Em plena Cuiabá de 2025, asfalto na porta de casa ainda é um sonho para muitos moradores e não um direito garantido. Em 96 bairros da cidade, quase 250 km, pouco mais que a distância entre Cuiabá e Cáceres, aguarda pavimentação. Alguns deles nunca viram se quer uma camada de asfalto, só as promessas. Outros contam apenas com a via principal pavimentada e há ainda quem espera há anos apenas por um “trechinho” para completar a obra que começou e nunca terminou. 

Dados da Secretaria Municipal de Infraestrutura e obras apontam que os bairros estão espalhados pelas quatro regiões, sendo a Oeste, que abrange parte do centro, a que menos possui bairros com ruas sem asfalto. Nessa região, apenas 16 bairros precisam receber serviço de pavimentação. A região Leste, onde estão bairros como Dom Aquino e Jardim da Américas, ainda tem 18 bairros nessas condições. Já a Sul, que abrange a região do Coxipó, possui 44 bairros à espera dos serviços. 

Na região Norte, no fundo do CPA, 21 bairros ainda convivem com a terra, como é o caso do bairro Tancredo Neves. Lá, Rosalina Reis, 69, uma das fundadoras do bairro, reclama da falta do asfalto no pequeno trecho próximo a um córrego, na rua Rosário Oeste, antiga rua 4. “Falta 1% para o nosso sonho ser total realidade, mas esse 1% tem se tornado nosso pesadelo”. 

De acordo com ela, o trecho não foi finalizado porque as margens do córrego estão cedendo e o problema precisa ser solucionado antes. “Acontece que ninguém resolveu ainda isso e esse pedaço ficou aqui esquecido”. Morador da rua Rosário Oeste, Jaime Brasil, 60, afirma que o pedaço é um transtorno para o bairro que esperou por muitos anos pelo direito básico. “Quando a gente pensou que ia comemorar, deixaram ainda essa pedra de tropeço”, lamenta. De acordo com ele, o “pedaço” era menor e hoje já está maior e a cada dia a tendência é piorar. 

“A terra já vai avançando pela parte que tem asfalto e daqui a pouco a rua já não terá mais asfalto. Tudo isso por causa de um pedacinho”. Não muito distante dali, no bairro, Centro América 1, na rua 32, Crenivaldo Santos, 59, mora em uma das seis ruas do bairro que não foram asfaltadas. “É um sentimento de indignação, você ver o bairro sendo asfaltado, o asfalto chegando perto da sua casa e você fica de fora”. 

De acordo com ele, não há nem previsão para que as ruas recebam as obras e, enquanto isso, precisa conviver com a poeira ou a lama. “O IPTU está pago em dia. Mas o nosso direito ninguém garante”. 

Outro lado

Secretaria de Infraestrutura e Obras informou que está realizando serviços de drenagem e preparação nos bairros Três Poderes 1, 2 e 3. Também estão em andamento intervenções no Residencial Despraiado e a retomada da pavimentação no Residencial Coxipó etapa 2, parada há mais de dois anos, beneficiando 11 ruas. 

A gestão, que iniciou há menos de seis meses, afirma estar negociando obras em bairros como Jardim Presidente, Altos da Serra, Itapajé e Itapuã, e que está empenhada em promover melhorias estruturais em todas as regiões da cidade.