desta quarta-feira (10), a Segunda Câmara Criminal protagonizou mais uma reviravolta no caso, que ganhou grande repercussão no mês de dezembro de 2018 com as mortes de Myllena de Lacerda Inocêncio, de 21 anos, e Ramon Alcides Viveiros, de 25. 

Ambos saiam da boate “Valley”, já na madrugada, quando, ao lado de Hya Girotto Santos, de 21 anos, foram atropelados pela professora universitária - que também se encontrava numa outra casa de shows da Capital, e estava embriagada.

Nesta terça-feira, o desembargador Jorge Luiz Tadeu Rodrigues proferiu o seu voto após pedir vista dos autos, solicitando o processo na íntegra para uma análise mais acurada. Na última semana, os demais membros da Segunda Câmara Criminal - Rui Ramos como relator, e Pedro Sakamoto como desembargador convocado -, já haviam anulado a absolvição e determinado que Rafaela enfrentasse o júri.

Em seu voto vista, Jorge Luiz Tadeu Rodrigues comentou que o colega, Rui Ramos, deu uma “aula de Direito” ao anular a absolvição.  “Seu voto é substancioso, e é uma aula a respeito dessa fase dos delitos do Tribunal do Júri. E eu aderi totalmente ao voto, entendendo que de fato existem elementos suficientes para que a apelada seja pronunciada como incurso na prática, em tese, de dois delitos de homicídio e uma tentativa de homicídio, todos com dolo eventual”, declarou Rodrigues. O júri da professora ainda será convocado em data futura.

SUSPEIÇÃO

Na primeira sessão de julgamento, no dia 3 de julho, o procurador de justiça aposentado, Mauro Viveiros - pai de Ramon Alcides Viveiros, uma das vítimas fatais -, atuou como assistente de acusação do Ministério Público do Estado (MPMT), defendendo a anulação da absolvição da professora, pessoalmente, na Segunda Câmara.

Viveiros também move uma ação de suspeição contra o juiz Wladymir Perri, que absolveu Rafaela Screnci da Costa Ribeiro em decisão da primeira instância do Poder Judiciário. O pai da vítima revelou uma suposta “vingança” do magistrado contra si no julgamento.

Mauro Viveiros já ocupou o posto de Corregedor-Geral do MPMT e denunciou “falcatruas” do juiz quando ele ainda atuava em Rondonópolis (216 Km de Cuiabá) - daí a origem da suposta “inimizade”.

A rusga entre os operadores do direito, conforme o procurador de justiça aposentado, fez com que, supostamente, Wladymir Perri assumisse a Vara Judicial onde tramita o processo do atropelamento - até então, conduzido por outro juiz -, apenas para “atingir” Viveiros. 

“Dados da Corregedoria mostram que ao tempo da assunção em 26 de setembro de 2022, daquele magistrado na Vara, haviam 75 processos conclusos para sentença. Mas este foi o único processo escolhido pelo juiz Wladymir”, comentou Viveiros na ocasião, que continuou.

“Indagarão aqueles que não viram os autos: mas porque razão teria feito isso o magistrado? E as razões eu me permito reportar, estão na arguição de suspeição. Em razão do rancor que este magistrado sempre teve por este ex-corregedor-geral do Ministério Público, que denunciou inúmeras falcatruas e abusos de autoridade praticados por este indivíduo na comarca de Rondonópolis”, denunciou o procurador de justiça aposentado.

Mauro Viveiros lembrou ainda de uma recente polêmica, que fez com que Wladymir Perri fosse “transferido” da 12ª Vara Criminal de Cuiabá - que absolveu a professora atropeladora. “Como aliás vem reiterando agora [as falcatruas] mandando prender a mãe de uma vítima. Preconceituoso! Um juiz preconceituoso para com as vítimas!”, bradou Viveiros.

O procurador aposentado fez referência à voz de prisão dada por Wladymir Perri contra a mãe de um jovem morto em Cuiabá durante uma audiência na justiça em setembro de 2023. A mulher estava na presença do suspeito e foi detida diante do algoz porque não teria “respeitado” o assassino de seu filho.

Comentários (12)

  • Eduardo |  12/07/2024 13:01:22

    " De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto." Essa é a nossa justiça brasileira (cara, ineficiente, seletiva...), e a médica, procuradora, e tantos outros que tem dinheiro ou influência no judiciário e estão a solta vivendo plenamente a sua vida? Se quer fazer justiça que seja para todos. O judiciário brasileiro afunda o Brasil, desacreditando as pessoas de bem em ter esperança de um Brasil melhor...

  • Liliana Rodrigues  |  12/07/2024 12:12:39

    Já que vocês estão julgando ...coloca a mão ? na consciência ...se existe culpados os 4 são ..né os três jovens estavam ERRADOS TAMBÉM né ...até dançando de madrugada na pista uma delas estava ... E qual vai ser o julgamento para os DESENCARNADOS ??? Rogo a DEUS a espiritualidade que TODOS se perdoem se amém ... Muita paz ??

  • Gilberto Silva Alencar |  11/07/2024 23:11:39

    O que o povo pode esperar da justiça do Brasil, só incompetentes nos cargos que não acompanham as leis. Aliás deve ser pessoas de posses que compram todos. Enfim estamos vendo o país caminhar para o jeitinho da justiça, que julga hoje e depois solta os bandidos.

  • Ana VG |  11/07/2024 14:02:51

    Quem leva a justiça de MT a sério não merece ser levado a sério

  • zavi |  11/07/2024 13:01:52

    O mesmo circo dos horrores (TJMT) inocentou a médica que matou o verdureiro. Tendo em vista que ela é rica, branca e de família tradicional, e a vítima um pobre coitado.

  • Cleber |  11/07/2024 13:01:46

    E a sorte que um filho de um desembargador aposentado se nao era mais um joao,Paulo,Francisco,sem justiça ,balança desproporcional dessa justiça

  • o cuiabano |  11/07/2024 10:10:59

    Seletividade, a gente ve por aqui !!!!

  • Sam |  11/07/2024 09:09:45

    Cuiabá? Atirei o pau no gatoto

  • Pedro Mello |  11/07/2024 08:08:23

    Até a justiça nesse país do jeitinho é seletiva.

  • Neide |  11/07/2024 07:07:04

    O pai de uma fãs vítimas é procurador é aposentado né? Por isso todo esse empenho em condenar a ré, mas aquele gari que teve a perna amputada quando foi atropelado por uma procuradora aposentada como anda o caso? E o verdureiro atropelado e morto pela médica como anda essa caso? Vai haver todo esse empenho para condenar no caso deles também?

  • Comentarista |  11/07/2024 06:06:07

    Justiça de Cuiabá, a maior piada nacional. O timinho....

  • joana |  10/07/2024 19:07:41

    e a medica que atropelou e matou o verdureiro vai a juri popular quando?

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