Terça-Feira, 15 de Outubro de 2024, 23h20
12 HECTARES
Justiça vê grilagem e manda "gigante do agro" desocupar área em Cuiabá
Seguranças da Bom Futuro ameaçaram casal de idosos com armas
DIEGO FREDERICI
Da Redação
O juiz da 9ª Vara Cível de Cuiabá, Gilberto Lopes Bussiki, determinou a reintegração de posse em favor de um casal de idosos, morador do Distrito da Guia, em Cuiabá, que teve seu sítio invadido pelo Grupo Bom Futuro, "colosso" do agronegócio no Brasil. Em 2021, a idosa, que tem câncer, viu o marido e o genro serem algemados, dentro de sua própria propriedade, por um grupo de seguranças da organização, armados com uma espingarda calibre 12, liderados por alguém que se apresentou como um “gerente”.
Em decisão da última segunda-feira (14), o juiz Gilberto Lopes Bussiki também determinou que o Grupo Bom Futuro pague uma indenização de 1% ao casal de idosos sobre o valor da propriedade - que possui 12 hectares no Distrito da Guia. A área está avaliada em R$ 50 milhões.
As violências e arbitrariedades que o Grupo Bom Futuro, que tem como principal líder o empresário Eraí Maggi, impôs ao casal de idosos estão descritas numa ação judicial, num boletim de ocorrência e também na perícia determinada pelo Poder Judiciário que confirmou a “grilagem” de terras pela “gigante do agronegócio”. FOLHAMAX teve acesso aos documentos com absoluta exclusividade.
Segundo informações do processo, o casal de idosos defendido pelo advogado Marcelo Dala, ocupa a área no Distrito da Guia desde o ano de 1986. Fazendo tratamento contra câncer, a idosa apelou à justiça gratuita em razão dos poucos recursos.
No ano de 2021, eles estavam acompanhados de um topógrafo para realizar o georreferenciamento do sítio de 12 hectares, além de consertar uma cerca que tinha sido destruída por queimadas, quando tiveram a “primeira surpresa”. “Os autores narram que ao visitarem seus imóveis em 2021, acompanhados de um topógrafo para realizar o georreferenciamento da área e reinstalar a cerca destruída por um incêndio, descobriram que o Grupo Bom Futuro havia invadido a área, colocando uma cerca com sua logomarca e bloqueando o acesso. Inconformados, registraram um boletim de ocorrência e notificaram extrajudicialmente a empresa para remover a cerca e cessar a invasão, mas não obtiveram resposta”, diz trecho do processo.
Após a notificação ao Grupo Bom Futuro, que não deu resposta, o casal de idosos voltou ao mesmo local com o genro e um tratorista, e foram tratados como “bandidos” por um grupo de segurança privada da organização. Conforme o boletim de ocorrência registrado na Polícia Judiciária Civil (PJC), os vigilantes estavam armados com uma espingarda calibre 12, e também pistolas, sendo liderados por um homem que se identificou como “gerente”.
“Quando retornaram ao local, foram confrontados pelo gerente da fazenda e por seguranças armados, que os mantiveram em cárcere privado até a chegada da polícia”, revela o processo. Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, o marido da idosa, de 71 anos na época, foi algemado juntamente com seu genro pelos seguranças do Grupo Bom Futuro, dentro da própria propriedade do casal, onde ficaram “mais de duas horas embaixo do sol”.
“A esposa do depoente argumentou que tinha todos os documentos e não estariam invadindo a propriedade de ninguém e pediu para soltar seu marido pois ele já tinha 71 anos”, conta o boletim de ocorrência. Quando a Polícia Militar chegou ao local mandou soltar as vítimas, dizendo ao “gerente” que ele “não deveria ter feito aquilo”. Um exame de corpo de delito atestou as lesões no idoso de 71 anos decorrente das algemas.
PERÍCIA
Nos autos que discutem a propriedade do imóvel, o Grupo Bom Futuro alega que “a instalação da cerca e a presença de funcionários no local fazem parte de suas atividades regulares de manejo e administração da fazenda”, além de que “não houve usurpação da posse”. Os argumentos foram derrubados por uma perícia que confirmou a grilagem de terras, com uso de violência, pelo Grupo Bom Futuro.
“Segundo o laudo, o imóvel dos autores está corretamente localizado dentro da área descrita nos registros das matrículas mencionadas, e a localização física corresponde ao título de origem. Por outro lado, o imóvel da ré, Fazenda Disa III, está situado em uma posição diversa da área originalmente descrita em seu título de propriedade, o que implica a existência de uma sobreposição parcial dos terrenos”, revelou Gilberto Lopes Bussiki.
Diante da perícia, o juiz admitiu que “resta evidente que os autores são os legítimos proprietários do imóvel e que a ocupação pela ré é indevida. A perícia constatou que a área ocupada pelo Grupo Bom Futuro está situada fora dos limites descritos em seu título, confirmando que a ré detém o imóvel injustamente”. O valor de 1% de indenização será calculado em sede de liquidação de sentença, caso a decisão seja mantida em eventuais recursos.
Sobre o incidente com os seguranças, o casal de idosos poderá ingressar com um processo para pleitear uma indenização por danos morais e materiais. Os donos do Grupo Bom Futuro são Eraí Maggi Scheffer, Elusmar Maggi Scheffer, Fernando Maggi Scheffer e José Maria Bortol.
