Desde o dia 8 de abril, a Unidade de Saúde da Família do bairro Areão está fechada e a população local enfrente dificuldades para acessar o sistema de saúde. Após alagamento registro no aniversário da cidade, os usuários cadastrados na USF foram remanejados para outros pontos e ainda não têm posicionamento oficial sobre reformas e quando voltarão a ser atendidos no antigo espaço. 

"A comunidade tem quase 4 mil moradores. Cerca de 80% são idosos. Também temos pessoas com doenças crônicas, algumas acamadas. Esse remanejamento para outras unidades gerou muitos transtornos. Está sendo muito difícil", relata Nely Lúcia de Souza, 49, presidente do bairro Areão.

De acordo com ela, os atendimentos foram transferidos para as unidades do Pico do Amor e do Campo Velho, mas essas UBSs não têm ponto de ônibus próximo, o que obriga os moradores utilizar carros de aplicativos ou caronas, o que encarece o trajeto.

"Antes a gente ia a pé. Agora, tem que gastar com aplicativo ou depender de alguém. Sem falar que tem gente que precisa buscar medicamentos que só estão disponíveis em unidades mais distantes. Isso está gerando custo e desgaste para muita gente", alegou a líder comunitária.

Nely também denuncia a falta de transparência da Secretaria de Saúde. Segundo ela, nem os funcionários foram oficialmente informados sobre o fechamento da unidade. "Disseram que seria só uma vistoria de 15 dias, depois sumiram. Só colocaram um papel na porta: ‘Interditado por tempo indeterminado’. A gente tenta contato, mas a secretaria não responde. Nem a gerente da unidade tem retorno", denuncia.

A comunidade tem buscado alternativas por conta própria. Foram feitas ligações para a ouvidoria do SUS, contato com o gabinete da secretária municipal de Saúde e até apoio político. Nely relata que esteve na unidade com o vereador Cássio Coelho, que se comprometeu a agendar uma reunião com a secretária para buscar respostas concretas.  

Além disso, foi organizado um abaixo-assinado, que já conta com quase 2 mil assinaturas pedindo agilidade na reforma e o retorno do atendimento ao bairro.

"Desde 1989, nunca houve reforma. Só pequenos reparos. A gente quer, sim, a reforma, agradece por isso, mas queremos prazo. Um início e um fim. Não dá para esperar 6 meses, um ano, sem saber de nada", afirmou.

Segundo ela, além dos moradores, 3 unidades municipais e uma escola estadual também dependem da USF Areão, principalmente nas campanhas de vacinação.  

"Se tivessem começado há 40 dias, talvez já estivesse em fase de conclusão. Agora, o bairro está sem atendimento digno e sem previsão. A gente precisa que o prefeito e a secretária respeitem a comunidade", cobrou a presidente.

Procurada pela redação do GD, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou o remanejamento dos atendimentos, mas não apresentou prazo para início e conclusão da reforma e reabertura da unidade do Areão. Veja nota:

'"Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá informou que a unidade foi fechada temporariamente por conta dos danos da enchente, e que os atendimentos foram redirecionados para a UBS Pico do Amor e UBS Campo Velho, onde as equipes da USF Areão continuam atuando.  

A secretaria afirmou ainda que a unidade será reformada e reaberta com melhorias na estrutura, mas não mencionou qualquer prazo ou cronograma para o início das obras'".