Cidades

Terça-Feira, 12 de Abril de 2016, 16h09

Sindicato realiza mutirão no PSF do Pedra 90, sem médico há quatro meses

Da Redação

Um papel escrito à mão e colado na frente da unidade indica: “não há médicos”. Assim têm sido os últimos quatro meses no Programa de Saúde da Família (PSF) III e IV do bairro Pedra 90. Entretanto, a esperança para mais de uma centena de pacientes chegou nesta terça-feira (12), quando o Sindicato dos Médicos do Estado de Mato Grosso (Sindimed-MT) promoveu um mutirão de atendimento durante toda a manhã.

De acordo com a agente comunitária de saúde, Helen Diana de Oliveira, que trabalha na PSF, os últimos dois profissionais pediram demissão em dezembro do ano passado, após receberem propostas salariais melhores. “Por isso a nossa luta por um salário digno e pela volta dos pagamentos de 14% referentes ao Prêmio Saúde”, considerou a presidente do Sindimed-MT, Eliana Siqueira.

Para a sindicalista, os governos têm promovido o caos programado na saúde pública, com o intuito de privatizar esse serviço. O sucateamento do Sistema Único de Saúde (SUS) vai além de salários ruins e passa pela falta de estrutura das unidades, da falta de medicamentos, luvas até equipamentos para exames. “O intuito do mutirão é justamente mostrar a população carente, que saúde não é um favor, mas sim dever do Estado e direito do cidadão”.

Mas os atendimentos feitos voluntariamente por seis profissionais tiveram de ser realizados do lado de fora do PSF. Em forma de retaliação à categoria que se encontra em greve há 34 dias, a determinação partiu da direção da unidade. A justificativa, segundo os funcionários, é de que os médicos não estão lotados na unidade. “Se a Prefeitura de Cuiabá estivesse realmente interessada na população, apoiaria o nosso trabalho. Mas o prefeito é contra os médicos. Prefere ver os pacientes do Pedra 90 sangrarem por mais de 120 dias sem nenhum profissional para socorrê-los”, apontou Eliana.

o caso da aposentada Maria de Lourdes Castro Silva, que aos 62 anos sofre de hipertensão e estava desde dezembro sem consultar. Ela ficou sabendo do mutirão pela agente comunitária de saúde, que passou nas casas avisando os moradores. “Eu sou a favor da greve dos médicos. Se o salário deles fosse bom, não teriam abandonado esse PSF. Mas ao mesmo tempo sou contra, porque quem sofre somos nós”, avaliou.

Já Alessandra Veríssimo Bitencourt teve que emprestar dinheiro para ser consultada, visto que o salário que recebe como padeira não é suficiente para pagar por um médico da rede privada. A peregrinação por atendimento teve início há dois meses, quando começou a sentir dores nos seios. O diagnóstico é de cisto nas mamas. “Agora a pergunta é: como será o tratamento, já que dependemos de mutirões?”, finalizou.

Outras informações podem ser obtidas pelos telefones (65) 9996-9315 ou 9225-1661.

 

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