Kleiber | 16/10/2024 16:04:21
Só não entendi por que a PM não prendeu em flagrante o gerente e demais funcionários por cárcere privado, ameaça e tortura contra esses idosos?? Esse caso é um ABSURDO TOTAL. Quanta ganância e prepotência. Só espero que o TJMT mantenha essa sentença do Juiz de primeiro grau, que fez JUSTIÇA a esse casal de idosos.
Paula | 16/10/2024 14:02:43
Uai, pensei que só o MST invadia terras...SQN!!!
Ggm | 16/10/2024 12:12:54
Está muito perto da ganância encontrar o ganancioso. não vai sobrar pedra sobre pedra.
Raul | 16/10/2024 11:11:18
São áreas como essas que o MST invade, terras griladas pelos latifundiários (grandes donos de terras), que vão acumulando enormes quantidades de terras, da União ou sem documentação e depois regularizadas com documentação frias...porém o MST fica sabendo, (como eu não sei) , invade a terra, pois se é da União, tem que dividir com todos...aà o dono é indenizado pelas benfeitorias....nunca vi o MST invadir a chácara de ninguém na guia...se invadiu é que está irregular...inclusive tem uma empresa grande que invadiu um monte de terreno ali atrás da acofer na cidade alta....
pobre de direita | 16/10/2024 10:10:26
Esses daà são os de DIREITA, cidadão de bem, patriotário e evanjegues," AMAM O POVO E O POBRE", acordem massa de manobra, enquanto vcs ficarem nessa ilusão de que a "direita elitista" se preocupa com o povo, vão quebrar a cara, a unica coisa que ele quer do pobre de direita que se acha rica é o seu voto e nada mais.
Ademir | 16/10/2024 09:09:54
Tem de prender os que prenderam os idosos, isso eles não podem, e tem além de pagar pelo crime , responder criminalmente junto com o ERAI Maggi que é o chefe deles !!!! Cadê a Justiça deste paÃs , tá só com a esquerda , só com o presidiário Presidente , comprou todos, porque o STF é agora a polÃcia do PT , junto com outros bandidos!!!
Rafael Vicenti Junior | 16/10/2024 09:09:37
Mas a área em questão foi doada para o Estado construir o Parque Novo Mato Grosso. Olhando no maps observa-se que o estado já avançou nesta propriedade. Este valor de 50 milhões por 12 hectares tá bem elevado einh. Nesse angú ai tem caroço. O pé de galinha do lago entregou a localização.
esperando me pagarem | 16/10/2024 08:08:51
Essa indenização não paga tanta humilhação e perseguição tem danos que são irreparáveis ainda mais quando a justiça demora demais
denisio tavares | 16/10/2024 07:07:45
Cambada de ladrões eles vão arder no fogo.....
nero | 16/10/2024 07:07:42
Bando de gangsters ! - Quanto mais faturam e enriquecem, mais sonegam, vivem nas redes socias ostentando, falando merda e completamente bebados, escória, lixo, parceiros de MM, o ladraõ do Pivetta e toda essa corja de ladrões que está no governo !
TRETA | 16/10/2024 07:07:33
se o stf fazer uma busca nas terras desse meliante erai e seu comparsa blairo vão ver tantas irregularidades das terras que todos vão ter surpresas, ladroes de terra e violentos, os caras chegam por aqui pobres e são bilionário, aà tem ....
OLIVEIRA CUIABANO | 16/10/2024 06:06:54
Por isso que eu falo o cara quanto mais rico ele quer mais e não respeita ninguem o que de para ele tomar das pessoas eles passam por cima. O que sera que o Irai quer com uma area desse tamanho para plantar soja, claro que não para especulação imobiliaria e ganhar muito dinheiro. Pergunto ainda sera que o dia que morrer vai levar alguns palmo de terra de suas fazendas. Porque sera que esses pessoal que fica rico quanto mais tem mais quer não importa a forma da aquisição dos seus bens. Mas como dis a biblia e mais facil um camelo passar no buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de deus. Porque la no dia da sua morte o diabo ja vai ficar de espera para ele cumprir sua missão que fez aqui na terra
guaraná ralado | 16/10/2024 06:06:49
desde 1986? desta vez não deu nem para o Juiz.
Kv | 16/10/2024 06:06:23
Pois vão ver coko são recebidos na entrada do oarque novo Mato Grosso...la tambem
paulo diants | 16/10/2024 05:05:20
E viva o povo do bozoooo
INUNDAÇÕES A VISTA. | 16/10/2024 03:03:24
Com essa sentença contra um grupo poderoso vai cair um DILÚVIO em Cuiabá. TERIA ESSA SENTENÇA SIDO PROFERIDA SOB O EFEITO DO CASO ZAMPIERI ONDE UMA DAS VARIAS CAIXAS PRETAS DO TJMT FOI ABERTA.
RICO COM SUBTRACAO. | 16/10/2024 00:12:17
A fortuna desses criminosos deve ter muita subtração de bens.
paulo | 15/10/2024 23:11:12
assim se faz justiça.... VOSSA EXCELÊNCIA, DEVERIA DAR UMA OLHADA PARA NOIS, DO ASSENTAMENTO GLEBA BOA SORTE NO AGUAÇU FOMOS INJUSTIÇADOS, ESTAVAMOS NA POSSE A 20 ANOS, AREA DOADA PELA INTERMAT, E PELO DES. A FAMILIA CRUZ ENGANOU A JUIZA ADRIANA SAN
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