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Quinta-Feira, 05 de Junho de 2025, 21h49

Médico trava luta para evitar que Santa Casa seja fechada

GAZETA DIGITAL

A possibilidade do fechamento da Santa Casa de Misericórdia de Cuiabá, em função da saída da gestão estadual do espaço, tem preocupado autoridades, políticos, profissionais da saúde e a população. Com o andamento das obras do Hospital Central, a previsão é que a unidade seja desativada até setembro deste ano. Diante do cenário, o médico Paulo Cesar de Figueiredo encabeça campanha para evitar que o hospital histórico fecha as portas, deixando profissionais desempregados e mato-grossenses desassistidos de atendimento médico.

O médico Paulo Figueiredo, 78, trabalha há 52 anos na Santa Casa e tem acompanhado as tratativas em torno do destino do hospital filantrópico. Primeiro patologista de Mato Grosso, Paulo já esteve à frente da presidência da Santa Casa entre os anos de 1989 a 1996, e é filho de José Monteiro Figueiredo, que também foi presidente ao longo de 30 anos.

Com uma história de vida ligada ao local, o médico avalia que a gestão estadual não deveria ter assumido por meio de requisição a gestão do espaço em 2 de maio de 2019. Paulo argumenta que, se a intenção do Estado era deixar em algum momento a Santa Casa, não arcando com os passivos, que tivesse deixado a sociedade negociar com outra instituição que à época tinha interesse em assumir a unidade.

Conforme o médico, uma fundação de padres camilianos estava em negociações e disposta a assumir a Santa Casa arcando com todos os custos provenientes das dívidas à época, porém, houve pouco diálogo sobre esta alternativa da parte da gestão estadual, que em seguida requereu a gestão do local. “O governador fez um decreto de calamidade pública e requereu o patrimônio da Santa Casa por meio de requisição administrativa. [...] Nós estávamos negociando com os camilianos, uma instituição de padres e eles estavam dispostos a assumir a Santa Casa em 2019, mas o governador requisitou. Não foi uma intervenção. Se ele interviesse, teria que assumir o passivo também e não assumi. Só assumiu os bens da Santa Casa e o passivo ficou para trás. Hoje a Santa Casa deve mais de R$ 300 milhões, incluindo ações trabalhistas, fornecedores, médicos”, relembra.

Com a saída do Estado do gerenciamento da unidade, o médico prevê que a instituição vá à falência, sem condições de subsistir. Paulo relata que os funcionários do hospital podem ser remanejados ao Hospital Central ou outras unidades. Além disso, sinaliza para o desemprego de parcela dos profissionais.

Ele ainda aponta prejuízos para o interior do estado, já que muitas famílias vêm à capital para tratamentos de saúde e aponta uma deficiência nos atendimentos que não sejam os de alta complexidade, já que os novos hospitais terão foco nestes casos. Para o médico, o argumento de que o aluguel da Santa Casa, em torno de R$ 400 mil, seja o motivo para que o Estado deixe a gestão não é convincente. Avalia que o Estado têm capacidade financeira de assumir o custo, caso tenha interesse.  

Em relação aos equipamentos, o médico demonstra preocupação, já que parte deles foi trocado e pode ser retirado do local. “Hoje, a Santa Casa, por si, não tem condição de continuar funcionando. Exceto se tenha alguém que queira assumir, negociar as dívidas e tocar. Mas o governo do Estado vai ter que deixar os equipamentos lá. Não vai tirar de lá. Se ele tirar de lá, eu vou entrar com uma ação judicial contra ele”, enfatiza.

O médico ainda relata que tem articulado com deputados e entidades para haver conversas com o governador para que a Santa Casa não seja desativada. “Estou abrindo essa luta, eu considero difícil, mas eu, como cuiabano, como médico, como especialmente médico da Santa Casa, eu não posso deixar passar em branco”, destacou.

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