Cidades

Quinta-Feira, 27 de Julho de 2023, 17h50

PLACEBO

Sargento usa celular grampeado para falar com investigador; juiz anula busca em MT

Militar ligou para civil para comunicar sobre arma esquecida

DIEGO FREDERICI

Da Redação

 

O juiz da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Jean Garcia de Freitas Bezerra, anulou o material apreendido num dos alvos de busca e apreensão realizados na operação “Placebo”, que apura um esquema de furtos de cargas em Mato Grosso. Um policial militar que realizou a diligência, em maio de 2022, pegou o telefone celular do suspeito para ligar para um investigador avisando que ele tinha “esquecido sua arma no local”.

O militar só não sabia que o telefone estava grampeado. Júlio César de Oliveira, alvo de um mandado de busca e apreensão da operação “Placebo”, emprestou seu telefone celular para o sargento da Polícia Militar Célio Roberto Souza Milhomem, que estava no local para cumprir o ato judicial, ligar para o investigador Marcelo Arend. Para o Ministério Público do Estado (MPMT), o objetivo da “ajuda” seria “livrar a barra” de Júlio César de Oliveira, para não complicá-lo ainda mais no caso.

O juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra criticou a atitude policial. “Ora, uma vez que o agente policial fez uso de um telefone legalmente apreendido, cujo bem deveria ser conservado no estado em que se encontrava, assim como atuou para ocultar uma arma de fogo localizada na residência do representado, não há como assegurar que não tenha interferido nos demais vestígios”, analisou o magistrado.

Na avaliação do magistrado, a fraude tira a lisura da busca e apreensão, uma vez que não se pode “assegurar, dadas às violações procedimentais já citadas, que os conteúdos dos aparelhos celulares e notebook apreendidos tenham se mantido íntegros”. Segundo as investigações do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), com auxílio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a organização criminosa subtraia os fertilizantes e revendia a receptadores.

Integrantes da quadrilha se faziam passar por empresários, que “esquentavam” o produto, emitindo notas fiscais falsas como se eles tivessem fabricado ou revendido o produto. Os fertilizantes eram subtraídos durante o transporte para os verdadeiros compradores e substituídos por "placebo", materiais como sal grosso pintado com corante xadrez na cor vermelha, areia e varredura.

O prejuízo estimado provocado pela quadrilha gira em torno de R$ 40 milhões. A ação que apura os furtos de cargas tramita em segredo de justiça.

Comentários (3)

  • SGT |  28/07/2023 08:08:19

    Tem que excluir os envolvidos, trabalhando pro crime

  • Gil |  27/07/2023 23:11:00

    Agora tudo é segredo de justiça. A população não pode mais saber de nada? Qual o motivo para estar em segredo de justiça? Crime comum. Querem esconder quem?

  • Cabo  |  27/07/2023 20:08:50

    Policial do Gaeco e faz uma dessa burro demais

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