Quarta-Feira, 11 de Setembro de 2019, 18h30
Projeto do Judiciário em Alto Araguaia incentiva crianças ao estudo e um futuro melhor
Da Redação
Rafael tem 12 anos e como todo menino de sua idade passa grande parte da semana correndo atrás de uma bola no contraturno da escola. A diferença é que a bola que ele persegue tem cor definida (amarela), não tem costura, tem diâmetro médio de 6,6 centímetros, não pesa mais que 58 gramas e só pode ser jogada com uma raquete. Ele ama o tênis e não abre mão do esporte.
Ele integra o projeto Todos pelo Tênis na cidade de Alto Araguaia (415 quilômetros de Cuiabá), mantido pelo Judiciário Estadual e realizado pelo Executivo Municipal. Desde que começou a praticar o esporte, a mãe, Juliane Teles, já notou a desenvoltura na coordenação motora e na parte física do garoto. Ela conta, entretanto, que a melhor mudança que ela percebeu foi na comunicação de Rafael com os colegas.
“Ele é filho único e, por isso, estava sempre muito só. Com a participação no projeto, ele está sempre em contato com outra criança e está tendo um desenvolvimento grande em seu emocional. Ainda está aprendendo a ganhar com respeito e também a perder, tudo ensinado pela prática do esporte. Percebi que ele também já consegue aceitar o outro como é, conviver com colegas que sabem mais ou menos que ele.”
Na escola, a mudança também foi percebida. “O rendimento dele na escola é cobrado por mim e pelo professor de tênis. Ele vê o jogo de tênis como uma brincadeira e não quer perder a oportunidade de brincar. Assim, para continuar no projeto, ele se esforça para ter boas notas e excelente comportamento. A melhora não traz benefícios só pra ele, mas também pra mim e toda a minha família, pois nós todos acompanhamos o envolvimento dele com o esporte”, destaca Juliane.
As aulas são ministradas pelo professor Carlos Carvalho, conhecido como Rochinha. Ele explica que além de ensinar a prática do tênis, também trabalha autoestima, solidariedade e reciprocidade com crianças e adolescentes. “O que mais me satisfaz é ver uma criança que conheci com seis anos, muitas vezes enfrentando dificuldade familiar, de disciplina, na escola ou mesmo quanto à coordenação motora. Aqui tenho vários papéis, sou professor, pai, amigo e psicólogo.”
Rochinha destaca que no projeto os alunos começam com cinco anos e seguem até os 16. Além de tirar as crianças das ruas, pois o esporte é feito no contraturno da escola, o projeto tem como objetivo fazer com que os jovens participem de torneios até em níveis nacionais. Esse é o caso dos alunos Mateus Fraga Barros e Carlos Eduardo Carvalho, ambos com 14 anos. Eles foram vice-campeões da Copa das Confederações de Tênis em 2017, quando tinham 12 anos, e creditam a vitória ao Todos no Tênis.
“A gente se dedica o máximo para poder se classificar e chegar ao campeonato sempre trazendo um melhor resultado para Alto Araguaia”, explica Mateus. “O tênis nos ensina disciplina e respeito, pois nos ensina a ganhar respeitosamente sem machucar os sentimentos daqueles que foram derrotados”, arremata Carlos Eduardo.
O projeto tem atualmente quase 200 crianças recebendo treinamento quatro vezes por semana. O valor que o Judiciário destina serve para adquirir raquetes, bolas, uniformes que são usados pelos alunos. Eles também recebem doações de roupas e tênis para crianças e adolescentes, os quais são enviados por servidores do Judiciário e da comunidade local.
De acordo com a juíza Marina França, o valor destinado à manutenção do projeto é oriundo de transações penais e penas restritivas de direitos. Ela pontua ainda que os participantes do projeto são crianças que estão em situação de vulnerabilidade e têm baixa renda.
“Na Primeira Vara, na qual eu respondo, a gente tem essa vertente voltada para a infância e juventude e realmente e, além disso, o Judiciário tem esse escopo de pacificação social e de ressocialização. Somado a isso, temos o fato de o tênis ser um esporte específico e, por isso, precisar de toda ajuda que pudermos dar. Com essas iniciativas, a gente consegue resgatar crianças que estão em situações de risco e resgatá-las, às vezes, de um destino trágico. A gente sempre trabalha com essa vertente de cidadania.”
A magistrada ressalta ainda que o projeto tem nove anos de existência e, nesse período, já atendeu muitas crianças. “Todos que passaram pelo projeto, além de aprender um esporte saiu diferente. Falo isso porque o Todos no Tênis incentiva o estudo, a disciplina e também auxilia a engrandecer o caráter porque só pode frequentar o estudo quem tem frequência escolar e notas boas.”
A prefeitura da cidade é responsável pela disponibilização do professor. De acordo com o prefeito Gustavo Melo, o projeto tem trazido grandes resultados sociais para as crianças da cidade. “O Poder Executivo trabalha com parceria e essa parceria com o Judiciário há muito tempo vem dando certo e trazendo resultados satisfatórios para todos nós.”
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