Um morador de Sorriso (420 km de Cuiabá), que é marido de uma mulher de 44 anos, colocou fogo em pneus em frente à Secretaria Municipal de Saúde, nesta quinta-feira (22) e mobilizou equipes do Corpo de Bombeiros para apagar as chamas e o fumaceiro que tomou conta do local. O ato foi um protesto porque a esposa está internada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Sara Akemi Ichicava, com um buraco aberto no abdômen, aguardando transferência para o Hospital Regional. Familiares da paciente denunciam negligência no caso. 

A filha da paciente relatou ao programa Sorriso Acontece, da Rede TV Sorriso, que a mãe há dois anos fez uma cirurgia, mas, desde o final de semana, vem sofrendo complicações. Ela revelou que a família descobriu há pouco tempo que a mulher está com o estômago costurado, e, por causa disso, um "calombo" estourou perto do órgão, o que fez toda a região ficar infectada.

Por meio de nota, a Prefeitura de Sorriso informou que a paciente foi admitida na UPA na quarta-feira (21), sendo classificada como vaga zero, ou seja, com necessidade urgente de transferência para um ambiente hospitalar, como o Hospital Regional de Sorriso ou outra unidade do Estado, para procedimento cirúrgico. O documento também destaca que o procedimento cirúrgico não é realizado na UPA e que toda paciente classificada como vaga zero precisa ser transferida imediatamente para hospitais regionais.

Com essa identificação, a paciente foi cadastrada no Sistema de Regulação (Sisreg) como vaga zero. Desde então, os médicos reguladores da UPA vêm acompanhando o caso. Contudo, como ainda não surgiu uma vaga para transferência, ela permanece sob os cuidados das equipes de enfermagem e clínica médica da unidade.

A Prefeitura de Sorriso também destacou que a UPA atualmente atende 30 pacientes, sendo 14 classificados como vaga zero, ou seja, com necessidade de transferência para atendimento em ambiente hospitalar. Enquanto a vaga não for disponibilizada, a equipe da UPA está à disposição e cuidando de todos os pacientes internados. Em outro trecho, lamentou a situação, reforçando que todos os pacientes estão sendo devidamente assistidos.

Em entrevista ao site local, a filha chorou ao afirmar que a mãe não come ou bebe água há cinco dias. "Ela fez uma cirurgia há dois anos. Teve hemorragia interna. Os médicos abriram a barriga. Tinha 3 litros de sangue coagulado dentro dela. Tiraram os órgãos, costuraram tudo e, agora, descobrimos deu problema na barriga da minha mãe, que eles costuraram o estômago dela e, de sábado para domingo, estourou um calombo perto do estômago, onde isso foi aumentando. Eles queriam fazer drenagem sem realizar qualquer tipo de exame ou  medicamentos, apenas queriam tirar o calombo. Minha mãe se negou, falou que não iria tirar o calombo sem fazer aexame. Foram feitos exames, que mostraram que ela está toda infeccionada por dentro. Esse calombo está soltando pus e tá um buraco aberto. Minha mãe está na UPA. Tá há cinco dias sem comer,  tá fraca... vai morrer.. não está bebendo água. Ela precisa de uma cirurgia urgente, mas ninguém está fazendo nada. Já foi negligência ter costurado", relatou Ágata Lisboa, filha da paciente.

A jovem também mostrou um laudo. O documento médico constatada  uma coleção inflamatória ou abscesso na região epigástrica, possivelmente comunicando-se com o estômago (fístula), além de alterações hepáticas (gordura no fígado), diástase muscular e outros aspectos estruturais de acordo com o esperado. Segundo as informações, essas condições podem requerer acompanhamento médico especializado para determinar o melhor tratamento.