Cidades

Sexta-Feira, 07 de Abril de 2017, 16h11

UFMT tem primeira defesa de TCC que dá visibilidade aos transgêneros

Da Redação

É possível unir quem você é e o que você ama para desenvolver o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). E da paixão pelo rádio, do fato de ser transgênero e da necessidade de ter a voz ouvida nasceu o programa de rádio “Escuta Trans”, projeto desenvolvido por Valentim Félix, aluno do oitavo semestre do curso de Radialismo, da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que será defendido na próxima segunda-feira (10), às 14h, no auditório M do Instituto de Linguagens (IL), Câmpus de Cuiabá.

Ao abordar o tema “Identidade de Gênero: Acessibilidade aos termos e conceitos mediada pelo rádio”, o estudante une o fato de ser o primeiro homem transgênero assumido da UFMT – e o primeiro a conquistar o direito de usar o nome social na universidade – com o amor que sente pelo rádio. Valentim Félix conta que a escolha do tema surgiu pela afinidade pelo meio radiofônico (principalmente por sua avó ter sido cantora de rádio na Bahia) com a falta de visibilidade das pessoas trans. “Já houve mulheres trans aqui, na Comunicação, que se formaram, mas homem não. Eu sou o primeiro e, além disso sou negro, ou seja, a visibilidade é realmente pouca”, afirma.

A entrevistada do primeiro programa foi Jaqueline Gomes de Jesus, professora do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). O programa de rádio foi pensando com o intuito de dar voz às pessoas trans e travestis que, por muitas vezes, são silenciadas. Segundo Valentim Félix, o programa é fruto da luta e resistência de uma população que é marginalizada em várias esferas sociais. “Pretendo seguir com o projeto e manter novos programas. O nome é ‘Escuta Trans’ e o objetivo principal é que o ouvinte ouça as trans”, completa.

A orientadora do TCC, professora Cláudia Moreira, do Departamento de Comunicação Social, e o estudante concordam que o rádio é um meio de fácil acesso, podendo atingir pessoas de alta e baixa renda, independente do lugar onde estejam ou das tarefas que estejam executando.

A docente também conta que o estudante fomentava a discussão do assunto dentro do ambiente acadêmico e revela que ser de grande importância que tal conhecimento seja discutido por toda a sociedade. “A gente tem que dar voz e, para que tenha respeito, a gente precisa conhecer. Se o assunto cria discussões na UFMT, então imagina fora?”, indaga.

Segundo o professor Danie Marcelo de Jesus, coordenador do Grupo de Estudos de Linguagem, Tecnologia e Diversidade (Gelted), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (PPGEL) da UFMT, a abordagem dessa temática é fundamental, pois coloca em evidência, pela primeira vez na graduação, o tema dentro do ambiente acadêmico e, principalmente, dentro do Estado de Mato Grosso.

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